NOME DE POBRE NO BRASIL

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

PORTUGUÊS: PUTO CONSERTA AUTOCLISMO DA RETRETE

Delicioso o livro de Roldão Simas, LÁ & CÁ. Um jornalista brasileiro estava hospedado na casa do amigo português, em Lisboa. A campainha tocou, a visita foi atender para não atrapalhar a sesta do anfitrião. Abre a porta e um jovem se apresenta assim: - Eu sou o puto.
O brasileiro não soube o que dizer e teve que acordar o amigo, que lhe explicou: - Deixa o moço entrar, eu o chamei aqui para consertar o autoclisma da retrete. Alguém entendeu? Puto é menino, rapaz. E autoclisma de retrete é descarga da privada.

sábado, 28 de setembro de 2013

QUATRO ANOS: TEMPO SUFICIENTE PARA MUDAR TUDO

A maioria dos políticos quer a reeleição. Alegam que não podem fazer nada em quatro anos. O papa João XXIII mudou a Igreja e o mundo em quatro anos! Kennedy mudou os EUA em três! JK mudou o Brasil em quatro anos. Os campeões do mundo mudaram o futebol brasileiro em três semanas. Etc. Dia 3 de junho de 1963. Este escritor e professor, então um menino, tem uma dor que não passa. Perdeu dois irmãos que morreram afogados. Vieram avisá-lo no seminário, onde cursa o ginásio. Agora o mesmo padre sinistro, que dera o aviso, reúne os seminaristas para anunciar que acaba de morrer o Papa João XXIII, o papa buono, como era chamado até por inimigos.
Em alguma cidade do interior de São Paulo, os rádios estão ligados. É meio-dia! O locutor imposta bem a voz, semelhando um cantor, talvez um barítono, que, em vez de cantar, fale. São dadas a previsão do tempo, notas de falecimento, avisos de que nasceu mais um rebento ou pimpolho. Ou, se menina, desabrochou uma flor no sagrado lar de algum dos moradores. Só desabrocham as meninas. Dos meninos, o locutor só não diz que vêm a furo, como as espinhas e os tumores, à força, porque o redator é meio contido no estilo. Proclama-se também que Fulano e Sicrana vão contrair matrimônio! Para algumas doenças, o verbo é o mesmo. Assim, contrai-se catapora, sarampo ou caxumba. Se der tempo, falará da colheita e das estradas. Notícias da capital do Estado ou de Brasília, inaugurada há pouco mais de dois anos e construída pelo presidente JK em apenas quatro anos, só aquelas do jornal impresso. A menos que o Repórter Esso, a testemunha ocular da História, irrompa em edição extraordinária. A futura engenheira química e agora presidente da Petrobrás, filha de um Foster e uma da Silva, chama-se Maria das Graças e esta com dez anos. A filha do búlgaro Pétar Rusév e da brasileira Jane da Silva foi registrada como Dilma Vana Rousseff e debutou no ano interior, aos quinze anos, como de praxe. Um dos filhos de uma professora e do prefeito de outra Macondo vai fazer catorze anos. Chama-se Augusto Nunes da Silva. Dali a alguns anos será um dos maiores jornalistas do Brasil.
O locutor noticia o nascimento de algum Paulo ou Rosana, nada de Clayton ou Jessica. Pois justamente neste momento a dona da “rádia” passa pela porta de vidro do estúdio um bilhete escrito a lápis: “A Rádio Vaticano informou que morreu ontem o papa João XXIII ”. Ela soubera pela Rádio Mayrink Veiga, na noite anterior. E o Estadão ainda não chegou àquela Macondo. Sua “rádia” vai dar um furo regional. O locutor emposta a voz para agradar a patroa. Sua voz é boa, mas ele desconhece os algarismos romanos. E sapeca: “...morreu o papa João....(gagueja um pouco)....João xixi”. Apesar da heresia de ter transformado o Sumo Pontífice num mijão, a dona não segura o riso. E o locutor é o primeiro a não entender nada! Assim, João XXIII mergulha nos mistérios insondáveis da pós-morte sorrindo também. À semelhança de Francisco, o atual papa, era alegre o velhinho. Os tristes deixam a vida mais triste. Com sua alegria, em quatro anos, ele mudara para melhor a Igreja e o mundo! (xx)

