NOME DE POBRE NO BRASIL

quarta-feira, 30 de abril de 2014

"VOLTA, LULA" E "LAVA-JATO".

Lemos na mídia brasileira
"Volta Lula" e "Volta, Lula", como se fossem a mesma coisa. E "lava jato" e "lava-jato", como se designassem a mesma operação. Em setembro próximo, vou fazer em Brasília uma palestra sobre a extinção do hífen. Sem hífen, teremos alguns problemas, mas muito menos do que os que hoje temos com ele, depois deste famigerado Acordo Ortográfico. Talvez tenhamos que fazer várias palestras sobre microtemas. Depois do HÍFEN, a VÍRGULA. Lula tinha pressa de assinar o Acordo Ortográfico. Uma das cláusulas dizia que só entraria em vigor depois que uma terceira nação lusófona o subscrevesse, ao lado de Portugal e do Brasil. Os portugueses jamais imaginariam que Lula caitituasse justamente São Tomé e Príncipe, a menor de todas as lusófonas, que, pela população, 193 mil habitantes, mais parece um município brasileiro médio.

terça-feira, 29 de abril de 2014

CUITELINHO: A VOLTA QUE A PALAVRA DEU

A VIAGEM DA PALAVRA CUITELINHO: O SOLDADO, O CARRASCO, A COZINHEIRA E O PASSARINHO No Latim, a faca bem afiada, de uso militar nos campos de batalha, depois muito apropriada a decapitações nas condenações à morte, migrou para o meio doméstico. Era conhecida por CULTELLUS, que deu cutelo em Português, com a variante cuitelo. Mas por que um passarinho como o beija-flor é também conhecido por cuitelo e cuitelinho, no diminutivo? Porque, segundo Antenor Nascentes, é arqueado como a lâmina da arma o bico deste doce passarinho. Paulo Vanzolini, Renato Teixeira e a dupla Pena Branca e Xavantinho são os responsáveis por esta obra-prima do Cancioneiro do Brasil. Quem conhece a norma culta, pode transgredi-la com fins estéticos, mas náo por ignorância. Conhecendo a norma culta - principalmente, Paulo Vanzolini, que era professor universitário - os compositores foram entretanto fiéis ao modo como o plural, a concordância nominal, a concordância verbal e outras regras da norma culta são feitos no interior do Brasil: "as onda se espaia" (marcação do plural apenas no artigo e a grafia de "espalha", tal como pronunciada). Parentalha vira "parentaia", para rimar com "terras paraguaia". "Fortes batáia" em vez de "fortes batalhas". "Naváia" em vez de "navalha". "Faia" em vez de "falha". "Os óio" em vez de "os olhos". E por fim "atrapáia" em vez de "atrapalha". "Cheguei na beira do porto,/ Onde as onda se espaia,! As garça dá meia volta! E senta na beira da praia! E o cuitelinho não gosta! Que o botão de rosa caia, ai, ai/ Ai quando eu vim/ Da minha terra/ Despedi da parentáia/ Eu entrei no Mato Grosso/ Dei em terras paraguaia/ Lá tinha revolução, enfrentei fortes batáia, ai, ai/ A tua saudade corta/ Como aço de naváia/ O coração fica aflito/ Bate uma, a outra faia/ E os óio se enche d'água/ Que até a vista se atrapáia, ai http://www.radio.uol.com.br/#/letras-e-musicas/renato-teixeira-e-pena-branca-e-xavantinho/cuitelinho/1737744 http://deonisio.blogspot.com.br/2014/04/cuitelinho-volta-que-palavra-deu.html

segunda-feira, 28 de abril de 2014

DIA DA SOGRA: 28 DE ABRIL.

Hoje é Dia da Sogra. No programa PITADAS DO DEONÍSIO, na Rádio Bandnews, Mariana Montini, Carlos Briggs e eu demos a etimologia de SOGRA. E fizemos comentários curiosos sobre SOGRA, que é mãe legal ou mãe jurídica (mother-in-law) no Inglês; sogra ou mulher mandona, autoritária (SUOCERA)a no Italiano; e mãe bonita ( BELLE-MÈRE), no Francês.
E nos para-choques dos caminhões, um dos provérbios mais frequentes é: FELIZ FOI ADÃO, QUE NÃO TEVE SOGRA NEM CAMINHÃO.

