NOME DE POBRE NO BRASIL

sexta-feira, 19 de abril de 2013

BOSTON APAVORADA. E NÓS TAMBÉM!

De brincadeira, faz-se no Brasil um trocadilho entre bosta, do Latim vulgar bostal e bostare, lugar de excremento do boi, e a cidade de Boston. Todavia a gloriosa cidade de Boston tem outra história. Seu nome deve-se a um proprietário de terras conhecido por Botwulf Stone, Botolph´s Stone no Inglês de hoje, e serviu de identificação à vila erguida no século XVII, que depois seria transformada numa referência dos EUA em muitos campos, já com o nome mudado para Boston apenas. Com seis milhões de habitantes, hoje é sede do Condado de Suffolk e capital do estado de Massachussets. É conhecida mundialmente por ser centro industrial, financeiro, comercial e universitário. Nas lutas pela independência americana, ficou famosa a Tea Party (Festa do Chá), evento memorável, ali realizado pela primeira vez em 16 de dezembro de 1773. Os ingleses, por força da revolta dos então colonos, aboliram todos os impostos, menos o do chá. De nada adiantou. A independência veio de qualquer jeito, três anos depois. Na mais recente Maratona de Boston, evento esportivo que a poucos deixa indiferentes, realizada na semana passada, bandidos feriram cem pessoas e mataram vários inocentes, explodindo bombas no meio da população. A cidade sedia grandes equipes de beisebol e de basquete, esportes muito populares dos EUA. As autoridades americanas, como sempre fazem quando desses trágicos eventos, infelizmente frequentes no mundo de hoje, não apenas nos EUA, agiram rapidamente para identificar, prender e encaminhar à Justiça os responsáveis pelos atentados. Quando escrevo essas linhas, dois irmãos chechenos parecem ser os bandidos que perpetraram os assassinatos, os ferimentos, destruições e demais danos havidos nesse fatídico dia de abril de 2013. Aliás, abril tem sido um mês vermelho de sangue também no Brasil. Ano passado, aqui no Rio de Janeiro, no dia 7 de abril de 2011, por volta das 8h30 da manhã, um bandido chamado Welington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, matando doze estudantes, com idade entre 12 e 14 anos. O atentado havido no Instituto Columbine, centro de excelência em educação, deixou 15 mortos, incluindo os dois assassinos, e aconteceu em 20 de abril de 1999, aniversário de Hitler. Seus autores moravam em casas confortáveis, localizadas num subúrbio do condado de Jefferson, no estado do Colorado, nos EUA. Muitas famílias americanas para lá se mudam para que os filhos possam estudar. Nos EUA não há vestibular, os estudantes entram para as universidades de acordo com o desempenho obtido no ensino médio. E Columbine, com cerca de 2.000 alunos, costuma aprovar 82% deles em universidades americanas de qualidade. O pior de tudo é o mundo acostumar-se a tanta violência. E se perguntar por quê? E como vamos resolver isso? Não sabemos! Daí a angústia que toma conta do mundo. (xx) º Escritor e professor, autor de 34 livros, entre os quais A Placenta e o Caixão (reunião de crônicas aqui publicadas).

2 comentários:

  1. Anna Maria de Assis Ribeiro20 de abril de 2013 às 07:13

    Você está certíssimo, Deonísio. O acostumar-se ao terror é pior do que o próprio. No poema Inocentes do Leblon, Drummond fala de um óleo que passado às morenas costas dos banhistas tem o dom de lhes conceder o esquecimento. Deve ser hoje um campeão de vendas.

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  2. Há, de fato, vários assuntos graves relacionados a esses acontecimentos. Um deles é a violência estar tão espalhada e tão presente no dia a dia do mundo; agrava-se, a meu ver, quando é praticada por jovens, porque se eles são o nosso futuro em certa medida, então a perspectiva não é positiva. Eu não sabia que o atentado de Columbine foi na data do aniversário de Hitler, e me incomoda pensar que tenha sido essa mesma a razão da escolha da data, se e que houve escolha.
    Não posso deixar de associar esse andamento do mundo à lógica do capital, na medida em que, entre outras coisas, vive-se pressionado para atender a padrões, sobretudo de consumo, e a lei do mais forte nunca esteve tão em alta, em detrimento de convivência humana e valores como respeito, solidariedade e amizade. Belo texto, professor.

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