domingo, 22 de setembro de 2013

MENSALEIROS SOLTOS, MAS A LUA, VÊNUS E CRISTO REDENTOR DERAM OUTROS AVISOS

É verdade que o ministro Celso de Mello enterrou de vez nossas esperanças de ver a ética e a justiça prevalecerem sobre as artimanhas jurídicas. Perdeu a chance histórica de redimir-se de ter absolvido o Collor! Mas, não! Como os outros cinco que votaram com ele, rendeu-se a mais uma das conhecidas chicanas, que desta vez atenderam pelo nome de embargos infringentes, e mandou o julgamento dos mensaleiros para as calendas gregas, para as cucuias. Ou alguém ainda acredita que criminosos condenados, como José Dirceu, José Genoíno, João Cunha et caterva ainda vão para a cadeia? Mas, há sempre algo de bonito na vida. No mês em que caiu essa desgraça sobre o povo brasileiro, envergonhando a todos nós, mas em especial deixando desolados os cinco ministros do STF que queriam pôr atrás das grades os pilantras citados, a Lua, Vênus e o Cristo Redentor nos lembraram a todos que na ordem natural das coisas não há embargos infringentes, e tudo o que é, é o que já foi, vem sendo e será. Os mensaleiros vão continuar roubando, sempre com o apoio de figuras como aqueles cinco, desta vez socorridos na hora H por um dos que já o haviam condenado. E nós, sem a ajuda de ninguém, confiando que aqueles cinco não arredem pé de suas convicções, continuaremos na luta. Enquanto isso, indiferentes a uns e outros, a Lua, Vênus e o Cristo nos haverão de lembrar que, conquanto lutando neste vale de lágrimas, não podemos nos esquecer de transcendências como esta. com que os três, unidos no meio de noite, nos presentearam. Na França, o fenômeno foi noticiado assim: Indescriptible! > > > > LA LUNE , VENUS ET LE CHRIST REDEMTEUR > > EN TOTAL HARMONIE > > (dimanche, 08/09/2013) >

sábado, 21 de setembro de 2013

COSME & DAMIÃO E OS NOMES POPULARES DAS DOENÇAS

Na semana que vem, o calendário celebra Cosme e Damião (dia 26), dois santos que foram irmãos gêmeos. Eles praticavam de graça a Medicina. Eram anárgiros, palavra de origem grega para designar quem é inimigo do dinheiro! Em vários Estados, os dois policiais que andam sempre juntos são chamados Cosme e Damião. Ou Pedro e Paulo. Ou, como ocorre com a polícia feminina, Marta e Maria. Naturalmente, todos eles têm outros nomes. Esses destinam-se a designar as duplas.
Faz mais de dois milênios que as duas duplas bíblicas (Pedro e Paulo, Marta e Maria), ambas do Novo Testamento, apareceram. Somadas a Cosme e Damião, que viveram no século III, integram essa meia-dúzia de personagens emblemáticas na cultura ocidental, que é predominantemente cristã. É provável que esses santos, irmãos gêmeos, sejam inspirados na mitologia grega. O deus Zeus se apaixona por uma mulher muito bonita chamada Leda, esposa de Tíndaro, rei da Esparta. Ardendo de amor por ela e sabendo que seria recusado, Zeus se transforma em cisne e vai nadar nas mesmas águas onde Leda está se banhando. Ela o põe no colo e o acaricia.
Meses depois, ela põe dois ovos, tendo quadrigêmeos. De um dos ovos nascem Castor e Helena. De outro, Pólux e Clitemnestra. Helene e Pólux são filhos de Zeus. Portanto, são imortais. Castor e Climnestra são filhos de Píndaro, e, portanto, mortais. Generoso, o irmão imortal divide sua imortalidade com o outro. Eles passam a morrer e a viver alternadamente. Zeus, então, fixa os gêmeos num lugar onde não possam ser separados nem pela morte: uma constelação que passa a ter o nome deles: Gêmeos.
Como Cosme e Damião praticavam a medicina de graça (na Síria, onde foram martirizados), vamos ver como é que o povo chama "no popular" certas doenças. DIARREIA deu CAGANEIRA. TOXOPLASMOSE, muito perigosa na gravidez, por resultar em má formação do feto, deu DOENÇA DO GATO, por se crer que o animal a transmite. ASCITE é barriga d´água. APENDICITE é PÊNIS, mas no feminino. “Ela foi operada da pênis”, eu ouvia na minha infância. Achava estranhíssimo. Mulher com pênis? É que o povo pronunciava “apênis” em vez de “apêndice”. Então, o médico operava da “apênis”, que soava “da pênis”, mas era o apêndice, um substantivo masculino tornado feminino na boca do povo. TENESMO (dificuldade de mijar ou de ir aos pés) é NÓ NAS TRIPAS. O TRYPANOSOMA CRUZI é BARBEIRO. "Sua filha foi picada por um barbeiro". "Mas ele disse pra ela que era engenheiro". ACNE é ESPINHA. Esta erupção na pele, comum na adolescência, nasceu do erro de um copista do Grego. Ele deveria ter escrito AKMÉ, mas copiou ÁKNE. O povo dá a todas as manchas e feridas um nome só: pereba, palavra do tupi para designar ferida. As doenças têm nomes populares que referem o que sentem, veem e sofrem os doentes. E também os familiares, seus primeiros enfermeiros. De resto, Cosme e Damião foram os últimos anárgiros. Hoje, só pagando. º Da Academia Brasileira de Filologia, escritor e professor, doutor em Letras pela USP.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O MAU LADRÃO OBTEVE EMBARGO INFRINGENTE

