NOME DE POBRE NO BRASIL

domingo, 4 de maio de 2014

ÁGUA, CHÁ E CERVELA. E CACHAÇA!

A cerveja é a terceira bebida mais popular no Brasil. Perde apenas para a cachaça, a segunda, e naturalmente para a água, a primeira. No mundo, perde para o chá e para a água. Todos tomam água, e o chá é muito popular em países como a China e a Índia, cujas populações somadas resultam em mais de 2,6 bilhões de habitantes. O Português “cerveja” é palavra vinda do Latim “cervisia”, já uma adaptação do Galês “cwrw”, palavra sem vogal, de pronúncia dificílima, quase impossível para os antigos romanos, que por isso a adaptaram. Acrescentaram-lhe quatro vogais, diferenciando também os sons do primeiro e do segundo “w”. O historiador Plínio, o Velho, registra “cervisia”. Mas o Português fez mais uma mudança, e o nome dessa bebida consolidou-se como “cerveja”. O Português, o Espanhol, o Galego e o Catalão mantiveram o étimo. Em Espanhol é “cerveza”; em Galego é “cervexa”, em Catalão é “cervesa”. São palavras muito parecidas com o Latim “cervisia”. O Francês e o Italiano recorreram a outra origem, provavelmente o Grego “brytos”, que, mesclado ao antigo Germânico “Bior”, recebeu também a influência do Latim “bibere”, beber, e deu “bière”, em Francês; “birra”, em Italiano; “Bier”, em Alemão, e “beer”, no Inglês. A cerveja data de 6.000 anos a. C., e sua fabricação foi registrada por antigos sumérios e egípcios. Era feita de vários grãos, mas preferencialmente de trigo ou de cevada. Era bastante turva, ácida, azeda, defumada, pois os grãos eram secados em fogueiras, e com taxas alcoólicas ao redor dos 3%. Entravam na mistura uvas e tâmaras. Esculturas antigas mostram a cerveja em grandes vasos e o uso de canudinhos para bebê-las, com o fim de mexer pouco o líquido, mantendo os resquícios sólidos da fermentação no fundo dos recipientes. O Código de Hamurabi prescrevia pena de morte para quem não seguisse as leis da produção e do comércio da cerveja. Fixava a dose de 2 litros diários para os trabalhadores, 3 para os funcionários públicos e 5 para os sumos sacerdotes Nem sempre a higiene esteve presente na fabricação da cerveja. No Peru antigo, a cerveja era feita de milho, mascado por mulheres para que a saliva ajudasse na fermentação do cereal. Além de trigo, de cevada e de milho, também se fez cerveja do sorgo, do centeio e da mandioca. Nos mosteiros, os monges, além de cuidar da horta e dos animais, praticar a agricultura e fazer vinho e licor, também fabricavam cerveja. Foram os monges quem tornou a cerveja mais saborosa, acrescentando-lhe ervas como o alecrim, o urze, a aquileia e a artemísia. Mais tarde, já no século IX, introduziram o lúpulo, uma flor que deu à cerveja um agradável amargor. Hoje a produção de cerveja no mundo tem dois modelos referenciais: os EUA, onde 5 marcas dominam 90% do mercado; e a Europa, onde os consumidores têm uma centena de marcas à disposição. O Brasil adotou o modelo americano. Os brasileiros bebem cerveja de poucas marcas. º escritor e professor (aposentado) da Ufscar, vice-diretor da Editora da Unisul e autor de 34 livros, entre os quais “De onde vêm as palavras” (17ª edição) e o romance “Avante, soldados: para trás” (10ª edição).

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