sábado, 26 de abril de 2014

A VIAGEM DO PAI-NOSSO: DO ARAMAICO, PELO HEBRAICO, AO GREGO E AO LATIM, PARA O PORTUGUÊS

Nós conhecemos e muitos de nós rezamos uma famosa oração, conhecida como "pai-nosso", em Português. Mas de onde veio para nós este pai-nosso? Do Latim, tal como traduzido por São Jerônimo na Vulgata. E ele pegou de onde? Dos Evangelhos, escritos em Grego por quem não ouviu a oração ser pronunciada por Jesus, que foi quem a ensinou aos discípulos. E Jesus ensinou esta oração em Aramaico, melhor dizendo, num dialeto do Aramaico, tal como falado na Galileia, onde ele o aprendera de seus pais. Então,temos que eles rezavam assim, em Aramaico, língua que hoje é denominada também Siríaco.Isto posto, temos o pai-nosso em ARAMAICo/SIRÍACO, rezado assim: Abwun d'bashmaya,/ Nitqadash shmakh,/ Tethe malkuthakh,/Nehwa tzevyanakh, aykana d'bashma/ ya, af bar'a. Hav lan lakhma d'sunqanan yomana./ U'shboq lan khaubeyn, aykana d'af khnan shboqan l-khaybeyn./ U'la te'lan l'nisyouna, ela patsan min bisha./ Metul d'dilakh hi malkutha, u-khayla, u-teshbukhta, alam l'almin./Amin. Mas no templo, o pai-nosso era rezado em HEBRAICO: "Avinu sheba'shamayim, Yitqadesh shimkha/ Tavo malkhutekha,/Ye'aseh retzonekha, ba'aretz ka'asher na'asah ba'shamayim. Ten-lanu haiyom lekhem khukeinu./ U'selach lanu et ashmateinu, ka'asher solekhim anakhnu la'asher ashemu lanu/. Ve'al-tevieinu lidei massah, ki-'im hatzileinu min-haraq/ (Ki lekha ha-mamelakha ve-hagevurah veha-tiferet, le'olemei 'olamim./ Amein". Quando os Evangelistas trouxeram esta oração para o Grego, contando que Jesus ensinou os discípulos a fazerem esta prece, eles escreveram assim em Grego: Πάτερ ἡμῶν, ὁ ἐν τοῖς οὐρανοῖς·ἁγιασθήτω τὸ ὄνομά σου,/ἐλθέτω ἡ βασιλεία σου,/ γενηθήτω τὸ θέλημά σου, ὡς ἐν οὐρανῷ καὶ ἐπὶ γῆς·/ Τὸν ἄρτον ἡμῶν τὸν ἐπιούσιον δὸς ἡμῖν σήμερον·/ Καὶ ἄφες ἡμῖν τὰ ὀφειλήματα ἡμῶν,/ὡς καὶ ἡμεῖς ἀφήκαµεν τοῖς ὀφειλέταις ἡμῶν·/ Καὶ μὴ εἰσενέγκῃς ἡμᾶς εἰς πειρασμόν, ἀλλὰ ῥῦσαι ἡμᾶς ἀπὸ τοῦ πονηροῦ·/ Ὅτι σοῦ ἐστιν ἡ βασιλεία καὶ ἡ δύναμις καὶ ἡ δόξα εἰς τοὺς αἰῶνας τῶν αἰῶνῶν, αμἡν." Se você não sabe Grego, veja a pronúncia. Fica assim: "Pater hemon ho en tois ouranois, hagiastheto tó onoma sou; eltheto he basileia sou; genetheto to thelema sou, os en ouranou, kai epi tes ges;ton árton hemon ton epiousion dos hemim semeron;kai afes hemin ta ofeilemata hemon, os kai hemeis afiemen tois ofeleitais hemon;kai me eisenenkeis hemas eis peirasmon, alla risai hemas apo tou poneron.Oti sou estin he basileia kai he dynamis kai he dokza eis tous aionas. Amén.". São Jerônimo pegou a versão em Grego e a traduziu assim: Pater noster, qui es in cælis:/ sanctificetur nomen tuum;/ adveniat regnum tuum; fiat voluntas tua sicut in cælo, et in terra./ Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;q et dimitte nobis debita nostra,q sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;/ et ne nos inducas in tentationem; sed libera nos a malo. Amen". Então,os tradutores da Bíblia, tal como ela estava no Latim, fizeram esta versão para o Português: Pai nosso que estais nos céus,/ santificado seja o Vosso nome./ Venha a nós o Vosso Reino./ Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu./ O pão nosso de cada dia nos dai hoje./ Perdoai as nossas dívidas/ assim como nós perdoamos aos nossos devedores/ E não nos deixeis cair em tentação,/ mas livrai-nos do mal. Amém". (Mais tarde, o Concílio Vaticano II, na segunda metade do século XX, autorizou a substituição de "dívidas" por "ofensas", e "devedores" por "ofensores", "a que nos tem ofendido". E foi tirada uma relação de crédito entre as pessoas, num tempo sem agências bancárias: quem tinha, emprestava a quem não tinha, que ficava devendo. Depois, as dívidas, não podendo ser pagadas, eram zeradas, de tempos em tempos, caso não tivessem sido pagas. Dava-se a esse ano de zeramento das dívidas um nome especial. PS. "Porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre", era uma frase acrescentada ou não, antes do "amen", nas várias línguas. E não procede a versão de que "Abwn", em Aramaico, ou "Avinu", em Hebraico, designavam pai-mãe. Nesta época, depois da primeira destruição do Templo de Jerusalém, os hebreus já tinham abolido o politeísmo e divorciado Jeová de Asherah, sua esposa, mãe dos מלאכים (anjos, filhos de deus, auxiliares de Jeová, mas deuses também, por isso todos com o sufixo EL no nome: Rafael, Miguel, Gabriel etc. Assim como o EL está presente no nome da cidade onde Jacó sonhou que era a morada de Deus, que descia ali por uma escada: BetEL), e mudado para שליחים (mensageiros). Mas esta é uma história mais complexa.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

BEST-SELLER: SEGREDOS E CURIOSIDADES

Paulo Coelho, com “O Alquimista”, já vendeu 60 milhões de exemplares, o dobro de “Cem anos de Solidão”, do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez, falecido na semana passada. Quantidade e qualidade são coisas quase sempre discrepantes nessas listas, mas há exceções. “Dom Quixote”, do espanhol Miguel de Cervantes, já vendeu 500 milhões de exemplares, encantando a todos com as aventuras do delirante Dom Quixote, apaixonado por Dulcineia del Toboso, que, montado no cavalo Rocinante, combate os moinhos de vento, na companhia de Sancho Pança, cuja visão prática do mundo se contrapõe aos sonhos loucos do colega de viagem. “O Conde de Monte Cristo” vendeu 300 milhões. Seu autor é o francês Alexandre Dumas, pai, que escreveu também “Os Três Mosqueteiros”, que afinal eram quatro. Cheio de peripécias inauditas, “O Conde Monte Cristo” conta a história do marinheiro Edmond Dantés. Vítima de calúnias e de um complô, ele é condenado à prisão, de onde um dia escapa. Tornando-se um homem livre, planeja e executa uma vingança espantosa, cheia de lances mirabolantes. O filho bastardo que Alexandre Dumas teve com uma costureira recebeu o mesmo nome do pai e também foi escritor. Seu livro mais conhecido é “A Dama das Camélias”, que Giuseppe Verdi transformou na ópera “La Traviata”, história da cortesã Violetta, de triste final: às portas da morte, ela oferece um retrato a um dos amantes e diz para ele entregá-lo à próxima mulher por quem se apaixonar. “Traviare” em italiano é desviar, decair, perder-se, do mesmo étimo do Latim “via”, que deu extraviado, perdido. Outros títulos mais vendidos não podem ser qualificados como romances, apesar de tramas e personagens muito semelhantes. Um deles é “O Peregrino”, do inglês John Bunyan, pastor protestante que ficou doze anos preso por pregar sem licença. Foi libertado depois de um decreto de indulgência religiosa do rei inglês Carlos I. Bunyan morreu de gripe, o rei foi executado no próprio palácio, por ordem de Oliver Cromwell, líder da guerra civil que aboliu a monarquia. Cromwell morreu de malária, mas seu cadáver foi decapitado em praça pública por ordens do rei Carlos II, filho de Carlos I. Quer dizer, no entorno havia material e personagens para outro “bestseller”, mas os leitores preferiram as peripécias do peregrino chamado Cristão, rumo a Cidade Celestial, por um caminho estreito, guiado por Evangelista. Seu companheiro de viagem é Fiel, executado na Feira das Vaidades. É substituído por Esperançoso. Esse livro já vendeu 900 milhões de exemplares. Na fixa dos 200 milhões de exemplares vendidos temos “O Pequeno Príncipe”, do francês Antoine de Saint-Éxupéry”, e “Uma história de duas cidades”, do inglês Charles Dickens. Os ingleses J. R. Tolkien e Agatha Christie escreveram livros que venderam 100 milhões. Todas as listas dos livros mais vendidos são controversas, mas a Bíblia já vendeu 6 bilhões de exemplares. (xx) º escritor e professor (aposentado) da Ufscar, autor de 34 livros, entre os quais “De onde vêm as palavras” (17ª edição) e o romance “Avante, soldados: para trás” (10ª edição).