Desde tempos imemoriais, muito antes de existir o STF, quem consegue as melhores sentenças não são os justos! No caso em tela, Barrabás foi solto, e o Mau Ladrão (Gestas), como sacou genialmente o cartunista Duke, obteve benefício de um embargo infringente e deu no pé. O bom ladrão (Dimas) e Jesus foram executados. Mas, parodiando o Mestre, ladrões sempre tereis convosco. Um pouco antes de morrer, Jesus disse ao Bom Ladrão: "Ainda hoje estarás comigo no Paraíso". Quer dizer, até mesmo o Céu foi inaugurado por um ladrão! Bom Ladrão, porque arrependido, mas ladrão!

A OUTRA MULHER DE LULA (SEM PRÓXIMOS CAPÍTULOS)

O BEBEZÃO DE ROSEMARY JÁ COMPLETOU 9 MESES! POR ENQUANTO, NADA! VAI FICAR POR ISSO MESMO? PUBLIQUEI ESTE TEXTO EM VEJA, NO BLOG DE AUGUSTO NUNES, NO DIA 05/12/2012, ÀS 20H25. FAZ MAIS DE NOVE MESES! LULA CONTINUA CALADO. SEGUE, ATENDENDO A PEDIDOS, A REPUBLICAÇÃO DO ARTIGO. Lula não inovou na arte de enganar a matriz. O problema não é este. Cortesã, amante, amásia, cacho, cabritinha, filial, esta última claramente uma comparação comercial ─ a língua portuguesa tem nomes em abundância para designar a outra! Essas são as denominações mais leves e revelam um dos pontos de vista, que são muitos! A matriz dispõe de outro arsenal de ofensas: galinha, perua, cadela e vaca buscam fixar a mulher entre os bichos domésticos. A mais leve é sirigaita. O que há, então, de estranho em Lula ter uma amante, como tantos homens, poderosos ou não, tiveram ou têm? Ah, é esta a questão. Ele a fez teúda e manteúda com o meu, o seu, o nosso dinheiro. O problema da filial é lá com ele e a matriz. Este outro é nosso, é de todos, é público. E não é só isso. A outra fazia negócios para ela, parentes e asseclas, não com o dinheiro de Lula, com o dinheiro público. Dinheiro que falta para educação, saúde, estradas, cultura. Se o bebezão de Rosemary quisesse refestelar-se ou refocilar-se com ela, este não seria um problema nosso. Mas tornou-se pelos métodos empregados. São tantos, mas tantos os indícios sobre o modo de proceder de Lula, que ninguém mais aceita as indulgentes versões que desabam em catadupa a cada novo escândalo, exaradas por interessados confessores! Confessores, sim, porque confessam, entre as palavras e mesmo nos silêncios que a si mesmos se impõem, interesses espúrios na defesa ou no silêncio, afinal, como diz Eduardo Portela, “o silêncio é aquilo que se diz naquilo que se cala”. Não são repolhos ou alfaces do jornalismo, mas referências solares da arte de noticiar, analisar e interpretar os fatos, que vêm, aparentemente em vão, alertando os brasileiros para os estratagemas ilusionistas de Lula. Entre outros, Augusto Nunes, Elio Gaspari, Ricardo Noblat, Reinaldo Azevedo, José Nêumane Pinto, Eliane Cantanhêde etc. Os jornalistas citados fizeram não poucas vezes solitários solos desafinados da grande orquestra. Eram poucos. Não são mais! O fim está próximo. Abraham Lincoln, que morreu assassinado, o lenhador que chegou à presidência dos EUA, resumiu assim a questão: “Pode-se enganar a todos por algum tempo. Pode-se enganar alguns todo o tempo. Mas não se pode enganar a todos todo o tempo.” Nesses tempos em que tantos pigmeus vieram para o proscênio político, substituindo notáveis estadistas, Rosemary Noronha não pode ser comparada a Marilyn Monroe, nem Lula a Kennedy. Assim, o conselho do americano ─ “não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país” ─ sofreu devastadora inversão. As bandas de Lula e seus red caps não perguntam o que eles podem fazer pelo país, eles perguntam o que o país pode fazer por eles. Este escritor e professor está entre aqueles que acreditam que ela foi enganada pelo homem que amou por tanto tempo ou talvez ainda ame. Pelo menos até prova em contrário. Toda forma de amor vale a pena. Ninguém está reprovando o romance, o brasileiro não é o americano, aqui na pátria amada ninguém liga para isso. O que deve estar doendo nela, suponho, deve ser o seguinte: então, ela faz tudo o que PR lhe ordenou fazer e agora ele se diz apunhalado pelas costas? No Brasil, tudo o que é difícil para um homem, é infinitamente mais difícil para a mulher! Nós precisamos ouvi-la. Se Rose se tornar A Mulher Silenciosa, ainda assim vai dizer muita coisa, uma vez que, desculpem a repetição, “o silêncio é aquilo que se diz naquilo que se cala.” Rosemary Noronha está numa daquelas encruzilhadas que podem transformar mulheres comuns em heroínas. Ela ganhará a estatura de uma Maria Quitéria, de uma Anita Garibaldi, ou será apenas mais uma mequetrefe a serviço de corruptos. A escolha é dela!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

