NOME DE POBRE NO BRASIL
sábado, 31 de janeiro de 2015
67 PESSOAS SÃO DONAS DE MEIO MUNDO
Vi o filme “A Toupeira”, em Lisboa, quando ele foi lançado, em 2011. O romance em que foi baseado é “Funileiro Alfaiate Soldado Espião”. Publicado em 1974, é da autoria do escritor britânico John Le Carré, um professor universitário e diplomata que trabalhou no MI6, o serviço secreto inglês, cuja sigla quer dizer “Military Inteligence, section 6”.
Lá pelas tantas, o ator Gary Oldman, na pele do espião George Smiley, o mais emblemático dos personagens de Le Carré, diz que o fanático tem um ponto fraco: ele sabe que está enganado, mas não reconhece isso. O conceito aparece quando Smiley conta a um colega que um espião russo seu amigo foi torturado por americanos, perdeu as unhas de todos os dedos e voltou para a URSS com fama de traidor, sabendo que ao chegar sofreria muito mais e provavelmente acabaria fuzilado.
Corta para hoje. O livro mais lido do mundo atualmente é “O capitalismo do século XXI”, uma obra de economia e política, do autor francês Thomas Piketty. (No Brasil, perde apenas para o de Edir Macedo). A tese central é: o mundo deu uma virada. O capital rende muito mais do que o trabalho. Estão ficando incomensuravelmente mais ricos aqueles que vivem de rendimentos do capital.
Nem sempre foi assim. Desde o pós-guerra até a década de 1980, o crescimento da economia, produzido pelo trabalho, rendia mais do que o capital.
O mundo virou de tal modo que hoje 67 pessoas têm 1,72 trilhão de dólares, a mesma quantia que têm 3,5 bilhões de pessoas, isto é, metade da Humanidade.
É aí que entra o fanático. Neste janeiro de 2015, os gregos tornaram vitoriosa uma coligação de extrema esquerda e com isso colocaram um cavalo de troia em frente aos portões da zona do euro. É um presente de grego.
Resta saber quem são os fanáticos. Eles ou os europeus dominados pelos alemães! Na guerra em que os gregos venceram os troianos, o cavalo estava cheio de soldados.
E agora? Não sabemos. Muitos dizem que no Brasil a toupeira é a presidente Dilma! Marta Suplicy já pulou fora. Outros indicam que vão fazer o mesmo. (xx)
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
ETIMOLOGIA DE AFUNDAR,CÁTARO,GLIFO, LOBO MAU, PIRÂMIDE, TRUFA
Afundar: do mesmo étimo do Latim fundus, fundo, seja de mar, lagoa, rio, buraco, bolsa, bolso, recipiente etc., aplicando-se também a ordenações financeiras, como fundo de investimento, a fundo perdido e a sinônimo de realidade escondida (“no fundo, ele é uma boa pessoa”). Precedido de “a”, e com a terminação em “ar”, faz este verbo que designa ir para baixo, como acontece no mar em casos de naufrágios. Em 1943, já eram 36 os navios mercantes brasileiros afundados por submarinos alemães perto da costa catarinense durante a Segunda Guerra Mundial. Aliás, um destes submarinos, o U-513, foi recentemente localizado pelo velejador Vilfredo Schurmann. Foi levado a pique por um hidroavião americano no dia 19 de julho de 1943. O almirante Friedrich Guggenberger (1915-1988) e diversos outros oficiais foram salvos pelos próprios americanos, mas os corpos de 47 nazistas ainda estão no fundo do mar. Outro submarino alemão, o U-199, está no fundo do mar, nas proximidades da cidade do Rio de Janeiro.
Cátaro: do Grego katharós, sem mancha, puro, pelo Latim tardio catharus, designando uma seita surgida no séculoi XI na Panônia, na Hungria atual, composta de cristãos que precederam São Francisco de Assis (1881-1226) na defesa e na prática da pobreza. Eles habitavam a região de Albiga, hoje Albi, na França, e por isso foram chamados cátaros abigenses. Depois de sofrerem perseguições das mais cruéis da História, foram exterminados no século XIII. A denominação “cátaro” foi propositalmente misturada ao Alemão Ketzer, feiticeiro, adorador de gato, herege. Os cátaros eram muito ricos e, segundo narrativas medievais – históricas, umas; lendárias, outras - boa parte dos imensos tesouros que guardaram foram levados à Itália.
