NOME DE POBRE NO BRASIL

domingo, 13 de janeiro de 2013

FULECO É PALAVRÃO. POR QUE NÃO TATU-BOLA?

Bruxaria: de bruxa, feminino de bruxo, do Latim bruxu, gafanhoto sem asas, designando ainda na Idade Média o Demônio e também o herege, acusado de ter pactos com o Maligno. A origem remota é pré-romana. É sinônimo de feitiçaria, presente também no sincretismo religioso afro-brasileiro, sob o nome de mandinga, palavra oriunda da expressão mayanga mandinga, proferida pelos mandingos, povo do norte da África. Era gritada por pessoas enraivecidas, praguejando umas contra as outras enquanto sacudiam pacotilhos presos ao pescoço, em forma de escapulários, com ameaças de feitiços, bruxarias, invocando forças malignas. Celta: do Latim celta, mais usado no plural celtae, os celtas, povo indo-germânico do centro-sul da Europa que se espalhou por territórios hoje conhecidos por Espanha, Portugal, Reino Unido etc. Eles falavam línguas como gaélico, britânico e cúmbrico. Entre os celtas, tinham grande poder os druidas, intelectuais e conselheiros, que cultivavam a música e a poesia. Dividiam-se entre bardos (cantores e poetas) e ovates (médicos, magos e astrólogos). Alegavam conversar com os mortos e prever o futuro. Festividades modernas como Haloween (Dia das Bruxas), Dia de Todos os Santos e Dia de Finados foram invenções dos druidas. Freudismo: diz-se “froidismo”, do sobrenome do médico austríaco e fundador da Psicanálise Sigmund Freud (1856-1939), cujas teorias são invocadas para esclarecer opiniões e comportamentos com base do bordão “Freud explica”. O jornalista carioca Paulo Francis (1930-1997) fez aguda observação sobre a influência de Freud na vida de todos: “Freud é nosso. Está entranhado em nossa vida, saibamos disso ou não, queiramos ou não. Qualquer pessoa familiarizada com suas teorias reconhece na fala diária dos outros, e na sua própria, freudianismos, em vocabulários, conceitos, formulação de motivos, análises e ideias fixas.” Mascote: do Francês mascotte, do título da divertida opereta La Mascotte, do compositor francês Achille Edmond Audran (1840-1901). Nas tramas, uma jovem camponesa, sem entretanto perder a virgindade, acredita trazer sorte ao italiano com quem troca favores sexuais. Passou a denominar, já adaptado para o Inglês mascot, homem ou animal que dá proteção simbólica. Mas antes de chegar ao Francês, do qual veio para o Português, já existia no Provençal mascoto, designando feitiço, sortilégio, mas também talismã, já derivado de masco, radicado no Latim masca, pesadelo, assombração, espectro, disfarce, máscara. Como se vê, predominou o significado positivo. Embora muitos dicionários e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) registrem este substantivo como feminino apenas, ele é de dois gêneros, tal como o registra o Dicionário Caldas Aulete e o comprovam numerosas abonações na literatura e na mídia, entre as quais este trecho da revista Exame sobre Fuleco, o mascote da Copa do Mundo de Futebol de 2014, um tatu-bola: “O mascote tem também a sua própria canção, em parceria da Fifa com a Sony: Tatu Bom de Bola, cantada pelo sambista Arlindo Cruz.” Ostracismo: do Grego ostrakhismós, desterro, banimento. A palavra foi formada de óstrakon, que tem forma de óstreon, ostra. Na antiga Grécia, a aplicação de penas como a desonra, o confisco de bens e o desterro era feita mediante votação em praça pública. Os cidadãos escreviam sim ou não em pedaços de concha ou de casco de tartaruga untados com cera. Com algumas centenas desses votos, o indivíduo era banido por 10 anos, o mesmo prazo que a ditadura militar aplicou na cassação de direitos políticos no período pós-1964. Sinergia: do Grego synergein, pelo Francês synergie. No Grego é palavra formada de syn, junto, ao mesmo tempo, e érgon, trabalho. O Dicionário Aulete Digital esclarece que o verbete designa “coesão e solidariedade de um grupo, sociedade etc. em torno de objetivos comuns.” E abona tal significado com este trecho de O Globo, de 10 de julho de 2005: “Se não há sinergia entre líderes e seus subordinados (...) o clima de trabalho será sempre ruim.” Mas é nas orquestras que a ideia de cooperação mútua entre os músicos evidencia com ordem, disciplina e beleza a sinergia.

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