NOME DE POBRE NO BRASIL
domingo, 20 de julho de 2014
FILME INÉDITO DE WOODY ALLEN, DE GRAÇA, NA REDE
Filme inédito de Woody Allen, de 26 minutos, inédito (uma sátira deliciosa), feito para uma TV que nunca o transmitiu, está disponível de graça na rede, narrado em Inglês, com legendas em Italiano.
http://www.youtube.com/watch?v=1fnm7LVB3mY
sábado, 19 de julho de 2014
O QUE CONTAM AS MOEDAS: DO TOSTÃO AO REAL
Para muitos, o real não tem plural. Dizem “dois real, cinco real, dez real” etc.
Mas o plural do real antigo, que existiu de Dom Manuel a Getúlio Vargas, que o substituiu pelo cruzeiro, era pronunciado direitinho: réis. Em 1994, depois de mudar de nome seis vezes, o cruzeiro voltou a ser real, no governo de Fernando Henrique Cardoso, mas o plural “réis” desapareceu
A moeda mais popular, porém, foi o tostão, presente em numerosas expressões para designar pouco dinheiro, ao lado do vintém, e no lema da campanha do presidente Jânio Quadros, “o homem do tostão contra o milhão”.
Tostão deriva da palavra italiana “testone”, cabeça grande. O primeiro “testone” era de prata e trazia a efígie do príncipe Galeazzo Maria Sforza, Duque de Milão.
Sforza era um mecenas, mas também um homem devasso e cruel. Trazia moças para desvirginá-las em seu palácio, mandou matar de fome um padre que previu para ele um reinado curto, e ameaçou matar um caçador se não engolisse inteiras, com couro, patas e tudo, as lebres que havia caçado.
Por que um sujeito violento, desumano e tarado tinha interesse em financiar o trabalho de um artista e cientista como Leonardo Da Vinci, então? A família Sforza enriqueceu com o comércio, tornou-se burguesa e viu no mecenato o caminho mais curto para alcançar o status de nobre.
Alguns restos de contas a pagar, porém, poderiam resultar em vinganças inauditas. E o primeiro poderoso a aparecer no “testone” morreu assassinado aos 32 anos.
Quem o matou não foi Visconti, cuja irmã ele desvirginara; nem o republicano Olgiati, cujo ódio era ideológico; foi Lampugnani, que tinha disputas de terra com a vítima. Ele ajoelhou-se diante do príncipe e, depois de algumas palavras, levantou-se e deu-lhe punhaladas mortais na virilha e nas costas.
As moedas falam. Mas para isso é preciso pesquisar sua história. (xx)
º escritor e professor, da Academia Brasileira de Filologia, diretor da Editora da Unisul.
terça-feira, 15 de julho de 2014
POR QUE NÃO TE CALAS, FELIPÃO?
Publicado no Diário Catarinense,12 de julho de 2014
Prest' atenção, Felipão! Dinheiro e anúncios não melhoram a educação de ninguém, se a pessoa não estuda! Ao menos, então, dê-nos o conforto de seu silêncio, se você não tem explicação para o desastre. Pois, exceto a CBF, todos sabemos que de futebol você entende cada vez menos.
Com a demissão anunciada pelo catarinense Delfim Peixoto, novo vice-presidente da CBF, o treinador, que acumula um fracasso atrás do outro no último lustro, culminando com a tragédia da seleção na Copa de 2014, ignorou que Santa Catarina tem cinco taças nacionais e disse: “Santa Catarina nunca ganhou nada”. Com a exceção de que ganhou, sim, alguma coisa, mas porque ele a obrou!
Cuspindo no prato que comeu, em vez de agradecer aos catarinenses e com eles celebrar a vitória memorável de 1991, quando o Criciúma foi campeão nacional e ele era o técnico, depois de receber um clube organizado, que lhe pagou regiamente pelos serviços prestado, e de herdar um time bem montado, ele agora, confiando na falta de memória de todos, diz que fez tudo sozinho.
Quando ele vence com um time de Santa Catarina, é porque fez tudo sozinho. Quando fracassa com a seleção, como agora, é porque dá apagão em todos, menos nele!
Além do cacófato - aqui no Rio se diz que "falou "m**da" - e da arrogância habituais, ao brigar com um cartola, não precisava atacar o Estado e ainda revelar sua ignorância das coisas nacionais.
Santa Catarina tem três clubes na Série A, dois na Série B, dois na Série D e cinco na Copa do Brasil. Tudo obra de Felipão, certamente, que no princípio fez um dos estados mais bonitos do Brasil, com bons indicadores na economia, na cultura, na educação etc.
E vendo que tudo isso era bom, depois de ter criado também o céu e a terra, enterrou a seleção brasileira a 7 palmos de fundura e descansou no 7º dia.
Mas nós não descansamos dele. A cada dia, diz novas bobagens. (xx)
º Escritor e professor universitário catarinense, Prêmio Internacional casa de Las Américas, autor de 34 livros, alguns publicados também no exterior.
sábado, 12 de julho de 2014
MEU TIO ERA FILHO ÚNICO
MEU TIO ERA FILHO ÚNICO E NENHUM DE NÓS MORREU
Deonísio da Silva º
É de madrugada, mas já levantei. Ele está na sala e fuma um palheiro. Abriu a janela para a fumaça ir embora, como ele fez há mais de vinte anos.
Se pudesse, estaria lá fora, como sempre fez, olhando a criação que acordava com ele: o gado, os porcos, as galinhas. E os pássaros, sempre alegres ao amanhecer e sem preocupações, ao contrário dele, com muitos filhos para criar.
