NOME DE POBRE NO BRASIL

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

LÁ SE FOI MAIS UM FIM DO MUNDO

Meu livro A Placenta e o Caixão (Editora Leya) reúne seleção de crônicas que faço semanalmente, há trinta anos, para o jornal Primeira Página. O título lembra duas embalagens: numa viemos, noutra iremos. Deram outro livro, De onde vêm as palavras (Editora Novo Século, 16ª edição), as colunas que faço semanalmente para a revista CARAS. Talvez dê também um livro ou um cedê o programa Sem Papas na língua, que faço com os jornalistas Ricardo Boechat, Mariana Procópio, Jônatas Ferreira e Rodolfo Schneider, na Rádio Bandnews, às quintas-feiras, às 10h. Essa crônica semanal falada tem o apoio do editor Carlos Augusto Lacerda, com o seguinte bordão: “Sem papas na língua, com Deonísio da Silva, oferecimento Dicionários Caldas Aulete, onde você encontra escritas as palavras faladas aqui.” O programa já estava consolidado, Carlos Augusto e eu tomávamos um refresco de café num barzinho da Gávea quando inventamos a parceria que, pelo que nos diz a Band, está dando certo, pois a audiência vem crescendo. Aliás, eu mesmo constato isso, inclusive nos táxis que tomo. Há 30 mil táxis no Rio e muitos deles sintonizam a Bandnews. Nenhum pediu para desligar quando estava no ar Sem papas na língua, me dizem os motoristas. Faço-lhes pequena inconfidência. Adoro ouvir alunos, professores, colegas, mas também taxistas, porteiros, frentistas, garçons, chefs, maitres, donos de restaurantes, de botequins, de biroscas etc. O Brasil real passa por eles! No penúltimo de 2012, pedi que a trilha sonora fossem os versos d’A Moda do Fim do Mundo, de Rolando Boldrin. Afinal o tema nos rondou o tempo todo, porque, segundo a advertência de muitos, o calendário maia garantia o fim do mundo para este ano. Ricardo Boechat lembrou ao vivo que um ouvinte dissera que o Brasil não poderia realizar o fim do mundo, por não ter infraestrutura para um evento desse porte. Outro, que vive no Japão, disse que o fim do mundo aconteceria primeiro no Oriente. Então, que os brasileiros ficassem tranquilos: assim que o fim do mundo chegasse lá, ele avisaria como tinha sido. Ainda assim, alguns doidos se refugiaram em cavernas ou procuraram locais bem acima do nível do mar, onde vagas e ondas oceânicas não os alcançassem. Isto é, a verdade é aquilo em que você acredita. No ano de O fim do mundo que não houve, a frase do ano teve um palavrão que ganhou o mundo. Vada a bordo, cazzo! (Volte a bordo, caralho!), foi a ordem do comandante da Capitania do Porto de Livorno, o italiano Gregório di Falco, a outro italiano, o piloto Francesco Schettino, que abandonou o navio Costa Concordia, assim que ele adernou, no dia 13 de Janeiro de 2012! O socorro vinha sendo feito sem comando algum! Várias pessoas morreram afogadas. Faz cerca de 1800 anos que o astrônomo grego Cláudio Ptolomeu dividiu a hora em 60 partes, chamando cada uma delas pars minuta prima (primeira parte pequena), que virou minuto, depois dividida em pars minuta secunda (segunda parte pequena), que virou segundo. Para fazer isso, sele se baseou no círculo, que tem 360 graus. E assim, para que meses, semanas e dias de 2012 passassem, passaram também 8760 horas, com seus respectivos minutos e segundos. Contar daí pra frente já é coisa para a matemática, esse ramos das ciências ocultas, ou ao menos ocultas para mim, como as engenharias. Adeus, ano velho! Você está morrendo! Vai virar defunto. Defunctus quer dizer pronto em Latim. E todo defunto começa uma nova vida, como nos asseguram cristãos, espíritas, budistas, muçulmanos etc. (xx) *Escritor e professor, Doutor em Letras pela USP, membro da Academia Brasileira de Filologia, Vice-reitor da Universidade Estácio de Sá, no Rio.

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