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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SÃO CARLOS FAZ 156 ANOS! VIVA!

As cidades, como as pessoas e as palavras, envelhecem. Dia 4 de novembro, São Carlos (SP) vai fazer 156 anos. Esta idade é superada apenas por palavras , uma vez que nenhuma pessoa chega a tanto. Tenho muitos leitores e amigos em São Carlos e prezo muito os vínculos com a cidade, que incluem a UFSCar, onde ensinei por mais de vinte anos, e o jornal Primeira Página, do qual sou cronista há cerca de trinta anos. Por isso, devo uma palavrinha sobre o aniversário, que não é apenas da cidade, é do município. Pero Vaz de Caminha diz ao rei Dom Manuel em sua famosa crônica, a Carta, que não deixará de falar da nova terra, “ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer”. É o meu caso. Se merecer aprovação, que seja alheia. Quem tem que gostar da crônica é o leitor, não o autor! São Carlos começou a existir com a Sesmaria do Pinhal, fixada em 1831, com 4 léguas de comprimento e uma de largura. Sesmaria é a sexta parte da divisão de um território. O étimo está presente também em semestre. Para uma ideia da extensão das terras, uma légua tinha 3.000 braças ou 6.600 metros. Uma sesmaria tinha, pois, 17.424 hectares ou 174.240.000 m2. Légua é palavra que veio do Celta leak, pedra. As distâncias eram marcadas com pedras. Braça veio do Latim bracchia, braços, plural de bracchium, pois eram usados os dois braços estendidos para fixar essa medida. Em 1857, no dia 4 de novembro, os proprietários e moradores da Sesmaria do Pinhal, na maior parte herdeiros das famílias Arruda e Botelho, celebram a fundação de São Carlos, que é elevada a vila em 1865, com cerca de 6.000 habitantes, e à condição de cidade em 1880. Naqueles 15 anos, a população cresceu mais de 150%. No censo de 1886, São Carlos aparece com 16.104 almas. O município logo teve café e escravos. E não seria o que se tornou sem imigrantes, principalmente italianos. Havia até um vice-consulado da Itália na cidade. E não seria o que hoje é sem os migrantes que para cá vieram, principalmente para suas indústrias, escolas, faculdades e universidades, notadamente a USP, em 1953 (com um câmpus), e a UFSCar, em 1970.
Como a conversa clara e não a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, o trato justo do aniversário de São Carlos passa pelo exame de seus problemas, que eram outros ontem e foram resolvidos, como o fim da escravidão. Mas vieram novos atrapalhos! Vive-se bem em São Carlos, mas todos viveriam melhor se pessoas de valor não fossem excluídas, ora por um, ora por outro governo. Esta pequenez não faz bem nem aos que a praticam!
O governo municipal tem que ser o primeiro a garantir a qualidade de vida. E essa busca de qualidade em todos os setores passa pelo aproveitamento de quadros à luz de critérios que todos possam respeitar! Erros crassos não devem ser repetidos. Dito isto, feliz aniversário a São Carlos! A celebração é de todos e tem muitos motivos! (xx) º Da Academia Brasileira de Filologia, professor (aposentado) da UFSCar (SP) e consultor das universidades Estácio (RJ) e Unisul (SC).

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