VOCÊ SABE O QUE É VOTO DE MINERVA?

Aires Britto, ministro do STF,deixou boas lembranças em todos nós! Já seu substituto, Luís Alberto Barroso, o novato, está nos deixando a todos muito preocupados. Você sabe o que é voto de minerva, qual é a historinha dele? O primeiro foi dado em favor do réu, em votação empatada de 6 x 6. Crime de Orestes: ter matado a mãe (Climnestra) porque ela matara Agamenon, marido dela, que matara a filha de ambos (Ifigênia), irmã de Orestes. O réu foi absolvido no voto proferido pela deusa Minerva - afinal os 12 juízes eram deuses. Desde então, dá nome a voto de desempate em casos semelhantes. Maus presságios!

HAVERÁ VIDA APÓS A MORTE? E APÓS O NASCIMENTO?

Recebi de um querido amigo, o juiz Paulo César Scanavez, essa historinha. Não sei quem é o autor. Repasso porque é uma bela metáfora da vida após a morte. No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro: 1- Você acredita na vida após o nascimento? 2- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde. 1- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida? 2- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca. 1- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto. 2- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui. 1- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão. 2- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós. 1 -Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está? 2- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria. 1- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma. 2- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela...

domingo, 15 de setembro de 2013

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL NÃO FOI COMO SE CONTOU

http://www.rtp.pt/icmblogs/rtp/comunidades/?k=Dom-Pedro-a-independencia-e-os-18-filhosPor-Deonisio-da-Silva-.rtp&post=45634 O jornalista Laurentino Gomes lançou três grandes livros sobre momentos decisivos da História do Brasil. Todos têm números nos títulos: 1808, 1822, 1889. Os temas solares são respectivamente a vinda da Família Real para o Brasil, a Independência e a República. Nas universidades, ele é olhado com admiração por uns, por conciliar o rigor da pesquisa com um modo quase romanesco de contar a História do Brasil, e contemplado de soslaio por outros, que, num misto de inveja e despeito, não admitem que os saberes cheguem aos leitores numa linguagem em tudo diferente dos conhecidos e tediosos jargões universitários, que frequentemente fazem com que os livros sejam do interesse de muito poucos leitores. Laurentino Gomes deu recente entrevista (09 de setembro de 2013) ao programa Roda Viva, da TV Cultura, de São Paulo, conduzido por Augusto Nunes, um dos maiores jornalistas brasileiros sob qualquer prima que se o examine. Aliás, cuidadoso com a língua portuguesa, o apresentador deve sentir-se desarrumado com o título do programa que dirige. Afinal, está mais do que na hora de se colocar um hífen no título da programação, pois o que quer designar é uma roda-viva, em que o entrevistado, em movimentos incessantes de enquadramento das câmeras, dê uma entrevista quase coletiva a uma plêiade de entrevistadores. Como é setembro, aproveitemos o mote e escrevamos sobre os idos de setembro de 1822. Eles foram antecipados no Brasil. O Grito do Ipiranga deu-nos a independência política e um defensor perpétuo do Brasil. Dom Pedro I não foi um mau administrador, como quiseram nos fazer crer os republicanos para difamá-lo e assim caluniar toda a Família Real. É verdade que Dona Maria I, avó de Dom Pedro I, era louca, mas não era corrupta. Deve ser julgada no contexto em que vivia. A sua atuação na devassa, quando decretou a morte de Tiradentes por enforcamento, tendo determinado ainda que pedaços de seu corpo fossem salgados e dependurados em postes, deve ser examinada à luz do que outros monarcas, diante de ameaças semelhantes, faziam. Todos os outros inconfidentes foram poupados da morte, ainda que tenham recebido outros castigos, como o exílio. Excetuando-se Cláudio Manuel da Costa, que provavelmente morreu assassinado na prisão, ainda que tenha sido dada como suicídio a sua morte, outros tiveram melhor sorte. E o exílio de Tomás Antônio Gonzaga na África foi dourado. Logo ele esqueceu Dorothéa, a Marília de seus versos, por quem estava apaixonado sob o codinome de Dirceu, e arrumou outros amores por lá. Dom Pedro I