NOME DE POBRE NO BRASIL
sexta-feira, 10 de maio de 2013
NÃO EXISTE EX-MÃE, NEM EX-FILHO
A mãe nos dá, junto com o leite, a língua na qual nos expressamos. Por isso dizemos “língua materna” e não “paterna”.
Falar é um dos mais agradáveis passatempos. Pegamos esse gosto ainda na infância. Já crescidas, crianças adoram brincar com a fala. “Faz de conta” e “adivinha” são dois começos clássicos das falas infantis. “Adivinha o que eu tenho na mão, adivinha isso, adivinha aquilo.” O jogo de esconde-esconde requer adivinhar, descobrir onde está o outro.
Esse linguajar algo inocente depois se especializa. Antigamente os malandros falavam ao lado dos policiais, até combinando ações criminosas, e não eram entendidos.
Em 1940, um delegado de polícia publicou um livro alertando os “cidadãos honestos” para os significados ocultos da fala dos “meliantes”, “inimigos da ordem e da justiça”.
Dava o seguinte exemplo. Na Central do Brasil, um meliante diz a outro: “Você lanceia o estácio e passa o vento para mim, que eu lhe espero no rustidor”, isto é, “ você bate a carteira do otário e passa o dinheiro para mim, que eu te espero no esconderijo.”
Adivinhar veio do Latim addivinare. Era uma qualidade reservada aos deuses, daí seu caráter sagrado, como no caso do Oráculo de Delfos: previu ao pai (Laio) que seu filho (Édipo) o mataria para casar-se com a mãe (Jocasta).
Fugindo a seu destino, Édipo encontra a Esfinge, animal estranho, com corpo de leão, patas de boi, asas de águia e rosto humano. O monstro devora a todos que não sabem decifrar a seguinte adivinhação: “Qual o animal que tem quatro patas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite?”.
Ele responde que é o homem: "Nos primeiros meses de vida (de manhã), engatinha; uma vez crescido, anda sobre os dois pés ( meio-dia) e na velhice (entardecer) recorre a uma bengala.”
A esfinge se suicida num abismo. Édipo, sem saber, cumpre seu destino: mata o pai e se casa com a mãe, com quem tem quatro filhos (dois gêmeos). Ao descobrirem a verdade, Jocasta se suicida e Édipo fura os próprios olhos.
A Humanidade sempre teve especial predileção por adivinhas, profecias, enigmas, charadas. As ciganas qurem ver a sorte, entender os significados ocultos etc.
Entre os antigos germânicos, nos tempos medievais, a pessoa acusada de homicídio, era morta também, mas se fizesse uma adivinha que o juiz não soubesse responder, era absolvida.
Levada a juízo por ter assassinado uma criança, uma jovem diz: “Sobre Ilo vou,/ sobre Ilo estou,/ sobre Ilo, a bela gentil./ Adivinhem, meus senhores, o que isso quer dizer.” Os juízes não souberam a resposta e ela foi absolvida. Ilo era o nome de seu cão, de cujo couro ela fizera um par de sapatos.
PS. Hoje é dia das mães. Minha mãe morreu há alguns anos. Ainda hoje sinto saudades dela, de sua alegria e de sua coragem. Uma intuitiva e assanhada filha de italianos, e um racional e contido filho de gaúchos que nada temiam, tiveram 14 filhos! Sou o primeiro de sete meninos! Fiquem tranquilos! Estamos na Lua Nova. Se fosse na Lua Cheia, visitaria sete pátios de igreja e sete encruzilhadas antes de dar uma afiada nos dentes...(xx)
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