40 ANOS DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS: FOI BONITA A FESTA, PÁ.

https://www.youtube.com/watch?v=hdvheuHhF2U Portugal está celebrando os 40 anos da Revolução dos Cravos, deflagrada no dia 25 de abril de 1974, que deixou os brasileiros muito alegres com o fim da ditadura portuguesa, antevendo o fim da nossa, que só viria na década seguinte. Chico Buarque fez música emblemática: "Tanto mar". O modelo de sociedade ainda não foi atingido: "As democracias nórdicas, que queremos ser há 40 anos, têm menos corrupção, melhor governo, são menos desiguais, têm um nível de vida médio mais elevado. Têm o pacote completo", disse Pedro Magalhães, cientista político.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

ETIMOLOGIAS DE BUMBUM, CHASSI, ÓRBITA, OVO POCHÊ, SATÉLITE E TRANSÍSTOR

Você sabe de onde vêm as palavras BUMBUM,CHASSI, ÓRBITA, POCHÊ, SATÉLITE E TRANSÍSTOR, PRONUNCIADA TAMBÉM TRANSISTOR ("TRANSISTÔR")? A etimologia dessas palavras está na CARAS que está nas bancas esta semana. Bumbum: do hipocorístico de bunda — hypokoristikós em Grego tem o significado de suavizante, carinhoso —, do Quimbundo mbunda, quadris, nádegas, glúteos. Bunda é palavra vinda de Angola, que, chula em Portugal, no Português do Brasil veio atenuar o nome popular do Latim vulgar culum, que não é chulo em Portugal, referindo a região posterior que no gado vacum é designada alcatra. Bumbum foi aplicado primeiramente na linguagem infantil e mais tarde tornou-se usual na moda feminina para referir a parte do corpo da mulher que os franceses chamam derrière, especialmente da modelo, coberta por lingeries, biquínis, tangas. Existe um tradicional concurso de beleza feminina, no Brasil em outros países, que escolhe todos os anos a Miss Bumbum. Chassi: do Francês chassis, moldura, quadro de madeira para tela, depois designando o conjunto metálico em que é fixada a carroceria de carros, caminhões, ônibus e veículos assemelhados. A origem remota é o Francês châsse, caixão, do Latim capsa, caixa, cápsula.A presença de palavras francesas e inglesas para designar as peças constitutivas do automóvel, apesar de esse meio de transporte ter sido inventado pelo engenheiro alemão Karl Friedrich Benz (1844-1929), pelo menos o primeiro automóvel a petróleo, ainda um triciclo, deve-se a que os franceses Armand Peugeot (1849-1915), Louis Renault (1877-1944) e André Citroën (1878-1935) passaram a fabricar automóveis na Europa, enquanto o americano Henry Ford (1863-1947) fazia o mesmo, popularizando esse meio de transporte nos Estados Unidos. Órbita: do Latim orbita, trajetória de um astro ao redor de outro no orbe, do Latim orbis, mundo, para cuja designação o Grego utiliza a palavra kosmos, mundo, daí termos a palavra cosmonauta. É tendência das línguas denominarem os novos inventos a partir de palavras já existentes, sempre que possível, e a conquista espacial seguiu essa norma. Assim, surgiram: o foguete, que passou a designar o veículo, mas que originalmente designou o meio propulsor de enviá-lo ao espaço; o ônibus espacial; o satélite artificial, diferenciando-se da Lua, satélite natural da Terra; a estação orbital; a estação espacial. Os novos usos das palavras não anularam os usos anteriores, de que é exemplo a órbita dos olhos, a cavidade óssea onde eles estão instalados e se movem. Pochê: do Francês poché, frequente na culinária brasileira na designação ovo poché (pronunciado “pochê”), particípio do verbo pocher, escaldar em água quente. No caso do ovo pochê ou poché,no momento em que a água está a ponto de ferver, é mexida com uma colher até formar um redemoinho, onde, depois de quebrado,já sem a casca, o ovo é despejado dentro do recipiente. Mantido por 4 minutos, é depois disso retirado com uma escumadeira. Satélite: do Latim satellite, declinação de satelles, companheiro, guarda que estava sempre ao redor de um príncipe, para protegê-lo e atendê-lo, a mesma função que cumpre atualmente a Lua para a Terra, pois o significado mais usual hoje é o de corpo celeste que gravita em torno de outro, embora o conceito tenha sido aplicado também às cidades menores, estabelecidas ao redor de uma metrópole. No espaço sideral, os satélites eram todos naturais até o dia 4 de outubro de 1957, quando a União Soviética dá um susto no mundo ao lançar o satélite artifical Sputnik 1, esfera de pouco mais de 80 quilos, medindo cerca de 1/2 metro. O foguete que o lançou, de 71 toneladas, também entrou em órbita. O inventor do programa e do satélite foi o engenheiro russo Sergei Pavlovich Korolev (1906-1966), de quem o Ocidente só tomou conhecimento quando ele morreu. Transístor: do Inglês transistor, sendo que a pronúncia “transistôr” também é abonada nos dicionários. Designa amplificador de cristal inventado em 1948 e aperfeiçoado em 1950, que converte variações luminosas em oscilações de voltagem, popularizado em rádios, televisões, computadores etc. A origem remota é o Latim transistor, de transire, trepassar, ir além, tendo também o sentido de morrer. O transístor é uma pequeníssima partícula de germânio, ao qual estão ligados três eletrodos em uma peça que mede 25 por 8 milímetros. O invento revolucionou a eletrônica por introduzir o processo de miniaturas de aparelhos, que, antes enormes, hoje cabem numa pasta, no bolso, na palma da pão. Satélite, corpo celeste que gravita em torno de outro, veio do Latim satellite, declinação de satelles, companheiro, guarda que atende e protege um príncipe. Transístor, amplificador capaz de converter variações luminosas em oscilações de voltagem, veio do Inglês transistor. * Deonísio da Silva, da Academia Brasileira de Filologia, é escritor, doutor em Letras pela USP, professor (aposentado) da UFSCar (SP), autor contratado pela Estácio (RJ), vice-diretor da Editora da Unisul (SC) e colunista da Bandnews, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Alguns de seus romances e contos foram publicados também em Portugal, Cuba, Itália, México, Alemanha, Suécia etc., e é autor de De onde Vêm as Palavras (17ª edição). www. lexikon.com.br