Glifo: do Grego glyphé, pictograma gravado em pedra, gravura, entalhe. Veio a designar sinais. É uma figura que dá um tipo de característica particular a uma figura. Neste sentido, são glifos os indicadores ordinais em forma circular postos ao ao lado dos números, à direita, no alto de cada um deles. Exemplos: 1º (primeiro, 2ª etc. São glifos também a arroba (@), as apas (“ “), o chevron (< >), a cerquilha, também chamada tralha e jogo da velha (#), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o ampersand (&), os dois pontos (, as reticências (...), o til (~), a barra (q), a barra invertida (\), o asterisco (*) etc.
Lobo Mau: do Latim lupus, lobo, e malus, mau, designando animal real ou lendário, presente em numerosos contos de fada, fábulas e outras narrativas muito populares. O mais popular é Lobo Mau da história Chapeuzinho Vermelho, cuja estreia literária dá-se em 1697 no livro do funcionário público francês aposentado Charles Perrault (1628-1703), Contos da mamãe gansa. O autor baseou-se em fato real: um lobo de 65 quilos que havia matado várias crianças e adolescentes no interior da França. E os lobos reais ainda continuaram o terror dos pequenos em muitas localidades, até que, uma vez dizimados, foram confinados às páginas dos contos de fada.
Pirâmide: do Egípcio pi-mar, pelo Grego pyramís, torta, bolo, de pyrós, grão. Desde os primeiros registros, esses famosos monumentos em forma de poliedros têm sido designados por comparação com gigantescos pães, tortas ou bolos. As pirâmides são o ponto mais alto dos cuidados dos antigos com os mortos. Certamente, as primeiras sepulturas tiveram duas funções: registrar o local onde foi enterrado o morto e proteger o cadáver da investida de ladrões, chacais e outros carniceiros. Foi o faraó Djoser (2670-2649 a.C.) o primeiro a erguer um sepulcro em forma de pirâmide com uma escada externa para que o morto possa subir até ao céu, para ficar junto ao deus Rá. No Vale de Gizé, a cerca de 25 km do Cairo, estão as pirâmides egípcias mais famosas: as que serviram de túmulo aos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos, todos do 3º milênio a.C.. Mas este tipo de construção foi encontrado também em muitos outros países, como também o Peru e o México.
Trufa: do Latim clássico tuber, tubérculo, pelo Latim vulgar tufera, depois truffa no Provençal e truffe no Francês. Designa fungo subterrâneo, de sabor e aroma agradáveis, e um bombom feito inteiramente de chocolate. Tem também o sentido de zombaria e troça, porque é em forma de trufa a bolinha que o palhaço põe na ponta do nariz com o fim de parecer engraçado. Pode ter havido associação com a dificuldade de encontrá-las, para cuja tarefa eram usados porcos (atualmente, os cachorros substituem os porcos porque os suínos comiam a maior parte do que encontravam), pois eles fuçam à procura delas, principalmente ao pé de carvalhos, álamos, aveleiras e salgueiros. As trufas podem ser brancas ou pretas, e provêm da Itália, da Itália, da Croácia, da Sérvia e da Eslovênia, os principais países exportadores. Como tempero, a trufa deixa o prato muito caro. Um simples risoto à parmigiana, se tiver frutas, chega a cerca de R$ 500 em restaurantes brasileiros.
DE
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
ALGARISMO, CONTAR, DÍGITO, ROMANO: DE ONDE VIERAM ESTAS PALAVRAS?
