NOME DE POBRE NO BRASIL
terça-feira, 30 de abril de 2013
DE JÂNIO QUADROS A MARIA BATALHÃO: AUGUSTO NUNES E DANTE MENDONÇA
Adelaide Carraro é autora de alguns dos 508 livros publicados na ditadura militar, no período pós-64, objeto de minha tese de doutorado, defendida na USP, em 1989, e publicada como livro: Nos Bastidores da Censura: literatura, sexualidade e repressão pós-64! Pois meu querido amigo Dante Mendonça nos brinda hoje com uma bela crônica sobre um fato insólito: um dos trechos do livro EU E O GOVERNADOR tinha sido escrito por um inimigo ou um jornalista a soldo de um inimigo de Jânio Quadros. Eu tenho cada amigo que é uma enciclopédia...Dante, um golaço! Parabéns! Na foto com Jânio aparece Augusto Nunes, outro querido amigo, um irmão!
http://www.parana-online.com.br/colunistas/67/96716/
Essas idas e vindas de Dilma Rousseff me fazem lembrar Jânio Quadros! Ah, mas cadê o delicioso estilo barroco? Ele sabia falar e escrever!
sexta-feira, 26 de abril de 2013
SAUDADE: TRISTEZA POR ALEGRIAS PERDIDAS
Espero estar em Florianópolis, n domingo, com ex-colegas de seminário como Wilson Volpato, casado com a artista plástica Arlinda Volpato, autora da capa do meu romance mais recente, Lotte & Zweig.
O ofício de escrever me tem dado bons e desinteressados amigos. Autor e leitores não querem fazer negócio algum! Querem apenas usufruir daquilo que um escreveu, e os outros, por escolha da mais absoluta liberdade deles, resolveram partilhar, lendo.
Não gosto de proclamar amizades. Mas alguns repórteres que me entrevistaram recentemente, por obra e graça do prêmio com que Legislativo, Executivo e Judiciário resolveram me honrar, nesta segunda quinzena de abril em São Carlos (SP), onde vivi mais de vinte anos, me perguntaram do que é que tenho mais saudade!
Algumas saudades são mais rápidas do que sustos. Pego de surpresa, não falei de um dos mais fiéis leitores desta coluna, Fernando Tinton, dono da Ciao Bello, uma cantina de pratos deliciosos, que muito frequentava.
Tenho saudades fundas de coisas assim miúdas, querem ver? Um português é surpreendido num bar bebendo, com muita dificuldade, com os braços levantados, tendo numa das mãos um copo. “Mas que é isso, seu Manuel?”. “É que o médico mandou-me suspender a bebida!”. Alguém liga por engano para sapataria de propriedade de um português: “Sapataria Almeida”. “Desculpe, errei o número.” “Não tem importância. Traz o calçado aqui, que trocamos”. Alguém chega apressado à lanchonete, pede um misto-frio e pergunta: “vai demorar?”. “Coisa de uma hora, porque até agora só fizemos mistos-quentes, precisamos aguardar que a chapa esfrie”, responde o garçom português. Um carteiro português, que tem um medo danado de cachorros, hesita diante de uma casa onde ladra um cão furioso. “Pode entrar, o cachorro é castrado”, diz a dona da residência. “Minha senhora, eu tenho medo de que ele me morda, não de que ele me engravide.” E esta: o português está bebendo num clube, na mesa há várias pessoas, uma delas pensa ter-se enganado de copo e pergunta ao português: “este copo é seu?”. “Não, senhor, é do clube”.
Pois todas essas piadas de português me foram contadas pelo Fernando Tinton ou pelo Luís Carlos Miele, que trabalhou um tempo na Universidade Estácio de Sá e me contou coisas singularíssimas, inclusive sobre o escritor Rubem Fonseca. Miele e Marcos Palmeira (filho de Zelito Viana, igualmente da Estácio) atuaram em minissérie de TV, baseada na obra de Rubem.
Por que Florianópolis? Periodicamente, ex-seminaristas, colegas de adolescência, nos reunimos sob a presidência de Patrício de Sousa, que fabrica massas! E em maio próximo meu tradutor italiano, Giovanni Ricciardi se juntará a nós, não como tradutor, mas como mestre-cuca. Fará macarronadas apreciadas por tutti quanti. Também estará o melhor cronista do Brasil, Sérgio da Costa Ramos, que chama a todos nós de presbíteros. (xx)
º Escritor e professor, autor de 34 livros, entre os quais A Placenta e o Caixão (reunião de crônicas aqui publicadas).
quarta-feira, 24 de abril de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
BOSTON APAVORADA. E NÓS TAMBÉM!