segunda-feira, 21 de abril de 2014

TIRADENTES, INCONFIDÊNCIA, TRAIÇÃO E MORTE

Hoje, 21 de Abril, na Rádio Bandnews explicamos a Revolução que deu errado no Brasil, já tinha dado certo nos EUA e deu certo na França, gerando maior circulação para a palavra INCONFIDÊNCIA, sinônimo de traição, cujo étimo é o Latim INCONFIDENTIA. O lema da bandeira era LIBERTAS QUAE SAERA TAMEN (sou uma das fontes de que a frase é sem sentido, pois foi copiada fora do contexto. Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_ainda_que_tardia). A frase foi tirada de uma égloga do poeta latino Virgílio, que viveu no século I a.C. Dois pastores conversam. Um pergunta para o outro: "Que motivo tão forte você teve para ir a Roma?" O outro responde: "A Liberdade que, ainda que tarde, olhou para mim, e eu nada fazia, ela teve piedade de mim". Se desse certo, a capital seria São João del Rey, hoje com 50 000 habitantes. Todos os Inconfidentes foram condenados à morte pela avó de Dom Pedro I, Dona Maria I, a Louca. O neto pouco mais de 30 anos depois proclamou a independência. Morreram dois dois inconfidentes, dentre um grupo que incluía padres, empresários e outros letrados: Tiradentes, enforcado no Rio; Cláudio Manuel da Costa, no cárcere, em Minas. Os outros foram degredados para a África. O Judas deles foi Joaquim Silvério dos Reis Leiria Grutes. Tiradentes não usava barba! Quem o retratou com barbas foram os pintores Leopoldino de Faria e Pedro Américo.(xx)

sábado, 19 de abril de 2014

O GORDO E O MAGRO ...+ UM GENERAL VAIDOSO E UM GENERAL GORDO

Deu na coluna do Carlinhos Brickmann: O gordo e o magro Comentando a nota da coluna sobre o caso do professor José Luís de Sá da Silva, que passou no concurso público em São João da Boa Vista, SP, mas não pôde tomar posse porque é gordo, o excelente colunista carioca Aziz Ahmed, do jornal O Povo, conta a seguinte história: "Quando era ministro do Exército no Governo Sarney, o empertigado e elegante general Leônidas Pires Gonçalves foi fazer inspeção num quartel do Nordeste. Lá encontrou um major baixinho e barrigudo. Vaidoso e bravateiro, o general, na frente de toda a tropa, criticou o major, chamando-lhe a atenção por ser gordo. O major prestou continência, pediu licença e deu umas dez cambalhotas, uns 20 saltos mortais, fez acrobacias que revelavam excelente forma física e incrível mobilidade. Terminada a exibição, prestou continência novamente e sugeriu: "Excelência, agora é o senhor".

MULHER QUANDO MENTE, ENGANA ATÉ DEUS...

MULHER QUANDO MENTE, ENGANA ATÉ DEUS... ( de uma lenda de São Joaquim da Barra, a Macondo brasileira, levemente modificada). A mulher ia à casa da vizinha com uma garrafa de vinho de Miolo Seleção. Era pobre, mãe de 14 filhos, e não podia comprar outro melhorzinho. Ao atravessar uma pinguela (pequena ponte), a garrafa caiu no rio e ela gritou: "Meu Deus, me traga essa garrafa de volta, vou chegar à festa sem nada!". Deus atende às mães. Apareceu em pessoa, meteu a mão no riozinho e trouxe de lá uma garrafa de vinho Petrus. "É este o seu vinho?" "Não, querido Deus, este quem toma é o FHC". O Senhor meteu a mão no riozinho de novo e trouxe de lá um Romanée Conti. "É este?" "Não, querido Deus, este é o Maluf quem toma". Deus meteu a mão na água e voltou de lá com uma garrafa de Miolo Seleção. "Este?". "Este mesmo, querido Deus". Deus quis recompensar a boa senhora e disse: "fique com as três garrafas". Na volta, passando, passando na mesma pinguela (pequena ponte), agora na companhia do marido, bêbado, como sempre, este caiu na água e ela gritou: "Meu Deus, salva o meu homem". Deus apareceu de novo, sempre atende as mulheres, e tirou das águas o Brad Pitt. "É este?". " É, Senhor, muito obrigado!". "Sua mentirosa. Seu marido não é o Brad Pitt, por acaso você se chama Angelina Jolie?". "Não sou mentirosa, querido Deus, é que se eu dissesse que não, o senhor meteria a mão na água de novo e traria lá do fundo o Johnny Depp, eu diria que não, o senhor traria o meu marido na terceira vez e diria que eu ficasse com os três. Daí eu me tornaria, mais que bígama, trígama, e eu sou uma mulher virtuosa, quero viver com um marido só". Deus aceitou o argumento daquela senhora cumpridora da lei dele. Moral da história: mulher quando mente, engana até Deus!

sexta-feira, 18 de abril de 2014

SEMANA SANTA: CURIOSIDADES QUE DURAM DOIS MILÊNIOS

Semana Santa! Belezas trágicas estão presentes nesse curto período, mas também muita confusão. A maioria do que as pessoas sabem, dizem e sentem sobre a Semana Santa não procede do que leram, mas do que viram e ouviram, uma vez que a forma de transmitir esses ensinamentos privilegiou durante milênios ouvir e ver. A Bíblia foi proibida por 16 séculos! Apenas depois de Martinho Lutero (século XV) é que sua leitura é popularizada, graças a nova tecnologia: a invenção da imprensa por Gutenberg. Mas nem todas as traduções foram feitas do original ou foram fiéis ao original. Diante de povos pouco instruídos, a Igreja católica usou a escultura, a pintura, o teatro e a música para transmitir os ensinamentos. Os maiores exemplos disso foram o Barroco e o Renascimento.
A primeira Semana Santa teve lugar no século I. Começou num domingo (Domingo de Ramos), que a esse tempo é chamado “Dies Solis” (Dia do Sol). O último jantar (ceia) tornou-se A Última Ceia, na quinta-feira. Não sabemos se Jesus comeu alguma coisa antes de ser crucificado no dia seguinte. Na cruz, é dito que ele teve sede, mas não se diz que teve fome! A última ceia tornou-se mais conhecida pelo famoso quadro de Leonardo Da Vinci do que pelo que dela dizem os Evangelhos! Os nomes de várias pessoas tornaram-se substantivos comuns e passaram a significar outras coisas, ligadas à história e às narrativas lendárias dos supostos acontecimentos, como judas (traidor), madalena (arrependida), herodes (infanticida); verônica (toalha com a imagem ensanguentada de Jesus, ainda hoje guardada como relíquia na Basílica de São Pedro, em Roma) etc. Alguns desses nomes foram parar em expressões: “de herodes a pilatos” (de um lugar a outro, de uma pessoa a outra, sem que a decisão seja tomada); “como Pilatos no credo” (não deveria estar onde está); “onde judas perdeu as botas” (lugar distante); “dar uma de são-tomé” (só acreditar depois de ver, como fez o apóstolo).
Judas passou a designar o traidor. E depois do beijo dele até esse gesto carinhoso ganhou outro significado. Os primeiros evangelhos foram escritos em Grego, a língua dos cultos, dos comerciantes, dos endinheirados, não no rude Latim de soldados, camponeses e criadores de ovelhas e cabras. Seus autores queriam conquistar primeiramente as pessoas influentes, depois a plebe. Para que o cristianismo se tornasse a religião oficial do Império Romano, foram escolhidos e adaptados quatro dentre as centenas de evangelhos em circulação. Aliás, Pilatos entra no Credo, para absolver os romanos e fazer recair a morte de Jesus, um assassinato de Estado, nas costas dos judeus, inimigos de Roma. Nem sempre Judas é designado traidor. Em alguma das versões é usada a palavra grega “paradidimós”, desistente. Depois de 2006, quando foi encontrado o Evangelho de Judas, em que o suicida conta a sua versão dos trágicos eventos, seu perfil mudou muito. Em resumo, faz dois milênios que estudamos a Semana Santa e ainda há mais a pesquisar. (xx).

