NOME DE POBRE NO BRASIL
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
A ESPERANÇA, UM DOS MALES DA REPÚBLICA
A palavra república veio do Latim “res publica”, coisa pública. Os gregos usavam “politeia”: polis (cidade) governada por assembleia de cidadãos.
Nem tudo no Brasil atrasa! Algumas coisas são antecipadas. O golpe de Estado que proclamou a República estava planejado para acontecer no dia 20 de novembro de 1889.
Como era uma conspiração e o governo de Dom Pedro II descobriu a tempo, determinou a transferência dos líderes, a maioria deles maçons e militares, para províncias distantes. Os conspiradores souberam das intenções do imperador e o transferiram às pressas para o exílio, antecipando o golpe em cinco dias e cancelando as transferências. Afinal, ser transferido do Rio era um castigo!
Tragédias e farsas presidiram aquela proclamação. O líder militar do levante, o marechal Deodoro da Fonseca, era monarquista. Quando, a cavalo, proclamou a República, tinha sido tirado da cama há apenas algumas horas. Estava muito doente, com febre, tanto que morreu menos de dois anos depois. O povo assistiu abestalhado ao que acontecia, pensando tratar-se de um desfile em homenagem a alguém, talvez ao próprio Dom Pedro II.
Mas depois vieram as tragédias, algumas das quais persistem até hoje, sendo a da corrupção a mais grave. Afinal, se antes a república foi concebida como uma concessão dos militares ao povo, hoje é tida como uma concessão dos empresários ao povo. Por isso, o custo estratosférico das eleições! Ninguém sabe ao certo quanto custa uma eleição, mesmo porque algumas das verbas utilizadas são secretas.
Houve muitas lutas para consolidar o novo regime, sendo a de Canudos a mais retumbante, com milhares de mortos. Não fosse o talento do engenheiro e jornalista Euclides da Cunha, será que teríamos sabido direito o que aconteceu? Quem escreve, sempre faz falta quando não está. Foi assim também na Guerra do Paraguai, algumas décadas antes. O Visconde de Taunay estava lá para narrar a Retirada da Laguna.
O povo brasileiro tem esperança de que a República melhore. Um dos males da caixa de Pandora era a esperança, pois ela poderia enganar-nos sobre o futuro. Mas a deusa Pandora, depois de deixar escapar todos os males do mundo da caixinha que não deveria abrir, mas abriu, fechou a tempo de guardar a esperança ali dentro. (xx).
º da Academia Brasileira de Filologia, escritor, professor de videoaulas à distância na Estácio (RJ), colunista da Rádio Bandnews (RJ) e diretor-adjunto da Editora da Unisul (SC).
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