NOME DE POBRE NO BRASIL

quarta-feira, 23 de abril de 2014

ETIMOLOGIAS DE BUMBUM, CHASSI, ÓRBITA, OVO POCHÊ, SATÉLITE E TRANSÍSTOR

Você sabe de onde vêm as palavras BUMBUM,CHASSI, ÓRBITA, POCHÊ, SATÉLITE E TRANSÍSTOR, PRONUNCIADA TAMBÉM TRANSISTOR ("TRANSISTÔR")? A etimologia dessas palavras está na CARAS que está nas bancas esta semana. Bumbum: do hipocorístico de bunda — hypokoristikós em Grego tem o significado de suavizante, carinhoso —, do Quimbundo mbunda, quadris, nádegas, glúteos. Bunda é palavra vinda de Angola, que, chula em Portugal, no Português do Brasil veio atenuar o nome popular do Latim vulgar culum, que não é chulo em Portugal, referindo a região posterior que no gado vacum é designada alcatra. Bumbum foi aplicado primeiramente na linguagem infantil e mais tarde tornou-se usual na moda feminina para referir a parte do corpo da mulher que os franceses chamam derrière, especialmente da modelo, coberta por lingeries, biquínis, tangas. Existe um tradicional concurso de beleza feminina, no Brasil em outros países, que escolhe todos os anos a Miss Bumbum. Chassi: do Francês chassis, moldura, quadro de madeira para tela, depois designando o conjunto metálico em que é fixada a carroceria de carros, caminhões, ônibus e veículos assemelhados. A origem remota é o Francês châsse, caixão, do Latim capsa, caixa, cápsula.A presença de palavras francesas e inglesas para designar as peças constitutivas do automóvel, apesar de esse meio de transporte ter sido inventado pelo engenheiro alemão Karl Friedrich Benz (1844-1929), pelo menos o primeiro automóvel a petróleo, ainda um triciclo, deve-se a que os franceses Armand Peugeot (1849-1915), Louis Renault (1877-1944) e André Citroën (1878-1935) passaram a fabricar automóveis na Europa, enquanto o americano Henry Ford (1863-1947) fazia o mesmo, popularizando esse meio de transporte nos Estados Unidos. Órbita: do Latim orbita, trajetória de um astro ao redor de outro no orbe, do Latim orbis, mundo, para cuja designação o Grego utiliza a palavra kosmos, mundo, daí termos a palavra cosmonauta. É tendência das línguas denominarem os novos inventos a partir de palavras já existentes, sempre que possível, e a conquista espacial seguiu essa norma. Assim, surgiram: o foguete, que passou a designar o veículo, mas que originalmente designou o meio propulsor de enviá-lo ao espaço; o ônibus espacial; o satélite artificial, diferenciando-se da Lua, satélite natural da Terra; a estação orbital; a estação espacial. Os novos usos das palavras não anularam os usos anteriores, de que é exemplo a órbita dos olhos, a cavidade óssea onde eles estão instalados e se movem. Pochê: do Francês poché, frequente na culinária brasileira na designação ovo poché (pronunciado “pochê”), particípio do verbo pocher, escaldar em água quente. No caso do ovo pochê ou poché,no momento em que a água está a ponto de ferver, é mexida com uma colher até formar um redemoinho, onde, depois de quebrado,já sem a casca, o ovo é despejado dentro do recipiente. Mantido por 4 minutos, é depois disso retirado com uma escumadeira. Satélite: do Latim satellite, declinação de satelles, companheiro, guarda que estava sempre ao redor de um príncipe, para protegê-lo e atendê-lo, a mesma função que cumpre atualmente a Lua para a Terra, pois o significado mais usual hoje é o de corpo celeste que gravita em torno de outro, embora o conceito tenha sido aplicado também às cidades menores, estabelecidas ao redor de uma metrópole. No espaço sideral, os satélites eram todos naturais até o dia 4 de outubro de 1957, quando a União Soviética dá um susto no mundo ao lançar o satélite artifical Sputnik 1, esfera de pouco mais de 80 quilos, medindo cerca de 1/2 metro. O foguete que o lançou, de 71 toneladas, também entrou em órbita. O inventor do programa e do satélite foi o engenheiro russo Sergei Pavlovich Korolev (1906-1966), de quem o Ocidente só tomou conhecimento quando ele morreu. Transístor: do Inglês transistor, sendo que a pronúncia “transistôr” também é abonada nos dicionários. Designa amplificador de cristal inventado em 1948 e aperfeiçoado em 1950, que converte variações luminosas em oscilações de voltagem, popularizado em rádios, televisões, computadores etc. A origem remota é o Latim transistor, de transire, trepassar, ir além, tendo também o sentido de morrer. O transístor é uma pequeníssima partícula de germânio, ao qual estão ligados três eletrodos em uma peça que mede 25 por 8 milímetros. O invento revolucionou a eletrônica por introduzir o processo de miniaturas de aparelhos, que, antes enormes, hoje cabem numa pasta, no bolso, na palma da pão. Satélite, corpo celeste que gravita em torno de outro, veio do Latim satellite, declinação de satelles, companheiro, guarda que atende e protege um príncipe. Transístor, amplificador capaz de converter variações luminosas em oscilações de voltagem, veio do Inglês transistor. * Deonísio da Silva, da Academia Brasileira de Filologia, é escritor, doutor em Letras pela USP, professor (aposentado) da UFSCar (SP), autor contratado pela Estácio (RJ), vice-diretor da Editora da Unisul (SC) e colunista da Bandnews, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Alguns de seus romances e contos foram publicados também em Portugal, Cuba, Itália, México, Alemanha, Suécia etc., e é autor de De onde Vêm as Palavras (17ª edição). www. lexikon.com.br

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