quarta-feira, 16 de abril de 2014

ETIMOLOGIAS DE BASÍLICA, PAU-MANDADO, CAPACHO, ENDOENÇAS, MAQUIAGEM, SIGLA,

Basílica: do Grego basiliké pelo Latim basilica, palácio onde morava o basiléus, título dado a soberanos gregos, persas, macedônios, depois aplicado ao edifício principal da Igreja em certas localidades. Na antiga Roma foi também lugar preferencial para o comércio. A Basílica de Nossa Senhora Aparecida é a segunda maior do mundo e está localizada no município de Aparecida do Norte (SP). É visitada anualmente por cerca de dez milhões de romeiros, da designação que têm os que fazem excursões religiosas a Roma, capital mundial da cristandade. A maior do mundo é a Basílica de São Pedro, em Roma, erguida sobre antiga basílica dos tempos de Constantino (271-337), por sua vez construída no mesmo lugar onde Agripina, a Jovem (15-59) e seu filho Nero (37-68) tinham edificado um circo. As obras da Basílica de São Pedro começaram no dia 18 de abril de 1506, coordenadas inicialmente pelo arquiteto italiano Donato Bramante (1444-1514), a serviço do papa Júlio II (1443-1513), que contratou também Michelângelo Buonarrotti (1475-1564). Mas elas só foram concluídas depois do reinado de outros vinte papas. Capacho: de origem controversa, mas provavelmente do Latim vulgar capaceum, tecido felpudo, usado no inverno sob os pés para os manter quentes. Veio a designar também o arranjo de vime, taquara, madeira, arame ou tecido feito de sisal ou de outras fibras, posto à soleira da porta para limpar os pés. Por metáfora, veio a identificar também o indivíduo servil, sob jugo de poderosos inescrupulosos. Endoenças: da expressão do Latim dies indulgenciae, dia de indulgências, do mesmo étimo de indulto, designando perdão, coisa concedida por bondade. Este substantivo existe apenas no plural e designa o conjunto de solenidades litúrgicas ou simplesmente religiosas realizadas na Quinta-Feira Santa. As indulgências podem ser parciais ou plenárias, e na Idade Média foram poderosas ferramentas da fé para arrecadar recursos, especialmente para a construção de catedrais, igrejas, mosteiros etc. Poderosos epocais que tivessem praticado muitos pecados recebiam indulto ou perdão sob certas condições, a principal delas sendo a de contribuir para as obras da Igreja. Quem desse uma parte, recebia indulgências parciais. Quem desse muito ou tudo o que o orçamento de determinada obra demandava, recebia indulgências plenárias. Maquiagem: do Francês maquillage, de maquiller, com influência do Holandês maken, que no Inglês virou make-up, todos com o sentido de fazer algo para encobrir a realidade a ser ocultada, mas que em estética tomou o significado específico de embelezar o corpo, principalmente o rosto. Na Grécia e no Egito antigos as mulheres passavam acima dos olhos uma pasta preta, feita de carvão e cinza, e usavam amoras e tinta vermelha para reforçar o vermelho das faces e dos lábios. Água, azeite de oliva, mel de abelha, farinha de trigo e pó de arroz também serviram de ingredientes para cremes e maquiagem antes da industrialização dos cosméticos, para a qual foi decisivo o invento do perfumista francês Eugene Rimmel (1820-1887), que veio a consolidar-se com o nome de rimmel no Francês e rímel em Português. Pau-mandado: de pau, do Latim palus, e de mandado, de mandar, do Latim mandare. Designa pessoa, em geral do sexo masculino, que cumpre qualquer ordem, por mais insensata que seja, só porque lhe mandam fazer. Tem significado pejorativo. A expressão terá nascido de antigo jogo popular em que um pedaço de pau é arremessado ao longe, podendo acertar transeunte desavisado nas proximidades. Depois aplicou-se a justiceiros que cumpriam ordens de dar uma “camaçada de paus”, uma surra, em desafetos escolhidos por quem os queria castigar, pagando pelo serviço. Mandavam dar um pau e aquele era um pau-mandado, que passou a designar quem aplicava a surra. Migrou depois para a violência verbal apenas. Sigla: provavelmente da expressão singulae litterae, letras isoladas, criada por Marco Aurélio Probo (232-282), designando duas ou mais palavras reunidas, abreviadas apenas com a inicial de cada uma delas, com influência do Latim signum, signo, e signalis, sinal. Nos documentos, ele identificava várias coisas com as letras iniciais de palavras já conhecidas dos destinatários. Há casos óbvios de siglas, desde JHS (Jesus Humanitatis Salvator, Jesus Salvador da Humanidade), criada por São Bernardino de Sena, OAMDG (Omnia Ad majorem Dei Gloriam, Tudo para a maior glória de Deus), lema dos padres jesuítas, até ONU (Organização das Nações Unidas) e CEP (Código de Endereçamento Postal). Quando as iniciais não são das letras, mas das sílabas, como Petrobras (da qual foi retirada o acento, tornando-se paroxítona esdrúxula, quando era oxítona, Petrobrás) e Eletrobrás, não são siglas, mas siglemas. Deonísio da Silva, da Academia Brasileira de Filologia, é escritor, doutor em Letras pela USP, professor (aposentado) da UFSCar (SP), autor contratado pela Estácio (RJ), vice-diretor da Editora da Unisul (SC) e colunista da Bandnews, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Alguns de seus romances e contos foram publicados também em Portugal, Cuba, Itália, México, Alemanha, Suécia etc., e é autor de De onde vêm as palavras (17ª edição). www.lexikon.com.br

