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sexta-feira, 25 de abril de 2014

BEST-SELLER: SEGREDOS E CURIOSIDADES

Paulo Coelho, com “O Alquimista”, já vendeu 60 milhões de exemplares, o dobro de “Cem anos de Solidão”, do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez, falecido na semana passada. Quantidade e qualidade são coisas quase sempre discrepantes nessas listas, mas há exceções. “Dom Quixote”, do espanhol Miguel de Cervantes, já vendeu 500 milhões de exemplares, encantando a todos com as aventuras do delirante Dom Quixote, apaixonado por Dulcineia del Toboso, que, montado no cavalo Rocinante, combate os moinhos de vento, na companhia de Sancho Pança, cuja visão prática do mundo se contrapõe aos sonhos loucos do colega de viagem. “O Conde de Monte Cristo” vendeu 300 milhões. Seu autor é o francês Alexandre Dumas, pai, que escreveu também “Os Três Mosqueteiros”, que afinal eram quatro. Cheio de peripécias inauditas, “O Conde Monte Cristo” conta a história do marinheiro Edmond Dantés. Vítima de calúnias e de um complô, ele é condenado à prisão, de onde um dia escapa. Tornando-se um homem livre, planeja e executa uma vingança espantosa, cheia de lances mirabolantes. O filho bastardo que Alexandre Dumas teve com uma costureira recebeu o mesmo nome do pai e também foi escritor. Seu livro mais conhecido é “A Dama das Camélias”, que Giuseppe Verdi transformou na ópera “La Traviata”, história da cortesã Violetta, de triste final: às portas da morte, ela oferece um retrato a um dos amantes e diz para ele entregá-lo à próxima mulher por quem se apaixonar. “Traviare” em italiano é desviar, decair, perder-se, do mesmo étimo do Latim “via”, que deu extraviado, perdido. Outros títulos mais vendidos não podem ser qualificados como romances, apesar de tramas e personagens muito semelhantes. Um deles é “O Peregrino”, do inglês John Bunyan, pastor protestante que ficou doze anos preso por pregar sem licença. Foi libertado depois de um decreto de indulgência religiosa do rei inglês Carlos I. Bunyan morreu de gripe, o rei foi executado no próprio palácio, por ordem de Oliver Cromwell, líder da guerra civil que aboliu a monarquia. Cromwell morreu de malária, mas seu cadáver foi decapitado em praça pública por ordens do rei Carlos II, filho de Carlos I. Quer dizer, no entorno havia material e personagens para outro “bestseller”, mas os leitores preferiram as peripécias do peregrino chamado Cristão, rumo a Cidade Celestial, por um caminho estreito, guiado por Evangelista. Seu companheiro de viagem é Fiel, executado na Feira das Vaidades. É substituído por Esperançoso. Esse livro já vendeu 900 milhões de exemplares. Na fixa dos 200 milhões de exemplares vendidos temos “O Pequeno Príncipe”, do francês Antoine de Saint-Éxupéry”, e “Uma história de duas cidades”, do inglês Charles Dickens. Os ingleses J. R. Tolkien e Agatha Christie escreveram livros que venderam 100 milhões. Todas as listas dos livros mais vendidos são controversas, mas a Bíblia já vendeu 6 bilhões de exemplares. (xx) º escritor e professor (aposentado) da Ufscar, autor de 34 livros, entre os quais “De onde vêm as palavras” (17ª edição) e o romance “Avante, soldados: para trás” (10ª edição).

3 comentários:

  1. Os livros chegam ao topo do mundo, como determinadas pessoas e coisas também chegam, em diversos contextos, sem que possamos entender como chegaram, e até explicar o caso de muitos que nem caminharam. O Alquimista e Cia... da mesma lavra, são os casos mais difíceis de serem explicados.

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  2. Delicioso texto! A discrepância entre O Alquimista e Cem Anos de Solidão é um espanto.

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  3. alvaro justta júnior25 de abril de 2014 às 17:53

    o alquimista, calcado nas 1001 noites, é uma historia contada de jeito simples e que encanta e motivo. Cem Anos tem um tempero mais forte, nao eh do gosto de todos.

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