NOME DE POBRE NO BRASIL
quarta-feira, 16 de abril de 2014
ETIMOLOGIAS DE BASÍLICA, PAU-MANDADO, CAPACHO, ENDOENÇAS, MAQUIAGEM, SIGLA,
Basílica: do Grego basiliké pelo Latim basilica, palácio onde morava o basiléus, título dado a soberanos gregos, persas, macedônios, depois aplicado ao edifício principal da Igreja em certas localidades. Na antiga Roma foi também lugar preferencial para o comércio. A Basílica de Nossa Senhora Aparecida é a segunda maior do mundo e está localizada no município de Aparecida do Norte (SP). É visitada anualmente por cerca de dez milhões de romeiros, da designação que têm os que fazem excursões religiosas a Roma, capital mundial da cristandade. A maior do mundo é a Basílica de São Pedro, em Roma, erguida sobre antiga basílica dos tempos de Constantino (271-337), por sua vez construída no mesmo lugar onde Agripina, a Jovem (15-59) e seu filho Nero (37-68) tinham edificado um circo. As obras da Basílica de São Pedro começaram no dia 18 de abril de 1506, coordenadas inicialmente pelo arquiteto italiano Donato Bramante (1444-1514), a serviço do papa Júlio II (1443-1513), que contratou também Michelângelo Buonarrotti (1475-1564). Mas elas só foram concluídas depois do reinado de outros vinte papas.
Capacho: de origem controversa, mas provavelmente do Latim vulgar capaceum, tecido felpudo, usado no inverno sob os pés para os manter quentes. Veio a designar também o arranjo de vime, taquara, madeira, arame ou tecido feito de sisal ou de outras fibras, posto à soleira da porta para limpar os pés. Por metáfora, veio a identificar também o indivíduo servil, sob jugo de poderosos inescrupulosos.
Endoenças: da expressão do Latim dies indulgenciae, dia de indulgências, do mesmo étimo de indulto, designando perdão, coisa concedida por bondade. Este substantivo existe apenas no plural e designa o conjunto de solenidades litúrgicas ou simplesmente religiosas realizadas na Quinta-Feira Santa. As indulgências podem ser parciais ou plenárias, e na Idade Média foram poderosas ferramentas da fé para arrecadar recursos, especialmente para a construção de catedrais, igrejas, mosteiros etc. Poderosos epocais que tivessem praticado muitos pecados recebiam indulto ou perdão sob certas condições, a principal delas sendo a de contribuir para as obras da Igreja. Quem desse uma parte, recebia indulgências parciais. Quem desse muito ou tudo o que o orçamento de determinada obra demandava, recebia indulgências plenárias.
Maquiagem: do Francês maquillage, de maquiller, com influência do Holandês maken, que no Inglês virou make-up, todos com o sentido de fazer algo para encobrir a realidade a ser ocultada, mas que em estética tomou o significado específico de embelezar o corpo, principalmente o rosto. Na Grécia e no Egito antigos as mulheres passavam acima dos olhos uma pasta preta, feita de carvão e cinza, e usavam amoras e tinta vermelha para reforçar o vermelho das faces e dos lábios. Água, azeite de oliva, mel de abelha, farinha de trigo e pó de arroz também serviram de ingredientes para cremes e maquiagem antes da industrialização dos cosméticos, para a qual foi decisivo o invento do perfumista francês Eugene Rimmel (1820-1887), que veio a consolidar-se com o nome de rimmel no Francês e rímel em Português.
Pau-mandado: de pau, do Latim palus, e de mandado, de mandar, do Latim mandare. Designa pessoa, em geral do sexo masculino, que cumpre qualquer ordem, por mais insensata que seja, só porque lhe mandam fazer. Tem significado pejorativo. A expressão terá nascido de antigo jogo popular em que um pedaço de pau é arremessado ao longe, podendo acertar transeunte desavisado nas proximidades. Depois aplicou-se a justiceiros que cumpriam ordens de dar uma “camaçada de paus”, uma surra, em desafetos escolhidos por quem os queria castigar, pagando pelo serviço. Mandavam dar um pau e aquele era um pau-mandado, que passou a designar quem aplicava a surra. Migrou depois para a violência verbal apenas.
Sigla: provavelmente da expressão singulae litterae, letras isoladas, criada por Marco Aurélio Probo (232-282), designando duas ou mais palavras reunidas, abreviadas apenas com a inicial de cada uma delas, com influência do Latim signum, signo, e signalis, sinal. Nos documentos, ele identificava várias coisas com as letras iniciais de palavras já conhecidas dos destinatários. Há casos óbvios de siglas, desde JHS (Jesus Humanitatis Salvator, Jesus Salvador da Humanidade), criada por São Bernardino de Sena, OAMDG (Omnia Ad majorem Dei Gloriam, Tudo para a maior glória de Deus), lema dos padres jesuítas, até ONU (Organização das Nações Unidas) e CEP (Código de Endereçamento Postal). Quando as iniciais não são das letras, mas das sílabas, como Petrobras (da qual foi retirada o acento, tornando-se paroxítona esdrúxula, quando era oxítona, Petrobrás) e Eletrobrás, não são siglas, mas siglemas.
Deonísio da Silva, da Academia Brasileira de Filologia, é escritor, doutor em Letras pela USP, professor (aposentado) da UFSCar (SP), autor contratado pela Estácio (RJ), vice-diretor da Editora da Unisul (SC) e colunista da Bandnews, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Alguns de seus romances e contos foram publicados também em Portugal, Cuba, Itália, México, Alemanha, Suécia etc., e é autor de De onde vêm as palavras (17ª edição). www.lexikon.com.br
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