sexta-feira, 11 de abril de 2014

LÉ COM CRÉ, COM TODOS OS EFES E ERRES

Quem já não ouviu ou leu essas expressões do título? Nossa amada língua portuguesa tem modos curiosos de expressar o que sentimos, pensamos, dizemos, ocultamos etc. Na busca do berço em que nasceram e do contexto em que se formaram tais expressões, às vezes a viagem é longa e demanda saberes de outros campos. “LÉ COM LÉ, CRÉ COM CRÉ” abrevia uma série de palavras, remontando a antiga oposição entre clérigos e leigos, segundo uma das explicações, que talvez não seja a mais correta, dando conta de recomendação para clérigos e leigos não se misturarem. De tal explicação discorda João Ribeiro, filólogo e professor do Colégio Pedro II, homem de vasta cultura, falecido em 1934, aos 74 anos. Em seu livro “Frases Feitas: estudo conjetural de locuções, ditados e provérbios”, diz ele que a origem mais provável é a recomendação de que os casais fossem formados pelo afeto mútuo, pela vontade e pelo querer. Na forma tão portuguesa de encurtar a pronúncia das palavras, “querer com querer” virou primeiramente “qu’rer com qu’rer”, depois “crer com crer”, passando a “crê com crê”, mas com a pronúncia já aberta por força da outra expressão, “clérigo com clérigo”, resultando em “cré com cré”. É óbvio que a pessoa case com quem queira? Hoje é. Mas nem sempre foi assim. E o Estado português, formado em guerras travadas em seu próprio território e alicerçado na união com a Igreja, exigia que os nubentes fossem da mesma religião: CRÉ COM CRÉ. E surge nova explicação para o “é” (aberto) de CREDO e não o “ê” fechado de “CRER”, a menos que nos primeiros séculos “crêr” fosse pronunciado “crér”, o que é improvável. Misturando-se Estado e Igreja, vinha a determinação de que os noivos fossem da mesma lei, pois em Portugal vigiam três delas quando os casamentos foram disciplinados: a lei de Deus ou de Jesus Cristo; a lei de Mafoma ou Maomé; a lei cansada ou velha, de Moisés, correspondendo a três regimes jurídicos diferenciados para cristãos, mouros e judeus. As Ordenações Afonsinas, aliás, determinam isso claramente: “Nenhum cristão tenha ajuntamento com nenhuma Moura ou Judia, nem alguma cristã com Judeu ou Mouro por serem gente de LEIS DESVAIRADAS”. Já “COM TODOS OS FF (EFES) E RR (ERRES) designa uma crítica a quem, entre os séculos XIII e XVI, recorria aos pandectas, compilações jurídicas eruditas, identificadas nos manuscritos antigos por símbolos gregos que pareciam efes dobrados. Os mais pernósticos dobravam erres onde não eram necessários, como no começo das palavras, escrevendo: “rraposa, rrazão, rreceber” etc. O metro e a rima comparecem para facilitar a memorização. E é preciso ter muito cuidado porque “detrás da cruz está o diabo”, “pela saia do vigário sobe o diabo ao campanário”. Em Inglês: “Where God has his church, te devil will have his chapel” (Onde Deus tem sua igreja, o diabo terá sua capela). O professor que citou a “pensadora” Valesca Popozuda numa prova, poderia recorrer a João Ribeiro, que não é bundão como os dois. (xx)

segunda-feira, 7 de abril de 2014

MULHER VINGATIVA, FILHA BASTARDA E MARIDO QUE SE ACHA SABIDO

Pense numa mulher vingativa! A filha faz 21 anos e o pai está todo feliz por emitir o último cheque da pensão que é paga à ex-mulher, há 20 anos e 11 meses. Pede para a filha levar o cheque e retornar rapidinho, para contar-lhe como ficou a cara da BABACA da mãe dela, ao dizer-lhe que este é o último cheque que ela verá da parte dele. A filha entrega o cheque à mãe, ouve o que ela diz e volta para a casa do pai, para dar-lhe a tão esperada resposta. - Diga-me, filha, qual foi a reação da BABACA da sua mãe! - Ela mandou dizer que você não é o meu pai!

domingo, 6 de abril de 2014

ELETROBRÁS E "PETRÔBRAS"

Você diz "Petrobras"? Não! Você diz "Petrobrás". Você diz "Eletrobras"? Não, você diz "Eletrobrás", como está escrito. Tiraram o acento de "Petrobrás". Como está escrito, é "Petrôbras". Petrobrás é sigla? Não! Nenhuma das letras designa coisa alguma em Petrobrás, palavra formada das duas primeiras sílabas de "petróleo" e da primeira de "brasileiro". Quando as três sílabas foram juntadas, formou-se uma terceira palavra, oxítona, cuja pronúncia sempre foi e ainda é "Petrobrás". Roubar a Petrobrás, patrimônio nacional, é crime. Mutilar a língua portuguesa é pior ainda: é crime de lesa-língua! A língua portuguesa também é patrimônio nacional.

sábado, 5 de abril de 2014

ELE MORREU MESMO? MÍDIA DEU TRÊS IDADES DIFERENTES PARA JOSÉ WILKER

QUAL A IDADE DE ZECA DIABO?
A mídia desaprendeu de informar. ESTADÃO: "Ator, diretor, crítico de cinema, José Wilker morreu hoje, no Rio, aos 69 anos". VEJA: "Morre, aos 69 anos, o ator José Wilker". "G1-Globo.com: "Ator José Wilker morre aos 66 anos". ZERO HORA: "José Wilker morreu aos 67 anos."
Nossas homenagens a José Wilker. Uma hora dessas ele estará junto a Dias Gomes, autor do personagem solar que foi "Roque Santeiro",da peça e telenovela homônimas, proibida nos anos pós-64 com outro título, "O Santo Inquérito". E entre os túmulos da ABL de Letras, o de Dias Gomes está de frente ao de Roberto Campos, cuja entrada para a Academia, justamente na vaga de DG, a catarinense Bernadeth Lyzio, viúva de Dias Gomes e mãe da escritora Mayra Dias Gomes, quis impedir porque iria ocupar, como de fato ocupou, a vaga do marido. https://www.youtube.com/watch?v=F6pfK1ok9vk