deixou o Brasil nas mãos de Dom Pedro II, o filho pequeno, ainda uma criança, e atravessou o Atlântico para derrotar o irmão Dom Miguel, tornando-se rei de Portugal por uma semana. Logo abdicou também daquela coroa, passando o poder à filha, Dona Glória. Ele morreu de tuberculose, aos 36 anos, na mesma cama em que nascera, no palácio de Queluz, em Portugal, no dia 24 de setembro de 1834. Uma vida de apenas 36 anos Dom Pedro I teve 18 filhos: sete com a imperatriz Leopoldina; um com Dona Amélia, sua segunda esposa; cinco com a marquesa de Santos, sua amante; dois com uma francesa chamada Noemy Thierry; um com a baronesa de Sorocaba, irmã da marquesa de Santos; um com a uruguaia Maria del Carmen; um com outra amante francesa, chamada Clémence Saisset; e um com a monja portuguesa Ana Augusta. Este seu último filho chamou-se igualmente Pedro, como o pai. O gênero biográfico entre nós é pouco apreciado, embora as biografias despertem o interesse e a curiosidade de muitos. Quase não se o pratica. E mesmo entre aqueles poucos que se dedicam a biografias, às vezes temos mais panegíricos, elogios, do que exames que situem a personalidade no contexto em que nasceu, viveu, atuou e morreu. Mas seria interessante que mais biógrafos se ocupassem de figuras históricas do Brasil, como a de Dom Pedro I. Viveu apenas 36 anos, mas em tão breve vida fez mais do que muitos que morreram, não de tuberculose como ele, abatido em plena mocidade, mas velhos de todos os anos possíveis. Dom Pedro I governou o vasto Império do Brasil com pouca mão de obra qualificada para o poder, sem telefone, quase sem estradas, sem trem. O meio de transporte mais rápido era o cavalo quando chegou aqui, menino de apenas nove anos. E ainda era o cavalo quando partiu, para morrer em Portugal. Faz 191 anos que o Brasil alcançou a independência política. Falta a independência econômica, que está demorando muito, aliás. Da independência cultural nem é bom falar: cinemas e livrarias, por exemplo, faz décadas que estão invadidos por obras de baixa qualidade, asfixiando os espaços da produção nacional em todos os gêneros. Em resumo, é indispensável proclamar de novo a Independência do Brasil e desta vez fazer com que o povo participe dos eventos, começando enfim por alfabetizá-lo de vez. Quase dois séculos depois da Independência, apenas 26% dos brasileiros ditos alfabetizados entendem o que leem, segundo pesquisas confiáveis. E nas comemorações da Independência de 2013, por força dos protestos que de repente irromperam em todo o Brasil, o povo foi mantido à distância. Como se comprova, há ainda muito o que mudar para que a Independência possa ser celebrada. De todo modo, não se pode apequenar o grande gesto de Dom Pedro I, um estadista controverso, que, chegada a hora, fez o que tinha de ser feito: proclamar a independência. Consolidá-la, porém, não poderia ser obra exclusiva do célebre imperador. Ele aqui deixou o filho Dom Pedro II que, por paradoxos que somente a nós brasileiros dizem respeito, era um monarca republicano que acabou golpeado por um marechal monarquista. Para o bem ou para o mal, parece que só no Brasil algumas coisas podem acontecer! (xx) • Da Academia Brasileira de Filologia, escritor, professor e Doutor em Letras pela USP, autor de 34 livros, entre os quais os romances históricos Avante, soldados: para trás (Prêmio Internacional Casa de las Américas, no Brasil, em 10ª edição, publicado também em Portugal, Cuba e Itália), Teresa d´Ávil e A Cidade dos Padres. Sua obra de referência em etimologia é De onde vêm as palavras (16ª edição). Seu romance mais recente, Lotte & Zweig, recebeu da Academia Catarinense de Letras o prêmio de melhor romance de 2012. Este artigo aproveita texto anterior, publicado no Observatório da Imprensa. •Deonísio da Silva -Da Academia Brasileira de Filologia, escritor, professor e Doutor em Letras pela USP, autor de 34 livros, entre os quais os romances históricos Avante, soldados: para trás (Prêmio Internacional Casa de las Américas, no Brasil, em 10ª edição, publicado também em Portugal, Cuba e Itália), Teresa d´Ávil e A Cidade dos Padres. Sua obra de referência em etimologia é De onde vêm as palavras (16ª edição). Seu romance mais recente, Lotte & Zweig, recebeu da Academia Catarinense de Letras o prêmio de melhor romance de 2012. Este artigo aproveita texto anterior, publicado no Observatório da Imprensa.

