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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

AGÊNCIA EFE ATUALIZA: 22 PAPAS RENUNCIARAM!

Pessoal, meu negócio é escrever. E ensinar a escrever! E ler, que é o que gosto mais de fazer! Ler com atenção em cada palavra, ainda mais em se tratando de um documento desta importância. Há um erro na declaração em Latim. Quem digitou, escreveu que ele vai deixar o Papado, "die 28 februarii MMXIII, hora 29". Não existe esta hora em Latim, só no Itaú 30 horas. Hora 29? Na pressa, alguém digitou o número 9, que está ao lado do 0, em todos os teclados. Mas por que a pressa? E por que não houve revisão do texto? Mistérios...Detalhes. Não devemos dar atenção a detalhes? Não quero ser pernóstico, mas o Papa não renunciou, como todos estão dizendo em manchetes. Ele anunciou que vai renunciar, com precisão germânica: às 20h do dia 28 de fevereiro. De resto, muitos outros erros e imprecisões. Afinal, seis papas renunciaram ( e se contarmos o papa Silvério, que alguns contam), sete papas renunciaram, oito com Bento XVI.. Não foi apenas Celestino V, que Dante Alighieri pôs no Inferno, no Canto III da Divina Comédia, que, aliás, era apenas Comédia, no título, mas Giovanni Boccacio gostava tanto do livro que passou a referir-se a ele, para seus alunos, sempre como "divina". Outros Papas que abdicaram: Eu tinha contado sete papas renunciantes. A Agência EFE contou diferentemente: 22 papas renunciaram até o presente ou foram obrigados a fazê-lo. Quem fez a nova contagem foi o professor de História da Igreja e cônego da catedral de Barcelona (Espanha) Josep María Martí Bonet. Ele diz que "na época antiga, se não considerarmos os muitos papas mártires, encontramos seis possíveis renúncias". São as de Ponciano (anos 230-235), que morreu no exílio e renunciou pelo bem da Igreja; Eusébio (ano 309); João I (523-526); Silvério (535-537), acusado de alta traição por Belisário; João III (561-574), e Martinho I (649-655), que renunciou para facilitar a eleição de um papa que não fosse problemática e morreu exilado na Crimeia. Segundo o trabalho histórico inédito, elaborado após a renúncia da anunciada na segunda-feira por Bento XVI, na época medieval foram obrigados a renunciar Constantino II (767); João VIII, ao qual tentaram envenenar; Estevão VI (896-897), que foi linchado e posteriormente estrangulado na prisão; e Leão V (903), que foi assassinado pela família romana dos tusculanos, os mesmos que mataram Cristóvão (o antipapa) no ano de 903. O papa João X (914-928) foi envenenado e assassinado pela matriarca romana Marózia, que também matou Estevão VII (929-931). O filho de Marózia, Alberico, assassinou sua mãe e também o papa João XI (931-935). O papa Bento V (964) foi obrigado a exilar-se em Hamburgo; Bento VI (973-974) foi assassinado no castelo de São Angelo de Roma, e Bonifácio VII (984) também teve que se exilar e foi assassinado. João XIV (983-984) morreu de fome no castelo de São Angelo; Bento IX (1033-1045) foi acusado de comprar o pontificado, e Gregório VI (1045-1046) foi deposto e exilado. Bento X (1058-1059) renunciou por próprio convencimento e se transformou em um simples cardeal; João XXI (1276-1277) morreu em um acidente em Viterbo, e Celestino V (1294) renunciou. O papa Gregório XII (1406-1414) foi o último a renunciar antes de Bento XVI (2005-2013), que comoveu o mundo católico com seu inesperado anúncio de que deixará o pontificado no dia 28 de fevereiro. Saíram erros também em diversas traduções do texto original, em Latim, em que ele anunciou que vai renunciar. Em Português, atribuíram-lhe que ele não tem "condições idôneas" para continuar. Isso, quem não tem é o Renan Calheiros. Ele acha que não tem as condições necessárias, como a saúde, por exemplo, pois tem andado muito cansado e doente. Palmas para a a jornalista Giovanna Chirri, a primeira a anunciar ao mundo que o Papa avisara aos cardeais que iria abdicar no dia 28 de fevereiro de 2013, às 20h. Jorrarão mistérios e especulações, como sempre. No mesmo documento, ele primeiramente canoniza três novos santos e depois trata da abdicação. Por que fez as duas declarações num documento só? Os cardeais foram convocados para o consistório (reunião habitual dos cardeais, feita todos os anos com o Papa)e a pauta, que tinha a canonização dos três santos, não tinha o tema da abdicação, que foi incluído depois. (xx)

2 comentários:

  1. Muito bom.
    Um texto esclarecedor e com a leveza que Italo Calvino nos disse que viria neste século.
    Gol de letra de Deonísio Da Silva.

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  2. O melhor comentário até agora sobre a abdicação do papa.

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