sexta-feira, 4 de abril de 2014

ZÉ DE ANCHIETA, O SANTO DA VEZ

"Era chegado o momento da execução do último francês. Para a sua desgraça, seu suplício foi aumentado por causa da incompetência do carrasco Joselito, que deu uma laçada muito malfeita. O homem se debatia pendurado pelo pescoço, sem morrer. Para dar breve fim a essa aflição, Padre Anchieta deu uma bronca no carrasco, para que fizesse direito seu trabalho. O laço foi então refeito do modo correto, e o francês finalmente morreu, tendo abreviado os seus tormentos." - See more at: http://ocatequista.com.br/archives/12684#sthash.APaT1SEL.dpuf) Depois do café, na casa onde ele mora, na serra, nos arredores de Petrópolis, Leonardo Boff me convidou a deflagrarmos uma campanha para canonizar o profeta Gentileza. Eu todo animado com a minha santinha, estou escrevendo sobre a catarinense Albertina Berkenbrock, já beatificada e prestes a ser canonizada, e o Boff chamando atenção para outro santo. “Ele ainda não fez nenhum milagre”, ponderei. “Ah, milagre”, me disse o meu conterrâneo, catarinense de Concórdia, “milagre a gente inventa”. E agora o Papa Francisco resolveu canonizar o padre José de Anchieta, que estava na fila da subida aos altares há vários séculos! Não que ele quisesse ser o que sempre foi, santo, mas é que o complexo e por vezes caviloso processo de canonização é transformado em combate contra as forças patrocinadoras de certos candidatos.
Uma campanha de canonização custa caro! Mas, além dos custos orçamentários, alguma coisa a mais houve intramuros na Santa Sé para a canonização de Anchieta ser prorrogada para o dia seguinte. Todavia esse Papa é da ponta daquele mastro onde fica a cesta da gávea e onde estava o anônimo marinheiro que descobriu o Brasil! Viram a volta que dei para não dizer um palavrão? Mocinhas cariocas, quando admiradas de alguma coisa ou pessoa, ou apenas irritadas, dizem “caraca!” Francisco, conquanto argentino, é admirado e corajoso paca! Paca e carraca são eufemismos, modos de designar a mesma coisa. José de Anchieta foi canonizado por decreto! Tinha que ser um jesuíta para ter um atrevimento desses e proceder como Getúlio Vargas. Negociava com o Congresso ou baixava um decreto. Assim foi criada a “Petrobrás”, que semana passada entrou para a berlinda da corrupção e perdeu o assunto por ser sigla, mas não é! Resume “petróleo” e de “brasileiro”.
E o profeta Gentileza? José Datrino, este o nome dele, era paulista de Cafelândia, onde nasceu em 1917. Tinha 11 irmãos, a família era pobre e ele ganhava a vida de carroça, vendendo lenha. Sabia como poucos amansar burros e com métodos semelhantes se disse mais tarde “amansador de burros da cidade que não tinham esclarecimento”.
Ele criou o lema “gentileza gera gentileza”, daí seu apelido. Era proprietário de vários caminhões quando um incêndio destruiu um circo em Niterói, em 17 de dezembro de 1961, matando mais de 500 pessoas. O bandido Dequinha, demitido dias antes, confessou o crime. Destacaram-se no atendimento às vítimas um jovem médico chamado Ivo Pitanguy e José Datrino que, depois disso, vendeu tudo o que tinha e saiu às ruas pregando gentileza. Ainda hoje suas frases podem ser lidas em pilastras da Avenida Brasil, no Rio. Homenageado em canções, o profeta Gentileza foi também personagem da telenovela “Caminho das Índias”, de 2009, representado pelo ator gaúcho Paulo José (Gómez de Sousa). Estão na fila das canonizações: Gentileza, o padre Teixeira, que é nome de rua em São Carlos, e Albertina Boeing Berkenbrock.(xx). • Da Academia Brasileira de Filologia, escritor e professor, autor de 34 livros publicados, vários deles traduzidos e premiados.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

AGORA, SIM: ANCHIETA FOI CANONIZADO NESTA 5A FEIRA, 3 DE ABRIL

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,papa-assina-decreto-que-canoniza-o-padre-jose-de-anchieta,1148658,0.htm

ENEM 2013: MAIS DE 5.000.000 DE REDAÇÕES. 481 ALUNOS TIRARAM 10!

MAIS DE 5.000.000 DE REDAÇÕES. 481 ALUNOS TIRARAM 10!MAIS DE 2,5 MILHÕES DELES TIRARAM NOTA 5,0 OU ABAIXO DE 5,0. CONCLUSÃO: NOSSOS ALUNOS NÃO SABEM ESCREVER. MAS JÁ FAZ MAIS DE VINTE ANOS QUE AQUELES QUE DEFENDEM A "NOVILÍNGUA" E "NOIS PEGA O PEIXE" ESTÃO ENSINANDO PELO MÉTODO CERTO. DEIXARAM DE LADO O MÉTODO ERRADO, POR VELHO, QUE INCLUÍA LER TEXTOS DE QUEM DEMONSTROU SABER ESCREVER (ROMANCISTAS, CONTISTAS, CRONISTAS, POETAS, ENSAÍSTAS ETC.), ESTUDAR A GRAMÁTICA DA NORMA CULTA E FAZER VÁRIAS REDAÇÕES POR SEMANA, CORRIGIDAS PELOS PROFESSORES UMA A UMA! MAS CORRIGIDAS POR PROFESSORES QUE LEEM, SABEM ESCREVER E POR ISSO SABEM ENSINAR.
Da Folha de S. Paulo, hoje: "Dados do MEC mostram que a maioria dos candidatos obteve notas nas faixas de 501 a 600 pontos (27,9%) e 401 a 500 (24,9%). Apenas 0,9% dos estudantes receberam nota acima de 900. A pontuação máxima (1.000) foi obtida por 481 candidatos."