De brincadeira, faz-se no Brasil um trocadilho entre bosta, do Latim vulgar bostal e bostare, lugar de excremento do boi, e a cidade de Boston.
Todavia a gloriosa cidade de Boston tem outra história. Seu nome deve-se a um proprietário de terras conhecido por Botwulf Stone, Botolph´s Stone no Inglês de hoje, e serviu de identificação à vila erguida no século XVII, que depois seria transformada numa referência dos EUA em muitos campos, já com o nome mudado para Boston apenas. Com seis milhões de habitantes, hoje é sede do Condado de Suffolk e capital do estado de Massachussets. É conhecida mundialmente por ser centro industrial, financeiro, comercial e universitário.
Nas lutas pela independência americana, ficou famosa a Tea Party (Festa do Chá), evento memorável, ali realizado pela primeira vez em 16 de dezembro de 1773. Os ingleses, por força da revolta dos então colonos, aboliram todos os impostos, menos o do chá. De nada adiantou. A independência veio de qualquer jeito, três anos depois.
Na mais recente Maratona de Boston, evento esportivo que a poucos deixa indiferentes, realizada na semana passada, bandidos feriram cem pessoas e mataram vários inocentes, explodindo bombas no meio da população. A cidade sedia grandes equipes de beisebol e de basquete, esportes muito populares dos EUA.
As autoridades americanas, como sempre fazem quando desses trágicos eventos, infelizmente frequentes no mundo de hoje, não apenas nos EUA, agiram rapidamente para identificar, prender e encaminhar à Justiça os responsáveis pelos atentados. Quando escrevo essas linhas, dois irmãos chechenos parecem ser os bandidos que perpetraram os assassinatos, os ferimentos, destruições e demais danos havidos nesse fatídico dia de abril de 2013.
Aliás, abril tem sido um mês vermelho de sangue também no Brasil. Ano passado, aqui no Rio de Janeiro, no dia 7 de abril de 2011, por volta das 8h30 da manhã, um bandido chamado Welington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, matando doze estudantes, com idade entre 12 e 14 anos.
O atentado havido no Instituto Columbine, centro de excelência em educação, deixou 15 mortos, incluindo os dois assassinos, e aconteceu em 20 de abril de 1999, aniversário de Hitler. Seus autores moravam em casas confortáveis, localizadas num subúrbio do condado de Jefferson, no estado do Colorado, nos EUA.
Muitas famílias americanas para lá se mudam para que os filhos possam estudar. Nos EUA não há vestibular, os estudantes entram para as universidades de acordo com o desempenho obtido no ensino médio. E Columbine, com cerca de 2.000 alunos, costuma aprovar 82% deles em universidades americanas de qualidade.
O pior de tudo é o mundo acostumar-se a tanta violência. E se perguntar por quê? E como vamos resolver isso? Não sabemos! Daí a angústia que toma conta do mundo. (xx)
º Escritor e professor, autor de 34 livros, entre os quais A Placenta e o Caixão (reunião de crônicas aqui publicadas).
sexta-feira, 12 de abril de 2013
PLÁGIO É CRIME CONTRA AUTOR E LEITOR
Dia 15, domingo, às 20h, no Teatro Municipal, a convite da OAB de São Carlos (SP) e da Escola Paulista de Magistratura, falarei de Plágio: sua história, métodos e como nos defendemos dele.
Mas por que uma conferência sobre plágio? Um dos primeiros a prestar atenção ao fato de o plágio estar nascendo como tema solar da atual crise ética que atravessamos foi o Dr. Paulo Scanavez, juiz que coordena o Núcleo da EPM em Ribeirão Preto (SP), cujo coordenador adjunto é outro juiz, o Dr. Carlos Castilho Aguiar França, ambos de brilhante atuação na magistratura, há muitos anos.
Vou dar um aperitivo da palestra nesta crônica. Os fatos que me chamaram a atenção para o tema são gravíssimos. Eu mesmo o senti muitas vezes, como picadas de mosquitos da dengue que entretanto não me azucrinavam mais do que o incômodo de ser picado. E era até consolado: “Você está famoso, as pessoas gostam de assumir que escreveram os seus textos, é um tributo que a mentira paga à verdade etc.”.
Como sabem, há décadas pesquiso a história, o berço e a viagem que as palavras fazem em nossa língua portuguesa e publico minhas descobertas, sempre amparadas em sólidas bibliografias e em métodos pertinentes. E também livros que são referência sobre os temas.
