NOME DE POBRE NO BRASIL

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

AINDA FRANKFURT

Estou aguardando ser convidado para alguma Feira Internacional de algum outro tema, cujo homenageado seja o Brasil, para falar de Literatura Brasileira ou ao menos das Literaturas de Língua Portuguesa (incluindo Portugal e outras nações lusófonas). Vocês imaginam o país X ser homenageado em alguma Feira Internacional de Livro, e seus escritores, ou alguém em nome deles, falarem, por exemplo, da demanda de Raio-X para dizer que no interior daquele país ainda é frequente baterem em crianças e quebrarem seus ossos; que tais ou quais etnias são excluídas; que a distribuição de renda é injusta etc.? E de Literatura? Quando falaremos? Em feiras de Couro & Calçado, Soja, Milho, Arroz, Minérios? Em redação, quando o aluno sai do tema, ganha zero! Em discursos deveria valer o mesmo critério. Machado de Assis - o maior escritor de todos os tempos que o Brasil já teve (pobre, órfão, epiléptico, gago, sem escola, mulato num país escravocrata e vitimado por muitas outras mazelas - jamais aproveitou-se disso para dar uma de coitadinho. Ao contrário, quando convidado por uma revista de Nova York a falar da Literatura Brasileira, legou-nos o clássico ensaio "Instinto de Nacionalidade", ainda hoje bibliografia indispensável! Cansei! E, ao lado dessas fraudes de temas, vem a mídia reclamar que tal ou qual autor vende muito e não foi a Frankfurt representar o Brasil. Pois eu digo, este foi um dos poucos acertos dos organizadores! Quando é que as vendas serviram de critério para avaliar um bom autor? À semelhança da jabuticaba, só no Brasil!

5 comentários:

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  3. Olha, Idalina, você parece mesmo ser muito sabida. Acho uma graça esse tipo de gente que insiste em afirmar que nada mudará, que é uma utopia, mas morre de medo que ela aconteça - que tiro no pé, não? Se não é assim por que tanta preocupação com essa utopia? Eu concordo com o Anônimo: falar de literatura é falar de sociedade - e vice-versa (principalmente no Brasil). Se você discorda disso ou não leu nada de Machado de Assis até então - quem dirá um Antônio Cândido -, ou tem algum benefício com a puxasaquice. Vamos falar de literatura mesmo, coisa que, pelo jeito, você não tem feito.

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  4. "Vamos falar de Literatura"? sem expor o contexto histórico e político-social? Não me faça rir, Idalina. Como eu já havia comentado Luiz Ruffato, sim, fez um excelente discurso abordando as questões mais latentes em nosso país. Ainda há muitas saúvas e pouca saúde no Brasil e o papel do escritor é apontar esses percalços e criticar para se criar uma consciência sobre o tema de modo a solucioná-lo. Estamos, sim, falando de Literatura. Outro aspecto, estamos muito bem representados pelos escritores na Feira de Frankfurt. Assim como "Anônimo" escreveu e o "Fulgore" enfatizou: falar de Literatura é falar de sociedade. Até mesmo utilizando estruturalmente o insólito encontramos traços de interpretação do nosso tempo e espaço e críticas ao sistema que envolve toda a engrenagem do individualismo, aliás, esse individualismo não foi encontrado no discurso de Ruffato e sim nos textos do professor Deonísio da Silva sobre a Feira.

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