quarta-feira, 2 de abril de 2014

ETIMOLOGIA DE ALFABETO, CONTÊINER, DEVAGAR, PELOTA, QUENGA, XINGAR

Quenga é a mulher sem juízo, que se tornou prostituta porque a cabeça é vazia, como a metade de um coco (KENA). E o alfabeto inventado fenícios (libaneses, hoje) tinha letras que representavam animais, instrumentos e coisas concretas.
Alfabeto: do Grego alphábetos pelo Latim alphabetum. Essas denominações derivam das duas primeiras letras do alfabeto grego, alfa e beta. No Português, a designação refere três e às vezes quatro letras, como se comprova em abecê e abecedário. Entre os primeiros alfabetos do mundo estão o ugarítico (séc. XV a.C.), o fenício (séc. XIII a.C.), o etrusco (séc. VIII a.C.) e o hebraico (séc. XIII a.C.). Os fenícios, hábeis navegadores e comerciantes, deram origem aos alfabetos grego (séc. X a.C.), latino (séc. VII a.C.) e árabe (séc. IV a.C.). O alfabeto cirílico é um dos mais tardios, tendo surgido no século IX d.C. As letras do alfabeto não saíram do nada. Nosso abecedê, por exemplo, procede das letras alfa, beta, gama e delta, vindas de hieroglifos que representavam o boi, a casa, o bumerangue e a porta. E prossegue com alusões ao ato de contemplar (E, do HE fenício), a um gancho ou suporte (o F), a uma cerca ou corda trançada (o H), à mão ( o I ou J), à palma da mão (o K), ao cajado (o L), à água (o M, originalmente representando as ondas do mar), à serpente (o N), ao olho (o O), à boca ( o P), ao nó (o Q), à cabeça ( o R; RECH em fenício), ao dente ( o S, vindo do CHIN fenício), à marca (o T), ao peixe (o X) , e à foice ( o Z). O alfabeto grego acrescentou outras letras, como o Teta, vindo do hieroglifo que representava o Sol, cujo correspondente na escrita semítica era TETH, e o Ômega, representado por um “U” em forma de ferradura.
Contêiner: do Inglês container, que contém, do Inglês medieval conteinen, radicado no Latim continere, conter, na verdade com o significado de cum tenere, com ter. O ancestral comum é “ten” uma raiz indoeuropeia com o significado de ocupar, pegar, reter. Designa grande recipiente de metal ou de madeira, usado no transporte de cargas em trens e em navios, capaz de acomodar muitas mercadorias ali dentro, pois o contêiner é sempre de grandes proporções. Foi inventado pelo americano Malcolm Mc Lean (1914-2001), quando ele tinha pouco mais de vinte anos. Durante décadas, ele operou seus contêineres apenas dentro dos EUA, mas na década de 60 chegou a Rotterdam, já o maior porto do mundo, levando ao desemprego milhares de estivadores, pois dali por diante apenas 208 pessoas substituíram cerca de cinco mil trabalhadores. Devagar: do Latim vagare, vagar, ir de um lugar a outro,s em direção definida, sem objetivo algum, portanto sem pressa, antecedido da preposição “de”, que pode indicar modo, como em “de chapéu”, “de botas”, de “casaco”, “de sapatos” etc. Está presente em expressões como “devagar, quase parando”, referindo lentidão exagerada, e “devagar com o andor que o santo é de barro”, às vezes utilizada só com a primeira frase. Quanto a esta última, sua origem é um padre gordo que, incapaz de acompanhar uma procissão que carregava o santo padroeiro de sua paróquia, apelou àqueles que levavam a imagem nos ombros que fossem mais devagar, usando como argumento que o santo, não sendo de pau, sendo de barro, se caísse, viraria em pedaços. Pelota: do Latim vulgar pilota, vindo de pila, bola, globo, coisa arredondada, talvez com influência de pilus, pêlo, crina, porque durante muito tempo as bolas foram preenchidas com crina ou pelos, e, como o couro nem sempre fosse curtido, havia pelos também do lado externo da bola. Designando a bola de futebol, chegou ao Brasil pelos países de língua espanhola vizinhos do Brasil, como a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, onde foi chamada assim pela distância em que ficam os narradores de futebol nas cabines de rádio e de televisão, aos quais a bola parece menor do que é. Em outros esportes, como o basquete e o vôlei, a bola não é chamada de pelota. Nem mesmo no tênis em que a bola, por ser bem pequena, se parece mais a uma pelota. Quenga: do Quimbundo kena, metade de um coco, depois vasilha feita com essa metade de coco, depois seu conteúdo, a seguir um guisado de galinha com quiabo, para o qual a vasilha, que manteve a denominação, mas já podia ser um tacho, servindo de recipiente e por fim a prostituta, por ter a cabeça vazia como a metade do coco ou por servir de comida a quem a procurasse, ou por oferecer-se assim aos homens, com o fim de obter seu sustento oferecendo um ventre vazio, que não daria prole aos homens com os quais coabitasse. Foi assim que quenga se tornou sinônimo de meretriz, cuja origem é a raiz indo-europeia “mer”, que significa atrair. Outros sinônimos: bandida, bisca, biscate, bruaca, bucho, cadela, égua, frete, loba, marafa, marafaia, marafona, mariposa, menina, messalina, michê, perua, piranha, pistoleira, rameira, rapariga, tronga, vadia, ventena, zoina, sem contar mulher da rua, mulher da vida, mulher da zona, mulher do pala aberto, mulher errada, mulher perdida, mulher pública. Xingar: do Quimbundo xinga, insulta, ofender, dizer obscenidades, em domínio conexo com o Quicongo sinka, rosnar. Xingar foi um progresso rumo à civilização, pois que seu sinônimo, insultar, do Latim insultare, designou originalmente o ato de saltar sobre o outro para matá-lo ou machucá-lo. Também a lei do olho por olho, dente por dente, representou um avanço em relação ao homicídio. Entretanto, se for aplicada à risca, todos ficarão caolhos, cegos e desdentados. Deonísio da Silva, da Academia Brasileira de Filologia, é escritor, Doutor em Letras pela USP, professor (aposentado) da UFSCar (SP), consultor das universidades Estácio (RJ) e Unisul (SC) e colunista da Bandnews, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Alguns de seus romances e contos estão publicados também em Portugal, Cuba, Itália, México, Alemanha, Suécia etc., e é autor de De onde vêm as palavras (17ª edição). www.lexikon.com.br

terça-feira, 1 de abril de 2014

ETIMOLOGIA DE ENCRENCA

E N C R E N C A: de origem obscura, provavelmente do espanhol enclenque, provavelmente com raízes no alto alemão slink , esquerdo, e ao latim vulgar clináre, inclinar. O lado esquerdo designando dificuldades está presente também em sinistro, mau presságio, desastre. Ligou-se também à forma arcaica encreo, designando o herege, em geral o judeu, perseguido duramente pela Inquisição. Ser encreo, atualmente grafado incréu, era meter-se em sérias dificuldades, daí o significado que a palavra tomou.
O escritor e humorista Jô Soares descobriu outra explicação para a origem do vocábulo. Estaria numa frase pronunciada por prostitutas alemãs que atuavam na antiga zona de meretrício do Rio de Janeiro no começo deste século. Ich habe ein kranke, elas diziam, furtando-se a programas com homens que não as pagariam pelos serviços sexuais prestados. Em desjeitoso alemão, variante de Ich bin kranke (eu estou doente), a frase significaria literalmente “eu tenho uma doença”. Os clientes conformavam-se: meter-se com elas traria complicações, numa palavra, era encrenca na certa. Silveira Bueno, apoiado em Joan Corominas, dá outra explicação. Encrenca sucedeu enclenca, do espanhol enclenque, muito fraco, enfermo. Há indícios de que esta seja a hipótese mais provável, pois o occitano tem clenc, doente, e o provençal tem cranc, coxo, impotente, decrépito, e encrancat, aborrecido, com dor nas costas. Poderia ter havido cruzamento entre o genitivo do latim cancer, cancri, câncer, caranguejo, por causa do andar vacilante.