sábado, 14 de setembro de 2013

SETEMBRO TRARÁ O INVERNO DA NOSSA DESESPERANÇA?

O ministro Marco Aurélio Mello, um dos mais cultos e mais irreverentes do STF, julgava o mensalão na semana passada quando citou passagem do livro O inverno da nossa desesperança, do escritor americano John Steinbeck, cujo título é uma frase da peça Ricardo III, de William Shakespeare. O título em Inglês é Winter of our discountent (Inverno de nosso descontentamento). A edição de bolso é da L&PM. Esta não foi a primeira vez que ele citou o trecho desse livro. Já o fizera em junho passado quando lamentou a revogação da decisão que punia os “contas sujas”. Desta vez o ministro lembrou uma das cenas finais do romance, quando é dito algo muito inquietante sobre a escuridão. Ela é uma, quando nenhuma luz foi ainda acesa, mas “quando uma luz se apaga, fica ainda mais escuro do se jamais ela tivesse brilhado”. Um resumo deste romance pode ser encontrado facilmente na internet, mas nada substituirá o prazer e o conhecimento da alma humana, dos mecanismos da sociedade que a moldam. No romance, entra em cena a família Hawley, composta por Ethan, a esposa Mary e os filhos Allen e Ellen. Eles moram na cidade inventada de New Bayton, nos EUA. Ethan descende de navegadores que povoaram a região, mas sua família perdeu tudo em investimentos que deram errado, e ele agora trabalha de balconista na mesma mercearia que era de seu pai, mas que teve que vender a um imigrante italiano chamado Marullo para poder pagar dívidas. Em casa, Ethan faz de tudo para disfarçar seus conflitos internos e se mostra bem-humorado para a esposa, Mary, que tem o apelido de Dona Ratinha. Os dois filhos adolescentes vivem perguntando ao pai quando é que eles vão ficar ricos de novo: “Ontem à noite, Ellen me perguntou: ‘Papai, quando vamos ficar ricos?’. Mas eu não lhe disse o que sei: ‘vamos ficar ricos logo, e você que lida mal com a pobreza, vai lidar mal com a riqueza do mesmo jeito’. É verdade. Na pobreza, ela é invejosa. Na riqueza, ficará esnobe. O dinheiro não transforma a doença, muda apenas os sintomas”. Ele denuncia o dono, que está ilegal no país, e se apossa da mercearia. Sua família é desunida, e ele faz de tudo para ganhar mais dinheiro, pensando que o conforto material seja a solução dos problemas. Para fazer isso, falta com a ética herdada dos ancestrais, praticando uma delação. Com esse romance Steinbeck nos mostra como e em que entranhas da alma estão ocultos os motivos que levam as pessoas a parecerem o que não são. E que mesmo pessoas muito simples têm graves conflitos éticos dentro de si. Na quinta-feira saberemos que personagem o ministro Celso de Mello vai desempenhar no romance da vida. Seu voto vai determinar se os mensaleiros vão para a cadeia ou não. Se fossem ladrões de galinha, já estariam presos, provavelmente sem julgamento. “Delúbio Mãos de Tesoureiro”, um dos réus, disse certa vez que logo o mensalão seria uma piada de salão. O Brasil inteiro espera e torce para que o STF não nos decepcione! º Da Academia Brasileira de Filologia, escritor e professor, doutor em Letras pela USP (xx).