Eu já era muito plagiado na internet quando em 2006 comprei o livro A fascinante origem das frases populares, da Editora Garamond, sem autor. Em casa, ao começar a ler, vi que a primeira página me soava familiar. E assim a segunda, a terceira, enfim todas tinham sido plagiadas de meu livro A vida íntima das frases, constantemente reeditado em várias editoras, hoje na Novo Século.
Também a editora tinha sido enganada. Em 2005 um autor apresentara um livro que eu publicara em 1997 como sendo dele! Diversos trechos tinham saído antes na Caras e no Primeira Página.
Plágios recentes são noticiados todos os dias. O rabino-chefe da França, Gilles Bernheim, de 60 anos, confessou na semana passada, dia 11, que plagiou vários autores e mentiu ao informar em seu curriculum vitae títulos que não tinha. Mas renunciou depois de reunião de emergência, em Paris, do Consistório Israelense Central, a principal organização judaica da França. “Ele reconheceu seus erros, pediu desculpas e deu explicações”, disse o vice-presidente do consistório, Sammy Ghoslan.
Shakespeare plagiou Plutarco em Júlio César, e Matteo Bandello e Arthur Booke, em Romeu e Julieta. Depois, William Davenat, filho bastardo de Shakespeare, abandonado pelo pai no testamento, confiscou, mediante plágio, parte do que lhe era devido.
Na segunda-feira, eu conto mais no Teatro Municipal, às 20h. E enfim vou receber o título de Cidadão Honorário de São Carlos, proposto por Azuaite Martins de França, aceito por unanimidade dos vereadores da época e que me será entregue pelo atual presidente da Câmara, Marquinho Amaral.
Ah, são demais os perigos e as idas e as vindas dessa vida! (xx)
º Escritor e professor, autor de 34 livros, entre os quais A Placenta e o Caixão (reunião de crônicas aqui publicadas).
quinta-feira, 11 de abril de 2013
PALESTRA SOBRE PLÁGIO E DE ONDE VÊM AS PALAVRAS
"Plágio: sua história, métodos e como nos defendemos dele" será o título da conferência que ministro às 20h, dia 15 de abril, segunda-feira, em São Carlos, São Paulo. A plateia será constituída de advogados, juízes, servidores do Judiciário, universitários de Direito, Letras, Pedagogia, alunos do 3º ano do Ensino Médio.
Estará presente também a Presidente da 30ª Subseção da OAB, Dra. Isabel Marcomini. O Teatro Municipal de São Carlos incluiu o evento em sua programação deste ano. O projeto é apoiado pelo Professor Ney Vilela, Secretário da Cultura; Maria Alice, Diretora do Teatro, os juízes Dr. Paulo Scanavez e Dr. Carlos Castilho, respectivamente diretor e diretor-adjunto do Núcleo de Ribeirão Preto da Escola Paulista de Magistratura.
A Livraria Nobel ,do Shopping Iguatemi, lá estará com livros de minha autoria.
Na terça-feira, dia seguinte, falo à noite, no SESC, às 19h30, sobre outro tema: DE ONDE VÊM AS AS PALAVRAS - Frases e curiosidades da Língua Portuguesa, celebrando material inédito da 17a edição do livro homônimo, meu bestseller.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
A NOVIÇA DEU O CORPO E OS OUTROS BENS. E DOCUMENTOU O PORTUGUÊS!
Ano 1198! Século XII! A língua portuguesa existia há pouco tempo.
Sua certidão de nascimento, na escrita, dera-se alguns antes, num Auto de Partilhas, vindo do Mosteiro de Vairão, quando uma noviça chamada Elvira Sanchez dizia ao escrivão: "Eu offeyro o meu corpo áás virtudes de Sam Salvador do moensteyro de Vayran, e offeyro co´no meu corpo todo o herdamento que eu ey en Centegãns e as três quartas ao padroadigo d´essa eugleyga e todo hu herdamento de Crexemil, assi us das sestas como todo u outro herdamento> que u aia u moensteyro de Vayrán por en saecula saeculorum, Amén." (Eu ofereço o meu corpo às virtudes de São Salvador do Mosteiro de Vairão, e ofereço com o meu corpo toda a herança que eu tenho em Centegãns e as três quartas ao padroeiro da igreja e toda a herança que eu tenha ao mosteiro de Vairão por todos os séculos. Amén (assim seja)."