Algarismo: do Árabe alkharizm, do nome do célebre matemático e astrônomo Abu Jafar Muhammad Ibn Musa Al-Khwarizm (780-850), natural da localidade de Kharizm, designando cada um dos caracteres que representam os números de zero a nove. Ele foi para Bagdá, no atual Iraque, a convite do califa Abû al-`Abbâs al-Ma'mûn `Abd Allah ben Hârûn ar-Rachîd, mais conhecido por Al-Mamum (786-833), que em árabe quer dizer "aquele em quem se tem confiança, que é leal”. Esse califa queria reunir os sábios do mundo inteiro na capital de seu império, com vistas a fazer de seu reino um centro que contemplasse todos os saberes.
Contar: do Latim computare, cum, com, putare, julgar, relatar, considerar, donde reputação, de putus ou putum, de que são exemplos argentum putum, expressão aplicada ao dinheiro em prata pura, e putus, menino em Latim e ainda com o mesmo significado no Português de Portugal. Quando uma nova forma de contar e calcular chegou ao Ocidente, vinda do Árabe alkharizm, o Latim medieval adaptou a nova palavra para algorismus. Nas denominações da técnica e da arte de contar, não no sentido de narrar, mas no de fazer contas, houve influência das palavras gregas mathemátos, conhecimento, do verbo manthán, aprender, e de aritmós, número, donde aritmética.
Dígito: do Latim digitus, dedo, seja da mão, seja do pé, quer de homens, quer de animais. Como o homem usou o corpo para medir o mundo - dedo, mão, palmo, braço, braça, pé, passo etc – o dedo pode ter sido a base do sistema decimal. Os dedos tiveram e têm também nomes: pollex, polegar; index, indicador; medius, médio, o maior de todos os dedos da mão, mas chamado de médio por estar no meio dos cinco: era chamado também summus (mais alto) impudicus (impudico, obsceno), infamis (infame, isto é, de má fama); quartus (quarto dedo) honestus (honesto), anularis (anular, porque ali era posto o anel de noivado, representando a aliança) e minimus, mínimo, mindinho.
Esquina: provavelmente do Germânico skina, barrinha de madeira, metal ou osso, servindo de comparação com o Latim angulus. Assim, no encontro de uma rua com outra, dá-se uma esquina ou ângulo, semelhando encontro de ossos, de madeiras ou de metais em construções. Um exame atento aos algarismos indo-arábicos, assim chamados porque foram inventados na Índia e trazidos ao Ocidente pelos árabes, detecta nas formas originais com que foram escritos o número de esquinas ou ângulos em cada um deles. Assim, o número 1 tem um ângulo; o 2, dois; o 3, três, e assim sucessivamente, com exceção do zero, sem ângulo algum.
Galho: provavelmente do Latim galleus, isto é, à maneira de galla, galha, excrescência de algumas árvores, para designar as extensões das quais saem os ramos, onde, por sua vez, estão presos folhas, flores e frutos. É palavra de múltiplos significados, ensejando muitos sentidos, de que são exemplos: galho como chifre, daí migrando para designar o marido traído, pois galho ou corno não deveria estar na cabeça do marido e, sim, na cabeça do boi; galho como amor ilícito ou relação extraconjugal; afluente de rio; briga e confusão, pois nelas, à falta de armas ou pedaços de pau, um galho servia: donde quebrar um galho, isto é, resolver um problema, que pode ser também literal, pois na mata, para abrir picada ou caminho, é preciso quebrar galhos; pôr o galho dentro, isto é, retirar-se da confusão, da discórdia ou da polêmica, aceitando decisão contrária: neste caso o galho é posto dentro de casa, sentido que migrou também para outros significados, como aceitar uma relação que era galho da árvore do casamento, trazendo a moça para dentro de casa; balançar o galho da roseira, proferida com ironia para designar o ato de eliminar gazes, soltar uns traques, naturalmente de cheiro desagradável, sem o odor das rosas desprendidas do galho com a sacudida; um galho de arruda sob o travesseiro atrás da orelha para dar sorte.
