NOME DE POBRE NO BRASIL
sábado, 26 de janeiro de 2013
FATALIDADE, DESTINO, TRAGÉDIA E POLITICAGEM
Fatalidades rondam aeroportos em todo o mundo, mas no Brasil pequenas tragédias estão ocorrendo todos os dias!
O jornalista Ricardo Boechat criticou em recente programa da Rádio Bandeirantes os políticos que usam indiscriminadamente tragédia e fatalidade como se fossem a mesma coisa.
Fatalidade é uma calamidade que não pode ser prevista, que nos toma de surpresa, ou que, mesmo sendo prevista, contra ela nada podemos fazer. Exemplos: tempestades em pleno voo, tisunames, terremotos e, o maior de todos, a morte, que esta é certíssima para todos nós.
Já as tragédias podem ser evitadas, como é o caso daquelas causadas por insuficiente manutenção de aviões, falta de obras de infraestrutura para remediar nossa vida e nossas viagens por terra, mar e ar.
Frei Betto lembrou em artigo recente que os nomes de nossos aeroportos nos deixam desconfiados. Vou trazer mais água para o monjolinho do escritor e frade. Galeão, do Grego bizantino galéa pelo Francês antigo galion, navio de guerra, tocado a vela e a remos, é do mesmo étimo de galé, onde os remadores tanto sofriam. O aeroporto do Galeão homenageia o maestro Antonio Carlos Jobim, que morreu nos EUA, se queixando em Inglês. Ele queria morrer em Português! O aeroporto Santos=Dumont homenageia o inventor do avião, que se suicidou, depois de constatar que seu invento servia para matar na guerra civil de 1932. Nesses aeroportos agora ha falta d´á água, de luz, de ar-condicionado! Que velem por nós os trágicos homenageados!
Congonhas veio do tupi-guarani congoi, aquilo que se bebe, se engole. Por isso veio a designar a erva-mate, que os índios cultivavam ali quando São Paulo se chamava Piratininga, em tupi-guarani, peixes secando ao sol depois das enchentes!
O aeroporto de Belo Horizonte chama-se Confins, de confim, do Latim confinis, do mesmo étimo de confinar e confinamento, um modo de castigar fora das prisões. O homenageado é Tancredo Neves, que morreu depois de uma agonia que parecia interminável. O aeroporto de Brasília homenageia Juscelino Kubitschek. Com medo de avião, morreu na Via Dutra, em 1976!
Zumbi de Palmares foi decapitado em 1695. Dá nome ao aeroporto de Maceió. O aeroporto de Fortaleza homenageia o aviador brasileiro Euclides Pinto Martins, que se suicidou na frente da amante. Joaquim Pedro Salgado Filho morreu em desastre de avião quando ia para São Borja visitar Getúlio Vargas. Dá nome ao aeroporto de Porto Alegre (RS).
O aeroporto de Guarulhos (SP) fica no bairro de Cumbica, que em tupi-guarani significa nevoeiro e também cachaça e cumbuca. O aeroporto Mário Covas, em Campinas (SP), é mais conhecido por Viracopos. O bairro tem este nome porque ali havia conhecida zona de meretrício e um famoso boteco, onde muitos copos eram virados.
Enfim, tragédia não é Maktub (estava escrito), como dizem os árabes. O nome disso é fatalidade, do Latim fatalitas, palavra ligada a fatum, Destino, Fado, coisas que não podem ser mudadas. As tragédias podem ser evitadas. (xx)
• Escritor, professor e vice-reitor da Universidade Estácio de Sá.
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