A língua portuguesa era documentada em conventos e em cartórios, mas também em versos de amor. Na mesma época, o trovador Paio Soares de Taveiros (ou Taveirós?) tornou-se o autor do texto literário mais antigo em língua portuguesa. E foram versos de amor. Ele proclamava a beleza de Maria Pais Ribeiro, a Ribeirinha, concubina do rei Sancho I: "No mundo nom me sei parelha,/ Mentre me for como me vai,/ Ca morro por vós - e ai!". Hoje escrevemos assim: "No mundo ninguém me assemelha,/ Enquanto eu for como sou,/ Pois morro por vós - mas ai!".
sábado, 6 de abril de 2013
OS VERSOS BRASILEIROS DE MAIAKÓVSKI
Esse negócio de repetir como papagaio tem um exemplo emblemático. Em 1970, Roberto Freire deu, sem querer, autoria errada a uns versos de Eduardo Alves da Costa, poeta de Niterói, cujos livros estão reunidos em "No Caminho, com Maiakóvski" (Geração Editorial). Ele ou a editora atribuiu a autoria ao poeta homenageado no título. Os versos tinham sido publicados dois anos antes, em plena repressão da ditadura militar: "Na primeira noite, eles se aproximam/ E roubam uma flor/ Do nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem:/ Pisam as flores,/ Matam nosso cão, / E não dizemos nada./ Até que um dia, / O mais frágil deles/ Entra sozinho em nossa casa,/ Rouba-nos a luz,e,/ Conhecendo nosso medo,/ Arranca-nos a voz da garganta./ E já não podemos dizer nada."
quinta-feira, 4 de abril de 2013
ANO 2045: SÓ VAI MORRER QUEM QUISER
José Cordeiro é um cientista venezuelano que trabalha para uma universidade mantida pela NASA. Semana passada, ele esteve no Rio para fazer uma palestra aos dirigentes dos câmpus mantidos pela Estácio de Sá em todo o Brasil (vinte estados da federação). Seu tema referencial foi o livro The singularity is near, de Raymond Kurzweil (filho de pai músico e mãe artista), inventor e futurista americano de 64 anos.
Kurzweil assegura que por volta do ano 2045 teremos alcançado a vida eterna, ampliando consideravelmente a reposição que hoje já fazemos de órgãos como o coração, os rins, os olhos etc. Todos os órgãos já podem ser clonados, menos o cérebro.
Ele diz também que os computadores vão começar a pensar entre 2029 e 2045.
A Humanidade começou gerando energia com madeira, depois com carvão, depois petróleo e assim foi seguindo Hoje ainda precisamos muito de petróleo. Mas até quando? Não foi a falta de pedras que fez terminar a Idade da Pedra! Tudo indica que daqui a vinte anos não precisaremos mais de petróleo. O pré-sal é um projeto errado na hora errada.
Ele deu um exemplo divertido sobre o uso do petróleo, cujo barril custa U$ 100 dólares, mais ou menos R$ 200 reais. Um boné do Mickey é vendido na Disney por preços que variam de U$ 5 a U$ 15 dólares. E ele é feito de derivados de petróleo. Com um barril de petróleo são feitos cerca de 1.000 bonés do Mickey, que rendem entre U$ 500 e U$ 15.000 dólares.
Dentre as novas formas de energia que buscamos – vento, nuclear, solar etc. – a última, a solar, já vem dando resultados fáceis de serem demonstrados: há muitos anos já temos residências com energia solar, e a estação espacial é movida exclusivamente por energia solar.
O autor ilustra suas projeções para o futuro com exemplos recentes. Há apenas 30 anos não tínhamos computador. Há 20 anos não tínhamos telefones celulares. Há 10 anos não tínhamos o Google.
A Medicina já descobriu que a velhice é uma doença e que não é incurável. Um rato dura em média 2 anos. Mas já há ratos, geneticamente modificados, vivendo com saúde já 6 anos. Portanto, a expectativa de vida desses ratos foi multiplicada por três, gerando 200% de aumento em pouco tempo. Como somos parecidos com os ratos em 90%, haverá pessoas vivendo entre 240 e 300 anos daqui a pouco tempo!
O primeiro genoma humano levou 13 anos para ser sequenciado e o projeto custou U$ 1 bilhão de dólares. Em 2013, já é possível fazer isso por U$ 2 mil dólares. E em 2018 custará apenas U$ 100 dólares e levará 1 hora apenas.
Nessas projeções, em 2045 só morrerá quem quiser. Antes disso, graças às pesquisas do médico brasileiro Miguel Nicolelis, filho de Giselda Laporta Nicolelis (escritora brasileira, autora de livros infantojuvenis), talvez ocorra a conexão mundial de cérebros, semelhante àquela que já ocorre com os computadores, de que a internet é um bom exemplo. (xx)
º Escritor e professor, autor de 34 livros, entre os quais A Placenta e o Caixão (reunião de crônicas aqui publicadas).
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