Romano: do Latim romanus, de Roma, provavelmente adaptação do gótico hrôms, glória. Identifica algarismo em forma de letra e também um determinado tipo de caractere, além de ser referir a tudo que diz respeito a Roma e a seu famoso império, dono de quase todo o mundo conhecido até o século XV. Os algarismos romanos representavam os números com letras: I, V, X, L, C, D e M correspondiam a 1, 5, 10, 50, 100, 500, 1000. Os romanos não precisavam do zero porque não estavam interessados em cálculos e, sim, em determinar quantidades, contando animais, armas, objetos, soldados, pessoas. E durante muitos séculos toda a Europa, ignorando o zero, viveu muito bem sem ele. Mas a numeração romana persistiu nos nomes de papas, de reis, de séculos, de ruas, das horas nos relógios, dos capítulos de livros etc.
sábado, 24 de janeiro de 2015
BOI NA LINHA: A VACA TOSSIU E VAI PRO BREJO
A presidente Dilma garantiu que não mexeria em Férias, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, nem em hora extra: “Eu não mudo nem que a vaca tussa”. A promessa foi feita em 10 preciosos segundos: https://www.youtube.com/watch?v=J73sH0EI1Ig
A dupla Tião Carreiro e Pardinho faz divertidos comentários cantados sobre expressões nas quais aparecem bichos, de que é exemplo “matar a cobra e mostrar o pau”. São 22 segundos: https://www.youtube.com/watch?v=tz3Scg7NBpE
“Nem que a vaca tussa” designa impossibilidade. Mas a vaca tosse, dizem os veterinários! Orientada pelo marqueteiro João Santana, a presidente, então candidata, usou palavras e expressões que todo mundo entende. Os animais aparecem com frequência nas conversas. Outros exemplos são: “A vaca foi pro brejo”. Brejo é terra úmida, pantanosa, a vaca pode atolar-se, isto é, ir para o atol, lamaçal, de onde é difícil tirá-la. E lá ela mantém um “olhar de vaca atolada”. Parece de admiração, é que ela não pode fazer nada para sair dali. Outra: “Aonde a vaca vai, o boi vai atrás”. Não é verdade. Não é o boi, que já é animal castrado. É o touro.
Outra: “Chutar o balde” é ainda pior do que “chutar o pau da barraca”. No primeiro caso, derrama o leite ou, se o sujeito vai ser enforcado, enforca-se o cara de uma vez. Outra: “Pensando na morte da bezerra”. Esta é de origem hebraica: bezerros e bezerras eram oferecidos em sacrifício; havia casos em que as crianças eram apegadas a eles e choravam. Mas de nada adiantava.
Mais uma. “Tem boi na linha”. Designa atrapalho, obstáculo, dificuldade. Boi na linha era sério problema no Brasil quando Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, construiu, no Rio, a primeira estrada de ferro, inaugurada no dia 30 de abril de 1854. Não foram colocadas cercas nas laterais dos trilhos e por isso era comum que os bovinos atravessassem a linha ou até deitassem sobre os trilhos. A expressão passou a ser aplicada também a escutas indevidas na linha do telefone.
Quer dizer, os animais são eternos em nossas conversas. (xx)
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
LEITE DA MULHER AMADA OU DA MÃE AMADA?
No Brasil, deu-se tradução libidinosa a um vinho branco, meio doce, de garrafa azul, importado da Alemanha. É o “Liebfraumilch” (leite da mulher amada).
O nome é referência à “Liebfrauenstift Kirche” (Igreja de Nossa Senhora). “Milch”, em alemão antigo, é variante de “Minch” e “Monck”, monge. “Frau” é Senhora. E “Lieb” pode ser amada, bondosa, querida. Como se vê, o que era sagrado na Alemanha, virou profano no Brasil.
Leites impossíveis aparecem em outras expressões, de que é exemplo “beber leite de galinha”, antiga forma de designar coisa rara e preciosa, mas impossível de ser obtida. Foi registrada nas comédias “Os pássaros” e “As vespas”, peças do grego Aristófanes ( entre séc. V e IV a.C.).
Autores latinos, como Luciano e Petrônio, também mencionaram a raridade, mas Plínio, que cochilava e mentia mais do que Homero, atestou ter bebido leite de galinha, dizendo-o de gosto bom. Nas literaturas francesa, italiana e polonesa também encontramos essas impossibilidades.
No Brasil, vindo de Portugal, chegou outro leite impossível, o leite de pato. Trabalhar a leite de pato é fazer o serviço de graça, e jogar a leite de pato é jogar sem envolver dinheiro.
E o leite batizado? Antigos entregadores, aproveitando-se que o leite era gordo, misturavam-lhe água, fraudando aqueles a quem deveriam entregar leite puro. A expressão nasceu do gesto do padre, que, no batismo, derrama água sobre a cabeça da criança quando lhe administra o sacramento. Uma coisa santificada ajudou a designar atividade ilícita.
O leite está também no pedido “me dá um pingado”, em que há elipse da palavra “leite”. O que se quer é um café no qual seja pingado um pouco de leite, isto é, que tenha mais café do que leite.
Já esconder o leite é ocultar alguma coisa, como fazem as vacas durante a ordenha manual. Mãe amorosa, a vaca esconde o leite, que depois libera para o bezerro, condenado a ficar só com o apojo.
Leite da mulher amada é libidinoso. Mas da mãe amada, como sugere o original em alemão, não! (xx)
FUNDADOR DA NEWSWEEK TRABALHOU PARA A CIA NO BRASIL
Thomas John Cardell Martyn trabalhou para a CIA, na operação Mockingbird, cujo objetivo era influenciar a mídia no mundo inteiro.
Ele morreu em 1979 e está enterrado em Agrolândia (SC), localidade de apenas 9.000 habitantes. Foi o fundador da revista Newsweek, como está escrito em letras de metal no seu túmulo, ao lado da esposa catarinense Irmagard Stahanke. O número um circulou no dia 17 de fevereiro de 1933.
Com apenas sete fotografias, vendeu 50.000 exemplares. Mais tarde venderia 3,2 milhões, em 192 países.
Hoje suas edições impressas saem em Japonês, Coreano, Polonês, Árabe e Turco. Tem também uma edição internacional em Inglês, mas a edição americana é eletrônica.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
NEWSWEEK E UM MISTÉRIO NO CEMITÉRIO DE AGROLÂNDIA (SC)
Cemitério de Agrolândia (SC). Vida misteriosa do fundador da revista Newsweek, que morreu na cidade natal de sua segunda esposa, a agrolandense com quem ele se casou em São Paulo, em 1969, quando ela estava com 28 e ele com 53 anos. É só uma palhinha que dou aos meus amigos do Facebook. Antes de fundar a revista famosa, em 1933, ele era piloto e foi abatido na Primeira Guerra Mundial, quando perdeu a perna direita. Soube dele por matéria da CNN, feita pelo brasileiro Edson Bruno, em inglês. Está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=aCwOFB8F3XU
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
O BRASIL NÃO É MONOTEÍSTA, É HENOTEÍSTA
O Brasil integra a civilização ocidental cristã, que se diz monoteísta, mas acho interessante destacar esta miudeza: não somos monoteístas, pois temos muitos personagens ou pessoas tratados como deuses. Então, somos henoteístas.
As palavras “henoteísmo” e “henoteísta”, até então desconhecidas da maioria de nossos ouvintes da Bandnews, apareceram no dia 1º de janeiro de 2015, no programa SEM PAPAS NA LÍNGUA, criado pelo jornalista Ricardo Boechat, depois de uma entrevista que fez comigo nos idos de março de 2011. Se alguém quiser o áudio, é preciso baixá-lo no Google Drive: https://drive.google.com/file/d/0B_onW3GxIVpMdlRxV2paaFBIX3c/view?usp=sharing
Estas palavras, “henoteísmo” e “henoteísta” foram criadas pelo orientalista alemão Max Müller, falecido em 1900, aos 77 anos, quando estudava as três religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Elas têm um único deus, tido por supremo, mas não negam a existência de outros deuses.
