NOME DE POBRE NO BRASIL

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

CHÁVEZ: CONCHAVO GUARDADO A SETE CHAVES

Hugo Rafael Chávez Frías, reeleito presidente da Venezuela, não pôde tomar posse, como previsto, no dia 10 de Janeiro. Permanece em Cuba, onde já estava para tratamento de câncer na pélvis. Mas por que pélvis e não pelve ou bacia para identificar o lugar do corpo atacado pelo câncer?É comum, em outras enfermidades, que a região seja referida por bacia, pois nossa língua está repleta de metáforas, isto é, de comparações, para que as pessoas entendam melhor o que dizemos e escrevemos. Metáfora é palavra que veio do Grego e quer dizer transporte. Transporta-se a palavra de onde ela está, levando-a a outro lugar, em nome da clareza. É como se quiséssemos identificar alguém no meio da multidão e o retirássemos dali para dissipar qualquer dúvida em face de perguntas como: é este, é esse, é aquele? O Português diferencia “este” de “esse” e de “daquele”. “Este” está mais perto do falante; “esse” está nas proximidades do falante, mas mais perto do ouvinte; “aquele” está longe dos dois, falante e ouvinte. Há outras curiosidades. Chávez, em Espanhol, não é o mesmo que “Chaves” em Português, plural de “chave”, que em Espanhol é “llave”. Os dois sobrenomes vieram do nome de antiga localidade romana, Aquis Flaviis, águas termais que homenageiam o imperador Flávio Vespasiano. O sobrenome Chaves mesclou-se no Português ao plural de chave, ao contrário do que ocorreu no Espanhol com Chávez, que não é o plural de “llave”, chave, do Latim clave. Na palavra chave o encontro “cl” mudou para “ch”, o mesmo acontecendo com conchavar, conchavo, conchavador etc. Conclave passou a denominar qualquer reunião secreta, entretanto sem o tom pejorativo de conchavo. O Latim conclave é palavra formada da expressão cum clave, com chave, subentendendo-se recinto fechado com uma só chave, nada a ver com a expressão “segredo guardado a sete chaves”, nascida em Portugal. Os baús onde eram guardados alguns documentos e joias tinham quatro chaves, entregues a quatro funcionários de confiança. Por superstições, o número sete substituiu o quatro na expressão. O primeiro conclave deu-se no século XIII, em Viterbo, na Itália, quando a Igreja ficou sem papa durante três anos. Reunidos em conchavos, os cardeais não chegavam a uma conclusão. A população tirou o telhado do edifício onde os privilegiados eleitores estavam reunidos, trancou todos lá dentro e só deixou que entrassem água e pão. O recurso deu certo, mas ainda assim os cardeais demoraram mais três dias para eleger o novo Papa, que escolheu o nome de Gregório X, celebrado pela Igreja no mesmo dia em que Chávez deveria ter tomado posse, 10 de Janeiro. Desde então, todos os papas têm sido escolhidos a portas fechadas, em conclave. O que está acontecendo num hospital de Havana não é conclave, é conchavo para guardar Chávez a sete chaves. *Escritor e professor, Vice-reitor da Universidade Estácio de Sá, no Rio.

2 comentários:

  1. Caro Deonísio, lê-lo é apreendê-lo.

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  2. Não é o que dizem os PTralhas.
    Nada mais justo com essa figura que, do mesmo modo que seu compadre Lula, se considera um messiânico...embora acredite que ele esteja escorado com um cabo de vassoura, como fizeram com Tancredo.

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