NOME DE POBRE NO BRASIL

sábado, 28 de julho de 2012

NOMES DE PESSOAS EM PALAVRAS DO DIA A DIA

Nomes de pessoas resultaram em novas palavras: Zepelim, Abreugrafia, Alfarrábio, Balzaqueana, Nicotina, Zepelim etc. O dirigível inventado pelo conde alemão Ferdinand Zepelim passou a ser conhecido por zepelim. O método descoberto pelo médico paulista Manuel de Abreu para diagnosticar a tempo a tuberculose e o câncer pulmonares, por meio de imagem obtida por radioscopia, chamou-se abreugrafia. Um árabe que nasceu numa aldeia perto de Farab, em território hoje pertencente ao Turquistão, deu nome a livro velho e antigo, nem sempre de muito préstimo. Mulheres com trinta anos passaram a ser conhecidas como balzaquianas depois que o escritor francês Honoré de Balzac publicou o romance A mulher de trinta anos. Hoje as balzaquianas passaram dos 50 ou 60. As de 30 e 40 são ainda mocinhas! Uma das substâncias presentes no tabaco recebeu o nome do embaixador francês em Portugal, Jean Nicot, que no século XVI mandou para a rainha Catarina, da França, esposa do rei Henrique II, sementes de fumo, vindas da Flórida. O general alemão Frederico Schönberg serviu às tropas portuguesas nas guerras travadas contra a Espanha. Dono de vasto bigode, extremamente gordo, comilão e beberrão, tinha comportamento extravagante. Seu sobrenome serviu ainda de apelido ao incompetente administrador colonial português Jerônimo Mendonça Furtado, que usava bigodes tufados como ele. Nenhum dos dois fez boa coisa nos ofícios de que se ocuparam e Schönberg, pronunciado xumbrega, veio a designar coisa malfeita, sem qualidade. É escrito também chumbrega. A veste masculina smoking foi feita para a pessoa fumar tabaco, palavra que, vinda do árabe tabbaq, dito também tobbaq, já existia no espanhol desde o primeiro milênio e era sinônimo de fumo, do latim fumus, fumaça. Quando os espanhóis chegaram ao que hoje é o Haiti e viram as pessoas fumando folhas que as entorpeciam, chamaram tabaco a essas folhas. Mas a palavra não foi da América para a Europa, só as sementes e o produto. Ela veio da Europa. O smoking jacket, paletó de fumar, era para usar em casa. Depois passou a designar a veste masculina tida por elegante. Quem andava de smoking mais comprido, o fraque, curto na frente, comprido atrás, era chamado de rabudo, isto é, tinha sorte, tanto que ficara rico, poderoso, comia, bebia e se vestia bem. O meio de transporte também o qualificava: andava a cavalo ou de carruagem: quanto mais cavalos, mais importância. Mas quem andava descalço, tinha juanete, do nome espanhol Juan. A palavra surgiu para designar deformidades nos pés daqueles que andavam descalços, os pobres. A Espanha dominou Portugal entre 1580 e 1640 e foi neste período que xumbrega e joanete surgiram na língua portuguesa, ganhando os dicionários. Xumbrega indica má qualidade e joanete designa deformidade nos pés. (xx) *escritor e professor, Deonísio da Silva, 34 livros publicados, escreve aos domingos neste espaço. É vice-reitor da Universidade Estácio de Sá, no Rio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário