NOME DE POBRE NO BRASIL
terça-feira, 31 de julho de 2012
GRANDES MOMENTOS DO FUTEBOL BRASILEIRO NO YOUTUBE
PARA OS AMANTES DO FUTEBOL
Segue, abaixo, extensa videoteca (clips) do Futebol no mundo, inclusive o título do Campeonato Paulista de 1954, ganho pelo Corinthians, em cima do Palmeiras. Há clips raros e antigos, como este primeiro da lista, de 1925, numa época em que filmar algo era no celulóide e em máquina de manivela. E você tem tudo isto à mão, numa única página.
----- SELEÇÃO FRANCESA 2x7 PAULISTANO (EXTINTO CLUBE DE SP), EM 1925, AMISTOSO EM PARIS COM FRIEDENREICH
http://www.youtube.com/watch?v=D1kXX1nfXTkBRASIL 6x5 POLÔNIA - OITAVAS-DE-FINAL DA COPA DO MUNDO DE 1938, COM LEÔNIDAS E DOMINGOS DA GUIA
http://www.youtube.com/watch?v=cecyhZCKu1wBRASIL 2x0 IUGOSLÁVIA - PRIMEIRA FASE DA COPA DE 50, COM ENTREVISTAS A BARBOSA, BAUER E ZIZINHO
http://www.youtube.com/watch?v=nocsH6NSOsABRASIL 1x2 SELEÇÃO DO SUL - AMISTOSO EM 1983, COM PELÉ QUE JÁ HAVIA PARADO DE JOGAR DESDE 1977
http://www.youtube.com/watch?v=w58uBRH_9y0BRASIL 1x0 ESCÓCIA - TORNEIO ESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, EM 1972, COM GÉRSON, JAIRZINHO, TOSTÃO, RIVELINO E ETC
http://www.youtube..com/watch?v=bJ2EV3c_2AYBRASIL 1x0 TCHECOSLOVÁQUIA - AMISTOSO EM 1971, COM GÉRSON, TOSTÃO, RIVELINO, ETC
http://www.youtube.com/watch?v=Eliy2TnLpG4BRASIL 2X2 IUGOSLÁVIA - DESPEDIDA DE PELÉ NA SELEÇÃO EM 1971, NO MARACANÃ - SÓ O HINO
http://www.youtube.com/watch?v=_tJ70D3iBC4BRASIL 2x1 MÉXICO - AMISTOSO EM 1968, NO MINEIRÃO, COM PELÉ, GÉRSON E JAIRZINHO
http://www.youtube.com/watch?v=Rz2ntNzh5q0BRASIL 6x2 COLÔMBIA - ELIMINATÓRIAS PARA A COPA DE 70
http://www.youtube.com/watch?v=u-AEcsgitLQBRASIL 3x3 IUGOSLÁVIA - AMISTOSO EM 1968
http://www.youtube.com/watch?v=bNNX5-9Zcv0BRASIL 3x0 IUGOSLÁVIA - TORNEIO ESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, EM 1972, COM GÉRSON, JAIRZINHO, TOSTÃO, RIVELINO E ETC
http://www.youtube.com/watch?v=23GqQlz_TJcBRASIL 1x0 PORTUGAL - TORNEIO ESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, EM 1972, COM GÉRSON, JAIRZINHO, TOSTÃO, RIVELINO E ETC
http://www.youtube.com/watch?v=_X621wX3lLgBRASIL 3x0 ARGÉLIA - AMISTOSO EM 1965 E NÃO 64 COMO DIZ NO VÍDEO
http://www.youtube.com/watch?v=JtigxBO-Wj8BRASIL 1x2 ALEMANHA OCIDENTAL - AMISTOSO EM 1968, COM TOSTÃO, GÉRSON, JAIRZINHO E CIA
http://www.youtube.com/watch?v=sAlpnh7ooyEBRASIL 2x1 ALEMANHA OCIDENTAL - AMISTOSO EM 1963, COM GILMAR, LIMA, ZITO, MENGÁLVIO, DORVAL, COUTINHO, PELÉ E PEPE (TODOS DO SANTOS)
http://www.youtube.com/watch?v=9L7ogb_r5BAOBS: NESSE VÍDEO DE CIMA, REPARA NA EMPOLGAÇÃO DO NARRADOR, ALEMÃO, NA HORA DOS GOLS DO BRASIL, DE COUTINHO E PELÉ
SELEÇÃO BRASILEIRA MASTER, DE LUCIANO DO VALLE X COSMOS - AMISTOSO EM 1989 - COM PELÉ (QUE NÃO JOGOU), RIVELINO, ZICO E CIA
http://www.youtube.com/watch?v=nCSq-7z4zFcSELEÇÃO BRASILEIRA MASTER, DE LUCIANO DO VALLE 5x0 HOLANDA - COPA ZICO EM 1990
http://www.youtube.com/watch?v=QInv5eVD8egSELEÇÃO BRASILEIRA MASTER, DE LUCIANO DO VALLE 3x0 ITÁLIA - COPA ZICO EM 1990
http://www.youtube.com/watch?v=lNuTWFbiq4ASELEÇÃO BRASILEIRA MASTER, DE LUCIANO DO VALLE 2X1 ALEMANHA OCIDENTAL - COPA ZICO EM 1990
http://www.youtube.com/watch?v=gL6NfUHwyGIBRASIL 1x2 RESTO DO MUNDO - AMISTOSO EM 1990 - FESTA DE ANIVERSÁRIO DE 50 ANOS DE PELÉ, QUE JOGOU!!!!
http://www.youtube.com/watch?v=i70xvJguzxkBRASIL 1x2 RESTO DO MUNDO - AMISTOSO EM 1989 - DESPEDIDA DE ZICO PELA SELEÇÃO
http://www.youtube.com/watch?v=tfNLUkGiZyQSELEÇÃO TREINANDO NA ÉPOCA DO PELÉ - NÃO ERA 1958 COMO DIZ NO VÍDEO, SE VÊ PELO ROSTO DO PELÉ, QUE AQUI NESSE VÍDEO
NÃO TINHA SÓ 17 ANOS, VC NÃO ACHA?
http://www.youtube.com/watch?v=xCXcaNJjJhwSELEÇÃO DE 70 NA CONCENTRAÇÃO
http://www.youtube.com/watch?v=62wNvXb3wQAGARRINCHA E ROBERTO CARLOS (CANTOR), JOGANDO SINUCA
http://www.youtube.com/watch?v=zNoASIwq5sIGARRINCHA EM PAU GRANDE, EM 1966
http://www.youtube.com/watch?v=t59vZojUHQkMAZZOLA (ALTAFINI) CONFESSA QUE SE ARREPENDEU DE TER DEIXADO O BRASIL LOGO APÓS A COPA DE 58 E TER TROCADO A SELEÇÃO BRASILEIRA PELA ITALIANA.
http://www.youtube.com/watch?v=XTt1Q_PbdqsBRASIL 2x1 URUGUAI, TAÇA DO ATLÂNTICO EM 1976, JOGO QUE O RIVELINO CAIU DE BUNDA NAS ESCADAS QUE LEVAM AO VESTIÁRIO
http://www.youtube.com/watch?v=UzKGtg_-y74DOCUMENTÁRIO, FANTÁSTICO, SOBRE ADEMIR MENEZES, O QUEIXADA
http://www.youtube.com/watch?v=k_K8PXhcbbsDOCUMENTÁRIO, FANTÁSTICO, SOBRE ZIZINHO, O MESTRE ZIZA
http://www.youtube.com/watch?v=qrRQbTtgEeAMATÉRIA SOBRE LEÔNIDAS DA SILVA, O DIAMANTE NEGRO
http://www.youtube.com/watch?v=-eZO-xDmOcAMATÉRIA SOBRE DOMINGOS DA GUIA, O DIVINO MESTRE
http://www.youtube.com/watch?v=0I3REVfnhX4ENTREVISTA COM ZIZINHO NO "BOLA DA VEZ" DA ESPN BRASIL
http://www.youtube.com/watch?v=kPgZa3J894AMATÉRIA SOBRE HELENO DE FREITAS
http://www.youtube.com/watch?v=Gyjdp_G-EicMATÉRIA SOBRE GARRINCHA
http://www.youtube.com/watch?v=PjlfJ_YRThYMATÉRIA SOBRE GARRINCHA E BARBOSA
http://www.youtube.com/watch?v=i1zWqSBnQZwO ADEUS DE MESTRE DIDI
http://www.youtube.com/watch?v=W6dh1ublVFwFLA 0x1 BOTA, EM 1964, ÚLTIMA PARTIDA DE NÍLTON SANTOS PELO BOTAFOGO
http://www.youtube.com/watch?v=VzMcEUHjE7EFLU 2x1 VASCO, EM 1926
http://www.youtube.com/watch?v=9v6ROadicREFLU 3x2 SPORTING, EM 1928
http://www.youtube.com/watch?v=Wuk3aGO2cpIFLA X FLU, DÉCADA DE 20
http://www.youtube.com/watch?v=d5NofNPBAuMVASCO 1948
http://www.youtube.com/watch?v=ywMMuqU0ds8REAL MADRID 3x4 VASCO, EM 1957
http://www.youtube.com/watch?v=hesqCPCEamcBATE PAPO COM NÍLTON SANTOS
http://www.youtube.com/watch?v=9Ll7zIMd_HYHOMENAGEM A NÍLTON SANTOS
http://www.youtube.com/watch?v=opjAy6GHYngDJALMA SANTOS NO JUCA ENTREVISTA
http://www.youtube.com/watch?v=1dq-AQSFeFcCOUTINHO, PARCEIRO DE PELÉ, NO JUCA ENTREVISTA
http://www.youtube.com/watch?v=2JxUYFpmuykMATÉRIA SOBRE MANGA
http://www.youtube.com/watch?v=BGr6yZsMglcHOMENAGEM A SANTOS 62/63
http://www..youtube.com/watch?v=iMWIZcuLTsMGILMAR DOS SANTOS NEVES
http://www.youtube.com/watch?v=JbR7supU8mcLUIZINHO ' O PEQUENO POLEGAR'
http://www.youtube.com/watch?v=6I1oVZEdjioCLUBES QUE REPRESENTARAM A SELEÇÃO
http://www.youtube.com/watch?v=JQRpaOS84CMZAGUEIROS ARTILHEIROS
http://www.youtube.com/watch?v=nJV_J5B2HJcTRIO DE FERRO X ARGENTINOS, EM 1948
http://www.youtube.com/watch?v=mi8wVFTy3r0CANHÕES DO FUTEBOL PAULISTA
http://www.youtube.com/watch?v=mesf07mSIaULULA FALANDO DE CORINTHIANS DE 54, VASCO DE 58, GARRINCHA E ADEMIR DA GUIA
http://www.youtube.com/watch?v=2G8tcCBbzLUMÚSICA HOMENAGEANDO CANHOTEIRO, O GARRINCHA DA PONTA-ESQUERDA
http://www.youtube.com/watch?v=aUgURzunXpYBRASIL 2x0 INGLATERRA, NO MARACANÃ, EM 1959, SHOW DE JULINHO BOTELHO
http://www.youtube.com/watch?v=cDBjtMJjQZcENTREVISTA COM APARÍCIO PIRES, JORNALISTA QUE COLOCOU O APELIDO DE DINAMITE NO CRAQUE DO VASCO, EM 1971
http://www.youtube.com/watch?v=l3S5ReKMbFgCORINTHIANS 1x1 PALMEIRAS, EM 1954
http://www.youtube.com/watch?v=yX2O2cpZRQ0BRASIL X ZAIRE, COPA DE 1974, JOGADOR DO ZAIRE CORRE ANTES DO JUIZ APITAR A FALTA E CHUTA A BOLA
http://www.youtube.com/watch?v=Q3MOCFYDTKcBRASIL 4x5 BOLÍVIA, NA COPA AMÉRICA DE 1963, RARIDADE
http://www.youtube.com/watch?v=wYkXmWmsA-gBRASIL X PERU, NA COPA AMÉRICA DE 1975, GOL PERUANO
http://www.youtube.com/watch?v=n4uDEmUf7nkSELEÇÃO BRASILEIRA NA CONCENTRAÇÃO, EM 1985 - PARTE 2
http://www.youtube.com/watch?v=BH3Te3xFBo0BRASIL 1x1 CHILE, ELIMINATÓRIAS PARA A COPA DE 1990, EM SANTIAGO, NESSE JOGO O ROMÁRIO COMEÇOU A BRIGAR ANTES DO INÍCIO DA PARTIDA E FOI EXPULSO AINDA NO PRIMEIRO TEMPO. MAS O INCRÍVEL É O GOL DO CHILE NO FINAL DO JOGO
http://www..youtube.com/watch?v=m0b_6T3G2i4RONALDO É CONVOCADO PARA A COPA DE 1994
http://www.youtube.com/watch?v=YJzRIO6RZdQO CORTE DE ROMÁRIO NA COPA DE 1998
http://www.youtube.com/watch?v=Lh-RbRVy3uIZICO EXPLICA A CONVULSÃO DE RONALDO EM 1998
http://www.youtube.com/watch?v=4bTu6MC6yqgSELEÇÃO BRASILEIRA CHEGA NO HAITI EM 2004
http://www.youtube.com/watch?v=sWHVXkIQnUgO BRASIL NA COPA DE 1966, MATÉRIA EM ESPANHOL
http://www.youtube.com/watch?v=WTQHW8V0xPYA SELEÇÃO BRASILEIRA NA COPA DE 1954
http://www.youtube.com/watch?v=Nahg2ZXsQAsBRASIL 6x1 ESPANHA, NA COPA DO MUNDO DE 1950
http://www.youtube.com/watch?v=esy9N7dNTeUBRASIL 7x1 SUÉCIA, NA COPA DO MUNDO DE 1950
http://www.youtube.com/watch?v=snM2_rgW2MI
segunda-feira, 30 de julho de 2012
DE ONDE VEIO A CAIPIRINHA?
A palavra caipirinha veio de caipira, variação de caipora, do tupi kaa´pora, de kaa, mato, e pora, habitante. Vítima de preconceitos seculares, caipira designa o morador do interior do Brasil, dono ou empregado em atividades agropecuárias, tido como de pouca instrução e de hábitos bárbaros, rudes. Afastado do consumo, sua bebida preferida era a cachaça, que tomava pura ou com limão, aos quais mais tarde foi acrescentado mel ou açúcar. Nascia a famosa bebida, e o diminutivo deve-se aos hábitos morigerados do caipira, que a toma em copos pequenos. Cachaça é remédio para tudo desde o período medieval, pois os medicamentos feitos de raízes, sementes, frutos ou folhas raramente o dispensaram. Conservando a denominação de caipirinha, a bebida passou a ser oferecida em copos maiores, pois foram aumentadas as fatias de limão a ser macerado. A caipirinha integra a lista oficial de coquetéis da Associação Brasileira de Bartenders (ABB), fundada em 1970 e presidida atualmente por Nilson Vianna Candido, sucedido por Gilberto Aguiar, que guardou o lugar para ele voltar na eleição seguinte. Há rumores de que com o lulismo dar-se-á o mesmo. O porre do poder não passou naquele que já foi sucedido mas quer voltar. A associação tem um decálogo. O segundo mandamento diz: “a missão do barman é alegrar, não embriagar”.
sábado, 28 de julho de 2012
NOMES DE PESSOAS EM PALAVRAS DO DIA A DIA
Nomes de pessoas resultaram em novas palavras: Zepelim, Abreugrafia, Alfarrábio, Balzaqueana, Nicotina, Zepelim etc.
O dirigível inventado pelo conde alemão Ferdinand Zepelim passou a ser conhecido por zepelim.
O método descoberto pelo médico paulista Manuel de Abreu para diagnosticar a tempo a tuberculose e o câncer pulmonares, por meio de imagem obtida por radioscopia, chamou-se abreugrafia.
Um árabe que nasceu numa aldeia perto de Farab, em território hoje pertencente ao Turquistão, deu nome a livro velho e antigo, nem sempre de muito préstimo.
Mulheres com trinta anos passaram a ser conhecidas como balzaquianas depois que o escritor francês Honoré de Balzac publicou o romance A mulher de trinta anos. Hoje as balzaquianas passaram dos 50 ou 60. As de 30 e 40 são ainda mocinhas!
Uma das substâncias presentes no tabaco recebeu o nome do embaixador francês em Portugal, Jean Nicot, que no século XVI mandou para a rainha Catarina, da França, esposa do rei Henrique II, sementes de fumo, vindas da Flórida.
O general alemão Frederico Schönberg serviu às tropas portuguesas nas guerras travadas contra a Espanha. Dono de vasto bigode, extremamente gordo, comilão e beberrão, tinha comportamento extravagante. Seu sobrenome serviu ainda de apelido ao incompetente administrador colonial português Jerônimo Mendonça Furtado, que usava bigodes tufados como ele. Nenhum dos dois fez boa coisa nos ofícios de que se ocuparam e Schönberg, pronunciado xumbrega, veio a designar coisa malfeita, sem qualidade. É escrito também chumbrega.
A veste masculina smoking foi feita para a pessoa fumar tabaco, palavra que, vinda do árabe tabbaq, dito também tobbaq, já existia no espanhol desde o primeiro milênio e era sinônimo de fumo, do latim fumus, fumaça.
Quando os espanhóis chegaram ao que hoje é o Haiti e viram as pessoas fumando folhas que as entorpeciam, chamaram tabaco a essas folhas. Mas a palavra não foi da América para a Europa, só as sementes e o produto. Ela veio da Europa.
O smoking jacket, paletó de fumar, era para usar em casa. Depois passou a designar a veste masculina tida por elegante. Quem andava de smoking mais comprido, o fraque, curto na frente, comprido atrás, era chamado de rabudo, isto é, tinha sorte, tanto que ficara rico, poderoso, comia, bebia e se vestia bem.
O meio de transporte também o qualificava: andava a cavalo ou de carruagem: quanto mais cavalos, mais importância. Mas quem andava descalço, tinha juanete, do nome espanhol Juan. A palavra surgiu para designar deformidades nos pés daqueles que andavam descalços, os pobres.
A Espanha dominou Portugal entre 1580 e 1640 e foi neste período que xumbrega e joanete surgiram na língua portuguesa, ganhando os dicionários. Xumbrega indica má qualidade e joanete designa deformidade nos pés. (xx)
*escritor e professor, Deonísio da Silva, 34 livros publicados, escreve aos domingos neste espaço. É vice-reitor da Universidade Estácio de Sá, no Rio.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
DEONÍSIO NO KIBE LOCO
FUI PARAR NO KIBE LOCO. ACHO MUITO BEM-HUMORADO E DIVERTIDO AQUELE PESSOAL.
QUEM ME AVISOU FORAM COLEGAS DA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
DEONÍSIO NO JÔ SOARES, MADRUGADA DE 26 DE JULHO
Fico impressionando com a delicada atenção dos meus amigos do Facebook, que me escreveram de madrugada, dizendo que estavam assistindo à entrevista que dei ao Jô Soares.
Eis trechos do romance:
"Uma estudante de Direito pede que a professora descreva a cena. Justifica a sua pergunta dizendo que o professor de não se sabe bem qual matéria ensina nas aulas que é indispensável observar bem a cena lúgubre dos cadáveres quando encontrados. “A cena dos crimes ou das mortes”, reitera na pergunta. A professora sorri com a primeira vitória, afinal já semeou a plantinha que queria: a suspeita de que o casal não se suicidou, mas foram ambos executados. E prossegue: “Queremos fazer uma inversão de perspectiva: questionar o suicídio é dever de honra para com a memória de um grande escritor. Lidemos com o paradoxo, com a ambivalência dos signos e dos gestos humanos: Stefan Zweig foi "suicidado".
A menina quer saber mais. – E em que a senhora se apoia para afirmar coisas de tanta gravidade?
A mestra sorri, cada vez mais satisfeita:
- Por que não houve autópsia? Por que não foi enterrado no cemitério judeu do Rio, como queria o Rabino que veio para levar o corpo e foi impedido e ameaçado? Por que, na Declaração final, sua esposa não é mencionada, se havia um pacto de morte entre eles? Qual exatamente o veneno ingerido? São algumas das muitas perguntas levantadas por Silvio Saindemberg.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
FRIO DO CÃO? VÁ PRA DEBAIXO DO EDREDOM!
Reescrevi este texto, depois de contribuições do Facebook, especialmente de Ari Riboldi. Estou em São Lourenço, Minas Gerais, e faz um frio do cão, expressão que tem duas origens: de onde os imigrantes europeus vieram, quando a estrela da Constelação do Cão, Sírio, que em grego significa “eu seco”, entra em conjunção com o Sol, faz um calor danado na Europa, e isso se dá em agosto.
Nascia aí calor do Cão, calor canicular, canícula etc. E naturalmente se misturava uma referência ao Demônio, que entre tantos nomes, tem também o de Cão. Ao chegarem ao Sul do Brasil, nossos ancestrais tiveram que mudar a expressão para frio do cão, pois em agosto faz muito frio.
E, além do mais, quando o frio é muito, o cachorro, também chamado cão, manca, pois as pernas traseiras endurecem, longe que estão do aconchego do peito. Isso é um frio do cão!
Os gaúchos têm um ditado para expressar o frio intenso: frio de renguear cusco. Renguear é mancar. Cusco é cachorro. Este nome, Cusco, nasceu da forma onomatopaica de atiçar o cão: cuz! E a esta partícula juntou-se o resto e ele passou a ser chamado cusco. Ari Riboldi, estudiosos de expressões gauchescas, diz que o motivo pode ser outro, ou mais um: “o cão sente tanto frio nas patas que caminha devagarinho, mantendo ora uma pata traseira elevada do chão, ora a outra, evitando o contato com o gelo por mais tempo, dando a impressão, para quem o olha de longe, de que está rengo.”
Está, pois, um frio do cão em São Lourenço, que, aliás, morreu no maior calor, pois foi martirizado numa grelha. Inclusive, diz-se que, ele sem se importar com a dor, disse a seus algozes: “podem me virar, que deste lado já assou.”
O frio me lembrou outras palavras correlatas. Agasalho veio do gótico gasalja, companheiro, camarada, aquele que protege o outro. E foi este o nome dado à roupa utilizada para abrigar-se, não apenas do frio, mas para proteger-se com o fim de praticar algum esporte.
Já casaco veio de “casaca”, da expressão italiana veste cosacca, roupa dos cossacos, os célebres povos da Rússia, guerreiros, bons cavaleiros, que, vivendo na Sibéria e em outras regiões muito frias, se abrigavam do frio intenso com roupas largas, vestidas sobre outras. Cossaco veio do Russo kozak, misturado ao Turco qaz, andar ao léu, sem destino, que, aliás, era o que os antigos cossacos faziam muito. Por baixo do casaco, às vezes se usa um colete, do francês coullet, depois collet, colarinho, gola, cujo étimo é cou, pescoço.
Mas se você usa jaqueta no frio, saiba que veio do francês Jacques, nome genérico para o campônio francês, que vestia uma roupa que passou à língua francesa como jacquet, roupa do Jacques. Pode ter vindo também do árabe shakk, com escala no espanhol jaco, tornando-se jacque de maille no francês, cota de malha.
Bem, roupas por cima de outras só podem ter surgido em regiões nas quais o frio ataca. Temos ainda pulôver, do inglês, pull over, pôr por cima. Com o tempo as duas palavras foram aproximadas também no inglês e se tornaram uma só: pullover.
Já lareira veio de lar, do latim lar, mais eira. Os parentes eram enterrados nos arredores da casa onde tinham morado, pois os antigos romanos acreditavam que seus espíritos, chamados Lares, protegiam o lugar onde estavam. Para concluir: edredom, do islandês aedar-dun, pelo francês édredon, era apenas a plumagem das aves, utilizada para fazer cobertas que aqueciam.
E, a continuar assim, ficamos debaixo do edredom até para ler ou assistir a filmes ou a programas preferidos na televisão, a moderna lareira das casas, ao redor da qual todos se reúnem, no frio ou no calor. Quer dizer, isto quando cada um não se isola em seu tugúrio ou quarto para ver sozinho o que bem quiser. (xx)
quinta-feira, 19 de julho de 2012
DANTE NA DIVINA COMÉDIA: "O AMOR MOVE O CÉU E AS OUTRAS ESTRELAS"
De Dante, na Divina Comédia: "O amor move o Sol e as outras estrelas." Dante viveu no século XIII. Como sabia que o Sol era uma estrela? Séculos depois é que a Física descobriu que o Sol era uma estrela! Mas a Literatura é assim: chegou ao Inconsciente antes de Freud e à Física antes de Galileu Galilei! Dante deu o título de Comédia a seu livro. Quem acrescentou Divina a Comédia foi Giovanni Boccaccio, para animar seus alunos a lerem o livro! "A Comédia é divina. Divina Comédia", exclavama o autor de "Decamerão".
sábado, 14 de julho de 2012
HISTÓRIA DA PALAVRA PERIGUETE
Faz alguns anos uma nova palavra entrou para a língua portuguesa. É periguete. E desta vez não veio de um dos berços habituais mais férteis, a cidade do Rio de Janeiro, especialmente suas praias e bairros, em particular Ipanema. Das metrópoles que mais influenciam a vida nacional, o Rio de Janeiro é o mais pródigo em fornecer novas palavras e expressões, desde os tempos em que, no alvorecer do século XIX, o rei Dom João VI fixou aqui as cortes portuguesas e sua numerosa comitiva, mudando a capital de Salvador para o Rio. No século seguinte, a transferência da capital para Brasília não tirou do Rio essa supremacia cultural, que hoje divide com São Paulo, não com Brasília. Os cariocas, usualmente irreverentes e bem-humorados, encarregam-se de bater os tambores da pátria, fazendo de sua cidade e de seus bairros as principais caixas de ressonância do Brasil. Nascidas na praia e depois levadas às novelas da televisão, especialmente à novela das oito, as novas palavras e expressões se espalham por todo o território nacional. A principal disseminadora é a TV Globo, como antes era a Rádio Nacional. Antes de vir para o Rio, de onde se alastrou para todos os Estados, periguete surgiu nos bairros de Salvador, na Bahia, que, por ser cidade eminentemente turística, sofre grande influência do inglês. Periguete formou-se da adaptação do português peri(go) e do inglês girl. Peri(gosa) girl, depois peri girl e por fim periguete. Para as mulheres, periguete é aquela piranha que olha para seu marido ou namorado, pronta a desfrutá-lo. E ela só o quer por um dia! Para os homens, a ancestral da periguete, moça bonita, de roupas, gestos e modos sensuais, foi antecipada nos versos de Chico Buarque, gravados também por Gal Costa, na voz de quem ficava mais convincente a transformação da mulher, que deixava de ser coisa para coisificar o homem: “Se acaso me quiseres,/ Sou dessas mulheres/ Que só dizem sim/ Por uma coisa à toa/ Uma noitada boa/ Um cinema ou botequim/ E, se tiveres renda/ Aceito uma prenda,/ Qualquer coisa assim.(...) Mas na manhã seguinte/ Não conta até vinte:/ Te afasta de mim,/ Pois já não vales nada,/ És página virada,/ Descartada do meu folhetim.” As Frenéticas deram outro colorido aos versos de Chico Buarque: “Eu sei que eu sou/ Bonita e gostosa/ E sei que você/ Me olha e me quer/ Eu sou uma fera/ De pele macia/ Cuidado garoto!/ Eu sou perigosa...” Ao contrário dos homens, a mulher, talvez por instinto materno, nela inarredável, quer proteger a vítima e reitera os avisos: “Eu tenho um veneno/ No doce da boca/ Eu tenho um demônio / Guardado no peito/ Eu tenho uma faca/ No brilho dos olhos/ Eu tenho uma louca/ Dentro de mim...” A perigosa tornou-se periguete. As palavras, como árvores e dentes, têm raízes. Algumas são muito profundas e é preciso pesquisar para encontrá-las. Desde meus verdes anos aplico-me a esse trabalho encantador! (xx) • Deonísio da Silva, escritor e professor, é Vice-reitor da Universidade Estácio de Sá, no Rio.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
LOTTE & ZWEIG, POR OSVALDO FÉLIX DA SILVA
O comentário que segue,de qualidade extraordinária, revelando um viés de todo singular sobre meu mais recente romance, Lotte & Zweig (Editora Leya, 2012), foi escrito pelo professor Osvaldo Félix da Silva. Seria egoísmo duplo, meu e dele, privar os leitores de tão sagazes, pertinentes e originais observações.
Osvaldo, ao contrário de tantos, é avesso a publicar o que acha dos livros que lê. Rompo essa sua idiossincracia e transcrevo nesse blogue o que ele achou do meu romance, como segue.
" Em face das diferenças e dos desencontros que espinham a narrativa de Lotte e Zweig, vejo no narrador as duas vertentes que norteiam o espírito criativo de seu autor: a de descobrir e a de encobrir. A descoberta em suas narrativas é consequência de um trabalho de investigação e pesquisa minuciosa, motivado, é bem possível, por sua formação acadêmica. O ato de encobrir decorre de seu trabalho artístico em colocar “sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia”
Torna-se instigante no romance como a especificação do pormenor institui a construção do discurso ficcional, uma vez que o autor estabelece nexos sucessivos que inserem a particularidade dos detalhes na abrangência do significado. Ao reviver os instantes finais do casal, o narrador mostra ao leitor que o que passa só ganha significado ao desvendar o que permanece. E o que permanece reflui sobre os pormenores e lança nova luz para sua compreensão. Assim, a vinculação da morte de Zweig a certos pormenores, como a Declaração, a autópsia feita às pressas por um médico sem qualificação devida, faz surgir o desenho de um modelo, típico das situações forjadas por interesses inescrupulosos.
Um exame estilístico que analisasse a perspectiva do narrador nos reportaria à palavra “conciliação”, porque as duas partes da narrativa abrem janelas a dois extremos. De um lado um espírito que reconhece que onde há história há conflito e que versões antagônicas apenas comprovam que contra fatos há, sim, argumentos; de outro uma visão que delega à imaginação a possibilidade de os acontecimentos contornarem a linha cíclica da história sombreando em claro-escuro os espaços deixados abertos pelos trabalhos de pesquisa.
O melhor da narrativa de Lotte e Zweig é o que fica no meio da história e da História: o modo do narrador ver a vida e o modo de dizê-lo no universo da ficção, modo esse que não obedece a uma relação mecânica de causa e efeito, e, por isso mesmo, expõe ao leitor a idéia de que toda mudança de olhar demanda um trabalho de decifração.
O humor do Deonísio, sua observação sobre certos pormenores do povo, na primeira parte, e as observações do investigador na segunda geram uma curiosa harmonia: o convívio com as diferenças acaba por engendrar uma fina e irônica conciliação entre as oposições. Uma certeza que despista, na primeira parte, e uma hipótese que não pode ser descartada, na segunda. Um humor com certo fundo melancólico une ambas.
Deonísio é um dos poucos autores da atualidade que sabe diferenciar perfeitamente humor de ironia. A ironia é o sorriso zombeteiro dos que se comprazem em dizer o inverso do que pensam, sem envolverem-se emocionalmente com o que dizem, nem com o que pensam. Já o humor sente e ressente a agonia dos contrastes. A angústia gerada pela reflexão do contraditório plasma a expressão humorística. O humor do Deonísio caminha por um mundo conformista, mas um mundo conformista sem modelo a que se conformar. Em Lotte & Zweig o suicídio não deixa de ser visto como um homicídio, e como tal precisa ter suas causas devidamente averiguadas. A morte do casal não é um fato contra o qual não há argumentos. O reconhecimento do fato consumado não pode negar ao homem o direito à discussão e à análise dos acontecimentos. O autor não aceita o fato como necessidade inelutável e não aceita como inapelável as circunstâncias oficiais que o formaram.
O modo como expõe suas idéias (seja em romances ou conferências) revela que o autor educou o seu olhar em determinados valores e modos de pensar que lhe permitiram um refinamento intelectual e deram à sua linguagem um tempero por vezes picante mas sem jamais extrapolar os limites da discrição. Um discurso aparentemente simples que sabe expor a substância da vida sem vesti-la com a plumagem sintética da erudição.(xx)
terça-feira, 10 de julho de 2012
MORREU O CARDEAL DOM EUGÊNIO SALLES
Morreu ontem o cardeal Dom Eugênio Salles. Soube por Victor Travancas, no meio da noite escura, quando escrevia um trecho do meu próximo livro, que terá Albertina Berkenbrock como personagem solar. Já está beatificada essa catarinense e será a primeira santa brasileira!
Dom Eugênio foi um grande homem, um extraordinário arcebispo, um cardeal que foi referência na Igreja e um "sacerdos in aeternum secundum ordinem Melquisedec", que levou a sério o seu ofício, sabendo que seguia as transcendências da fé, agradando a uns e contrariando a outros, pois nós, católicos, sabemos que nosso reino não é desse mundo e "omnia vanitas est" (tudo é vaidade). Um verdadeiro (ponto) cardeal, um eixo de portão, como diz a etimologia do nome e mais a comparaçao VENTUS CARDINALIS, vento principal.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
DR. JOÃO UCHOA MORREU HOJE ÀS 5H30 NO HOSPITAL
Dr. João Uchôa Cavalcanti Neto, fundador da Universidade Estácio de Sá, morreu hoje às 5h30 no hospital onde estava internado há algum tempo. Ele era meu amigo e eu o amava como a um pai. Sempre admirei muito sua intensa criatividade, nos livros como na universidade e na vida. Era sempre muito bom conversar com ele e eu aprendia muito em nossas conversas. Foi a seu convite que vim trabalhar na Universidade Estácio de Sá em 2003, onde estou desde então. Ele assistira a uma entrevista que eu dera a Edney Silvestre na Globonews, sobre um novo livro que eu estava lançando, e pediu a Marcelo Campos que me localizasse e o convidasse a vir conversar com ele. Vim, vi, fiquei! Quem me deu a notícia, com os sentimentos tão desarrumados como os meus, foi a Claudia Romano, minha amiga e colega na Universidade Estácio de Sá.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
OS LARANJAS E OS BANANAS
Márcio Cotrim afirma em O pulo do gato 3: o berço de palavras e expressões populares (Editora Geração Editorial, p. 123) que na Guerra do Vietnã “um herbicida de monstruosos efeitos era chamado de agente laranja por causa do tom de sua embalagem”. Foisua aplicação naquele conflito que teria gerado a expressão que conhecemos como “agente laranja”. Diz ele: “O agente laranja, com fumaça amarela, encobria os soldados, assim como o laranja atual encobre o verdadeiro autor de negócios escusos”.
Falta explicar os complexos caminhos que a expressão fez para entrar na língua portuguesa, sendo um dos mais prováveis o uso do mesmo agente, décadas depois, para devastações na floresta amazônica, amplamente denunciadas pela imprensa brasileira, que depois repercutiram também na mídia internacional.
Estas são amostras do contexto em que a expressão agente laranja, depois reduzido a apenas laranja, mudara de significado, passando a designar, não mais a substância armazenada em embalagem de cor amarela, mas uma pessoa que fazia as vezes de outra, a quem ocultava, como o agente laranja encobria os soldados. Não podendo ou não querendo apresentar-se defendendo a substância, a empresa contratara, a US$ 1.500 por dia, um cientista para fazer isso.
Esses são os indícios do nascedouro da expressão, depois largamente consagrada até consolidar-se na língua portuguesa. Atualmente, os laranjas estão na ordem do dia e, como de costume, revelam-se ou estão sendo revelados a contragosto na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que está investigando os crimes atribuídos a Carlos Augusto de Almeida Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira.
Pode ter havido, porém, importante mutação no laranjal. Há algum tempo estão aparecendo laranjas involuntários, cujo rendimento é pouco maior do que o salário mínimo, que não são cúmplices de crime nenhum, cujos nomes e dados bancários foram utilizados sem o conhecimento deles e por cujas contas bancárias, sem que eles soubessem, passaram milhões.
Neste segundo caso, eles foram tidos por outra fruta, a banana, abundante e barata, diferentemente da laranja, que é igualmente abundante, mas não barata. Veja o preço de um suco. De todo modo é abundante o número daqueles que ganham como teto o salário mínimo. Esses, porém, não foram tomados como pessoas frouxas ou sem energia, como querem os dicionários. O critério foi o preço vil com que seu trabalho involuntário é remunerado, pois foram pagos, não a preço de banana, mas uma quantia mais baixa ainda, zero.
Até lá a língua portuguesa, uma entidade viva e dinâmica, terá criado novas expressões que vão demorar a entrar para os dicionários. Não vão demorar tanto como antes, uma vez que os dicionários agora podem ser eletrônicos, e talvez demorem a ser esclarecidas ou nunca o sejam cabalmente.
PS – Agradeço a Ari Riboldi e a Cláudio Moreno as conversas que tive com eles sobre o tema.
terça-feira, 3 de julho de 2012
A INVEJA NA DIVINA COMÉDIA
A mais bela edição de A Divina Comédia, de Dante Alighieri, tem ilustrações de Gustave Doré. No livro famoso, os invejosos não vão para o Inferno, vão para o Purgatório. O castigo: pálpebras costuradas nos olhos por fios de metal. Nada vendo, não podiam mais invejar! Até o século XII não havia Purgatório, lugar de castigo inventado para dar uma solução às almas daqueles que emprestavam dinheiro a juros. Antes, iam para o Inferno. Mas agora haviam financiado igrejas, templos, catedrais, mosteiros, abadias, conventos. Era preciso salvá-los, mas não sem puni-los.
domingo, 1 de julho de 2012
FAZEMOS TUDO EM PORTUGUÊS!
O ensino de língua portuguesa poderia resolver alguns dos mais graves problemas brasileiros, se levássemos os alunos a gostar da língua portuguesa, afinal ela é a nossa mãe e é com ela que estudamos todas as outras matérias!
A primeira providência para melhorar o ensino, que precede qualquer reciclagem dos professores e de seus métodos, é garantir-lhes um salário que lhes permita viver com dignidade.
Até mesmo políticos egressos da universidade, que tanto falam em remunerar melhor o professor, deram poucas aulas quando lá estavam! Convém discerni-los daqueles que defendem há décadas a qualidade de ensino, sem usar essa bandeira para reivindicar cargo algum! Enquanto isso a maioria das universidades federais está em greve e as autoridades da República se comportam como se nada tivessem a ver com a situação, que é dramática!
O Brasil tem uma das oito melhores economias do mundo, mas seu ensino está travado há décadas em lugares incompatíveis com a sua pujança. Basta lembrar uma constatação do IBGE: 75% dos brasileiros alfabetizados não entendem o que leem. Mas por que tantos alunos deixam escolas e universidades sem saber ler?
O professor José Hildebrando Dacanal, mesmo vindo da área de Economia e de Literatura Brasileira – seu doutorado foi sobre Grande Sertão: Veredas, e é dele um dos melhores estudos sobre João Guimarães Rosa – se bate há décadas contra uma hegemonia de ensinar errado o Português nas escolas.
Suas conhecidas diatribes estão resumidas num livrinho precioso. É Linguagem, Poder e Ensino da Língua, agora em 5ª edição pela Editora Leitura XXI, com prefácio do igualmente professor e Doutor em Letras, Cláudio Moreno, integrante da equipe que na Universidade Estácio de Sá implantou um modelo de Língua Portuguesa à distância.
Um de seus parágrafos mais interessantes e mais polêmicos está na p.113: “Nos serviços de espionagem é fundamental – para cifrar e decifrar – reduzir uma língua, quando empregada em código, às suas estruturas elementares. Tanto para montar códigos quanto para decifrar os do inimigo, sempre através de jogos combinatórios constantes. É um jogo de gato e rato que a rapidez de processamento dos computadores tornou frenético.”
Dacanal acha que reduzir o ensino de línguas a isso é uma pobreza! Mas nem esse objetivo está sendo alcançado, quanto mais o de fazer com que os alunos sejam capazes de degustar um conto, uma crônica, uma poesia, um trecho de romance. Escritores referenciais foram banidos do convívio com os alunos!
Hoje, a maioria das escolas termina por onde um dia outras gerações começaram: ler e escrever corretamente, utilizando o domínio da norma culta para ascensão profissional e social, pelo menos.
A situação é alarmante, embora seja necessário reconhecer que está piorando menos de uns anos para cá. (xx)
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