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

LALINHO É UM PARAFUSO IMPORTANTE

A volta do marido pródigo, conto de João Guimarães Rosa reunido em Sagarana, tem, não um subtítulo, mas um supertítulo: Traços biográficos de Lalino Salãthiel. A história poderia passar-se em Macondo ou em São Joaquim da Barra. Conhecemos muitos tipos como Lalino, que atende também por Laio. Trabalhando ao lado de Marra, apelidado Marrinha, ele propõe disfarçar a tristeza indo assistir a uma peça de teatro intitulada Visconde Sedutor. Marrinha, porém, propõe que em vez de irem à peça, eles poderiam representar “esse drama” ali onde moram e trabalham: “Vamos sentar aqui nestas pedras e você vai me contar a peça”. Lalino explica que “quando levanta o pano, é uma casa de mulheres”, “umas vinte, todas bonitas, umas vestidas de luxo, outras assim...sem roupa nenhuma...” Marrinha fica apavorado: “Tu estás louco, seu Laio? Onde é que já se viu esse despropósito? E as famílias, homem? Eu quero é levar peça para famílias...Você não está inventando? Onde você viu isso?”. Laio se atrapalha: “No Rio de Janeiro! Na capital...”. “Mas você não disse, antes, que tinha sido lá no Bagre?” “Cabeça ruim minha. Depois me alembrei...No Bagre eu vi foi A Vingança do Bastardo. Sabe? Um rapaz rico que descobriu que...” Eulálio de Souza Salãthiel, seu nome completo, para surpresa de todos um dia vai embora para a capital, atrás do amor: “bom, barato e bonito, como queriam os deuses”. E deixa a sua mulher, Maria Rita, desolada de tristeza. Mas Lalinho, terminando o dinheiro que levou, um dia volta. A coisa vai e vem, e Lalinho vira político e passa a ajudar o Major Anacleto, chefe político local. Um trecho deste conto, transcrito na semana passada por Roberto Da Matta para artigo publicado em O Globo e no Estadão, me obrigou a reler a narrativa por puro gosto. "Major Anacleto relia - pela vigésima terceira vez - um telegrama do Compadre Vieira, Prefeito do município, com transcrições de um outro telegrama, do secretário do Interior, por sua vez inspirado nas anotações que o presidente do Estado fizera num anteprimeiro telegrama, de um ministro conterrâneo. E a coisa viera vindo, do estilo dragocrático-mandológico-coactivo ao cabalístico-estatístico, daí para o messiânico-palimpséstico-parafrástico, depois para o cozinhativo-compradesco-recordante, e assim, de caçarola a tigela, de funil a gargalo, o fino fluido inicial se fizera caldo gordo, mui substancial e eficaz; tudo isso entre parênteses, para mostrar uma das razões por que a política é ar de fácil se respirar -, mas para os de casa, os de fora nele abafam, e desistem". Pois coube ao mulato Lalinho, pelo qual ninguém dava nada ou dava pouco, recuperar o poder de Major Anacleto. Como nas engrenagens complexas, também na sociedade um pequeno parafuso não raro cumpre função estratégica e sem ele nada funciona direito. Para entender o Brasil, é preciso ler seus autores de referência. E Guimarães Rosa é um dos mais importantes. (xx) º Da Academia Brasileira de Filologia, escritor e professor, doutor em Letras pela USP (xx).

