NOME DE POBRE NO BRASIL
sexta-feira, 12 de abril de 2013
PLÁGIO É CRIME CONTRA AUTOR E LEITOR
Dia 15, domingo, às 20h, no Teatro Municipal, a convite da OAB de São Carlos (SP) e da Escola Paulista de Magistratura, falarei de Plágio: sua história, métodos e como nos defendemos dele.
Mas por que uma conferência sobre plágio? Um dos primeiros a prestar atenção ao fato de o plágio estar nascendo como tema solar da atual crise ética que atravessamos foi o Dr. Paulo Scanavez, juiz que coordena o Núcleo da EPM em Ribeirão Preto (SP), cujo coordenador adjunto é outro juiz, o Dr. Carlos Castilho Aguiar França, ambos de brilhante atuação na magistratura, há muitos anos.
Vou dar um aperitivo da palestra nesta crônica. Os fatos que me chamaram a atenção para o tema são gravíssimos. Eu mesmo o senti muitas vezes, como picadas de mosquitos da dengue que entretanto não me azucrinavam mais do que o incômodo de ser picado. E era até consolado: “Você está famoso, as pessoas gostam de assumir que escreveram os seus textos, é um tributo que a mentira paga à verdade etc.”.
Como sabem, há décadas pesquiso a história, o berço e a viagem que as palavras fazem em nossa língua portuguesa e publico minhas descobertas, sempre amparadas em sólidas bibliografias e em métodos pertinentes. E também livros que são referência sobre os temas.
Eu já era muito plagiado na internet quando em 2006 comprei o livro A fascinante origem das frases populares, da Editora Garamond, sem autor. Em casa, ao começar a ler, vi que a primeira página me soava familiar. E assim a segunda, a terceira, enfim todas tinham sido plagiadas de meu livro A vida íntima das frases, constantemente reeditado em várias editoras, hoje na Novo Século.
Também a editora tinha sido enganada. Em 2005 um autor apresentara um livro que eu publicara em 1997 como sendo dele! Diversos trechos tinham saído antes na Caras e no Primeira Página.
Plágios recentes são noticiados todos os dias. O rabino-chefe da França, Gilles Bernheim, de 60 anos, confessou na semana passada, dia 11, que plagiou vários autores e mentiu ao informar em seu curriculum vitae títulos que não tinha. Mas renunciou depois de reunião de emergência, em Paris, do Consistório Israelense Central, a principal organização judaica da França. “Ele reconheceu seus erros, pediu desculpas e deu explicações”, disse o vice-presidente do consistório, Sammy Ghoslan.
Shakespeare plagiou Plutarco em Júlio César, e Matteo Bandello e Arthur Booke, em Romeu e Julieta. Depois, William Davenat, filho bastardo de Shakespeare, abandonado pelo pai no testamento, confiscou, mediante plágio, parte do que lhe era devido.
Na segunda-feira, eu conto mais no Teatro Municipal, às 20h. E enfim vou receber o título de Cidadão Honorário de São Carlos, proposto por Azuaite Martins de França, aceito por unanimidade dos vereadores da época e que me será entregue pelo atual presidente da Câmara, Marquinho Amaral.
Ah, são demais os perigos e as idas e as vindas dessa vida! (xx)
º Escritor e professor, autor de 34 livros, entre os quais A Placenta e o Caixão (reunião de crônicas aqui publicadas).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Caro Deonísio: muito tempo atrás li, na Revista Escrita, um ensaio-fictício (acho que era assim que vc o chamava) cujo título era "Os Originais Recusados de Machado de Assis". Ainda possível encontrar esse texto por aí (ou por aqui, na internet?)Penso em escrever algo nesse espírito, caso vc não se oponha, é claro.
ResponderExcluirUm grande abraço do
PARREIRA