Na linha dos saberes históricos e religiosos do professor alemão, voltou recentemente ao assunto a professora inglesa Francesca Stavrakopoulou, de 39 anos. Na série de televisão da BBC, “Os Segredos Enterrados da Bíblia”, apresentada em 2011, ela comprovou que Jeová era casado com uma deusa chamada Asherath, abandonada depois do cativeiro da Babilônia, quando também o episódio da expulsão de Adão e Eva foi deslocado do meio da Bíblia para o livro de abertura, o Gênesis. Era preciso fazer uma releitura, mostrando que era a mulher (Eva) quem tinha errado, não o homem (Adão).
Anjos, santos, santas e divindades afro-brasileiras evidenciam que somos henoteístas e não monoteístas, pois tais entidades são tratadas como deuses e deusas. Temos boas amostras desses cultos nos festejos de fim e de começo de cada ano. Não se pede a intercessão deles, pede-se a graça diretamente. Ou Iemanjá, mulher de Oxalá, mãe de Ogum e de Oxóssi, é intermediária de algum deus? (xx)
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
FOLHINHA COM DIAS PRETOS E VERMELHOS. POR QUÊ?
SEM PAPAS NA LÍNGUA DE 1/1/2015
https://www.youtube.com/watch?v=a23945btJYw
ETIMOLOGIA E CURIOSIDADES DOS CALENDÁRIOS
Nada de Michel Teló e assemelhados! Nosso primeiro programa do ano na Bandnews FM 94,9 começou música de Beethoven e letra de F. Schiller,a companhia de Ricardo Boechat e Maíra Gama, que me acham onde quer que eu esteja.
A "folhinha" remete às sibilas que escreviam em folhas de árvores as profecias do ano que começava. Feriados, domingos, e dias santificados têm a cor vermelha, remetendo ao Latim vermiculus, originalmente um verme de fornecia o pigmento para tingir as roupas dos nobres: civis religiosos, militares. Outro fornecedor era a púrpura, molusco de difícil captura. A caça e a pesca dos dois era proibida para que somente os poderosos tivessem acesso a essa cor. O cartão vermelho nos campos de futebol (proibição), o rubor nas faces (indicador de vergonha na cara, sentimento nobre-, os outros amarelam de medo...) e outros símbolos com essa cores nasceram aí.
O homem sempre olhou para cima, para o céu, de noite ou de dia, não apenas pelos fenômenos atmosféricos, mas porque foi originalmente coletor (de frutas: precisava saber as estações em que elas davam...), caçador (caçava à noite: noites claras, de Lua iluminando a mata, eram observadas com cuidado), agricultor, pecuarista. Precisava conhecer, medir, contar o tempo, pois a vida de todos era finita! Plantas, animais, pessoas envelheciam e morriam, cumprindo prazos para amadurecer, procriar, morrer....
Surgiram os calendários. Durante milênios, valeram outros, como os calendários egípcio, chinês, babilônico etc. Desde outubro de 1582, vale o GREGORIANO.
As formas de contar e medir o tempo sempre tiveram vinculações religiosas, mesmo depois que anos e meses foram cientificamente fixados. Ainda hoje notamos isso nas cores dos dias da folhinha, que marcam feriados (religiosos e civis).
O arcebispo irlandês James Usher (1581-1656) exagerou: baseado em estudos bíblicos, disse que o mundo foi criado no dia 23/10, uma sexta-feira, de 4004 a.C., às 9h da manhã.
O estudioso hebreu Dr. John Lightfoot (1602-1675), vice-chanceler da Universidade de Cambridge, construiu uma cronologia da história de genealogias bíblicas. Ele calculou que o mundo foi criado ao equinócio em setembro de 3298 A.C., à terceira hora do dia (9 da manhã).
Tivemos que esperar o século XX, quando Rutherford e Boltwood determinaram a idade de pedras e minerais a partir de medidas de decaimento radioativo. Eles encontraram idades de 500 milhões de anos a 1.64 bilhões anos. Trabalho subsequente encontrou amostras de pedra tão antigas quanto 4.3 bilhões anos.
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