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

NOME DE POBRE NO BRASIL

Recebo de Moacir Japiassu, nosso querido amigo Japi, grande jornalista e romancista altaneiro, cujas luzes literárias brilham no céu da pátria a todo instante, esse inventário fabuloso sobre os nomes que os pobres dão aos filhos. Aumento uns pontos, pois quem conta um conto... 1)Primeiras sílabas dos nomes do pai, da mãe ou dos avós. Exemplo Claudemarioneide. 2) O pai (a mãe está em casa, de resguardo, cumprindo a quarentena) olha o mapa-múndi e tasca nomes de capitais, mas tal como pronunciados diante do escrivão: Uoxinton Alves; Uelinton da Silva; Sidinei dos Santos; Liverpul Pereira etc. Mas, atenção: tem que ser do primeiro mundo. Nada de Bogotá, La Paz, Montevidéu. Brasília pode. 3) O show business: Máicon Jéquisson Chuarzenéguer Farias; Valdisnei, que é como o pai pronunciou Walt Disney diante do escrivão; Neide Gaga (era para ser Lady Gaga). 4) Sofrendo com a falta de recursos, o pobre dá nomes em abundância para um único filho, afinal é uma das poucas coisas que ele pode dar ao rebento, chamado também nascituro. Fica assim: Jénifer Géssica Maiúscula Antrópode Correia dos Santos. Tem que ser nome proparoxítono. 5) Pobre adora incluir consoantes estranhas. As preferidas parecem ser H e Y. Veja o caso do craque brasileiro agora revelado: Hyuri. Nem os russos ousaram tanto: pôr H antes de Y. 6) Homenagem a jogadores de futebol: Amarildo, Rivelino, às vezes juntos. Fica assim: Gylmar Amaryldo Ryvelyno Barbosa (tem que pôr y). 7) Marcas famosas: Simcar Levis, misturando o nome do escritor Sinclair Lewis, também conhecido como São Cler das Ilhas, e o carro Simca. E Simca Chambord Frigidér: neste caso, mesclando o carro e a geladeira. 8) Nomes gerados por confusões, como Odvan. A mãe queria perpetuar a música O Divã. Saiu isso, que foi como o pai pronunciou e o escrivão entendeu. Outro exemplo: "Como é o nome do menino?" "É pra ser Dino". E saiu registrado Pracedino. 9) Nomes de eventos: Udistoque (Woodstock) Ráley (o cometa de Halley) e Tisunami. 10) Nomes tirados das primeiras coisas que o pai leu ao abrir um livro: Sumário, Índice, Prefácio.

ASSALTO DURANTE UM CONCERTO

Se vocês têm um tempinho e gostam de música, é imperdível este assalto durante um concerto. Inteligente e perfeitamente sincronizado. Ladrões, pelo visto, também com formação musical. O Maestro da "quadrilha" é maestro mesmo. Som e música de excelente qualidade. http://www.flixxy.com/olsen-gang-elverhoj-overture-comedy-film.htm

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

HOME, SWEET HOME. LAR, DOCE, LAR.

Há pouco, na Bandnews, com Pollyanna Bretas e Maira Gama, expliquei a origem da frase LAR, DOCE LAR, traduzida de HOMEM, SWEET HOME, que aparece em famosa canção de Henry Bishop, filho de um relojoeiro e "haberdasher", isto é, proprietário de uma loja de miudezas do período (o compositor morreu em 1855, aos 71 anos). Bishop foi professor de música na prestigiosa Oxford University. A letra é do poeta e ator americano John Howard Payne. A primeira estrofe é a mais linda:
Mid pleasures and palaces though we may roam, Be it ever so humble, there's no place like home; A charm from the sky seems to hallow us there, Which, seek through the world, is ne'er met with elsewhere. Home, home, sweet, sweet home! There's no place like home, oh, there's no place like home!