NOME DE POBRE NO BRASIL

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

LERNER, DANTE, ELICIO: A MORTE SE VAI

O cartunista, romancista e cronista Dante Mendonça me convida para almoçar com Jaime Lerner. Está frio em Curitiba, é sexta-feira, dia 16 de agosto de 2013, e minha coluna na Bandnews foi transferida de ontem para hoje. “Está bem, Dante, mas primeiro a obrigação, depois o prazer”. Na Rádio Bandnews, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, um homem cuja conversa clara admiro, explica a Ricardo Boechat por que razão os professores do Rio de Janeiro, cuja rede tem 700 000 alunos, estão em greve e o que ele pode fazer diante do problema. O prefeito Eduardo Paes falou bastante, e o programa, que já não pôde ir ao ar ontem, vai atrasar de novo. Meu programa na Band é as 2as e 4as feiras às 20h15, e às 5as feiras à 10h, mas hoje, em nome das explicações do prefeito, será às 11h de sexta-feira.
Na minha alma ainda está o telefonema da Elia de Cresci, filha de Cyntia e Elicio de Cresci. A menina me ligou na madrugada para dizer que seu pai morreu na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos e pede desculpas por me ligar no meio da na madrugada. Tem na alma a mesma delicadeza de menina que crescia brincando com minha filha. Pede desculpas por me acordar para avisar que o pai morreu! São 3h da manhã. Posto no Facebook a mensagem. “Curtir” e “compartilhar” são agora os verbos mais acionados. Vejo que minha amiga Ariane Zanon está acordada, como tantos outros. Quanta gente madruga, meu Deus! Os dias da semana passaram rapidamente. Agora é sexta-feira e estou à mesa com Jaime Lerner e demais amigos. Digo: ”Jaime, você não deve lembrar-se, mas eu bebericava com você nas noites frias de Curitiba nos anos 70, na Rua Quinze de Novembro”. “Lembro, sim”, me diz Jaime Lerner, ao lado de Maí e Dante Mendonça, “desde a primeira vez que nos reencontramos”. Jaime sugere uma bisteca, que ele come quase crua, com massa e temperos divinos. Tomamos um vinho muito bom, a 14% de álcool, cujo nome agora me escapa. O garçom ainda traz arroz doce de sobremesa, depois um grapa, antecedida apenas pelo cafezinho.
Já estamos na sobremesa quando me liga o Carlos Augusto Lacerda, neto de Carlos Lacerda, que me diz: “Não me pergunte como é que eu sei que eu sei que você está almoçando com o Jaime Lerner”. E acrescenta: “O Jaime Lerner vai ou não vai coordenar a coleção de arquitetura?”. Maí e Pedro, seu filho, pedem para se retirar, têm um compromisso. Ficamos a sós. Jaime rememora os anos 70 em Paris estudando arquitetura antes de voltar a Curitiba e assumir a reorganização da cidade que tornou modelo para o mundo. Continua frio. Vou a uma galeria, depois de me despedir de Jaime Lerner, e quem encontro lá? O capista de meu primeiro livro, Estudo sobre a carne humana. Ele se chama Retamozzo. E cadê Elicio de Cresci? Era meu querido amigo, falei dele no Facebook e aqui me calo! Ele morreu esta semana. Saudades! Dr, Paulo Scanavez me pergunta: “vai escrever sobre o Elicio? Seria bela homenagem”. Não consegui por ora! (xx) º Da Academia Brasileira de Filologia, escritor e professor, doutor em Letras pela USP (xx).

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