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A mãe e ele sempre foram impelidos pelas recomendações do padre a ter os filhos que Deus mandava. Assim, viveram grandes apreensões, e as alegrias se tornaram ainda mais bissextas do que os anos.
Ele me olha enquanto leio o jornal. Foi ele o primeiro a plantar em mim o gosto de começar e terminar o dia lendo: a Bíblia, o almanaque da farmácia, o anuário católico, uma bula para melhor entender um remédio e, um domingo por mês, o jornal mensal que o padre do lugar distribuía na sacristia aos interessados.
Foi nesse jornal que um dia ele leu um anúncio de terras e decidiu mudar-se de Santa Catarina para o Paraná, uma ideia entretanto já lançada pelos irmãos que tinham vindo antes, sem saberem de anúncio nenhum.
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“O meu filho não perdeu o costume”, ele disse calmo e sorridente, como quase sempre. Talvez por serem tantos filhos, comigo só falava na terceira pessoa. Numa das alucinações da adolescência, cheguei a pensar que era filho do meu tio. Depois ouvi uma frase muito engraçada: meu tio era filho único.
“Você sempre leu muito, parece que foi o que te salvou do meu destino”, ele disse, “este passo adiante, que eu não pude dar”. “Mas deu outros”, eu disse. “Quais? Vacilar tanto antes das decisões a tomar? Não fazer nada quando achava que não havia o que fazer? O meu filho é diferente. Quando não houve o que fazer, o meu filho inventou”.
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Lembramos suas frases e agora rimos juntos: “se dá de fazer, se faz; se não dá, não se faz”.
A memória brota sempre! É por isso que ele e eu temos mais este ponto em comum: nenhum de nós morreu. (xx).
º escritor e professor, da Academia Brasileira de Filologia, diretor-adjunto da Editora da Unisul.
terça-feira, 8 de julho de 2014
BRASIL É HUMILHADO PELA ALEMANHA NA COPA DO MUNDO: 7 X 1
Por tristes que estejamos, seria um retrocesso o campeão ser o nosso time! A Alemanha fez grande partida, deu uma aula de futebol. Aprendamos humildemente com os europeus o que um dia lhes ensinamos e esquecemos! Felipão fracassou em todos os últimos times que dirigiu. E agora afundou o Brasil!
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Na vida se perde ou se ganha. A gente aprende com as derrotas. Às vezes a vitória só nos engana!
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Texto duro, mas verdadeiro, do jornal alemão Die Welt (O Mundo; na verdade, A Mundo, porque mundo é feminino em Alemão).
Brasilien geht gegen Deutschland 1:7 unter. (Brasil perde para a Alemanha por 7 x 1). Das Ausmaß des Debakels übersteigt jede Vorstellungskraft (Desastre desta magnitude é incompreensível), die Spieler wird die Schande ein Leben lang begleiten (os jogadores vão levar essa vergonha por toda a vida). Schuld ist vor allem Trainer Scolari (a culpa é principalmente do treinador Scolari).
POR QUE A ALEMANHA TEM BRANCO NO UNIFORME, SE ESTA COR NÃO ESTÁ NA BANDEIRA?
Por que o branco no uniforme da Alemanha? Saudades de um cáiser?
A bandeira do país ao tempo do Império Alemão, em 1908, quando a seleção foi constituída, tinha branco, vermelho e preto. Em 1919, o amarelo substituiu o branco. Os nazistas trouxeram de volta o branco para a bandeira. Agora a bandeira tem amarelo, preto e vermelho, mas não branco! Mas a seleção alemã mantém o branco.
O azul da seleção da Itália, cor da casa de Saboia, não está na bandeira, mas está no uniforme da seleção. A bandeira da Holanda tem vermelho, azul e branco. Mas a seleção usa a cor laranja, homenagem ao príncipe de Orange, Guilherme I.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
AS SOBREVIVÊNCIAS DE CARPINEJAR
http://www.jornalpp.com.br/colunista/item/64605-as-sobrevivencias-de-carpinejar
Muita gente chorando no Brasil atual? Ou só na seleção brasileira? Podemos pensar em exportar barris de lágrimas para melhorar nossas divisas?
Estou lendo o novo livro de Fabrício Carpinejar, “Me ajude a chorar” (Editora Bertrand, 155 páginas). Ele abdicou do prenome do autor e assina apenas Carpinejar.
O livro do filho foi um presente do pai, o poeta Carlos Nejar, em recente encontro aqui no Rio. Que pai pode dar um livro que o filho escreveu? Certo dia ganhei de Clara Ramos um exemplar de edição especial de “Vidas Secas”, um dos livros referenciais do pai, Graciliano Ramos. E do outro filho, Ricardo Ramos, ganhei um de “São Bernardo”, depois de dizer-lhe que este era, de todos os livros do pai deles, o meu preferido.
Diz Carpinejar na quarta capa: “Sobrevivi à traição de amigos. Sobrevivi a quatro separações. Sobrevivi ao distanciamento de meus dois irmãos amados”.
Sei que o trecho selecionado foi bela escolha. Mas eu teria tomado outro, não de “A maior tragédia de nossas vidas”, texto publicado logo após aquela mortandade terrível de 242 pessoas numa boate de Santa Maria (RS), na madrugada de 27 de janeiro de 2013, igualmente crônica antológica, que li na primeira página do jornal “O Globo”, que a transcreveu do perfil do poeta no Facebook.
Comporia a quarta capa com trechos comoventes e bem escritos de “Ninar”, em que o cronista revela ter sua mãe sussurrado que ele era seu filho favorito e que ele não pretendia contar a seus irmãos porque esses também não lhe contaram que eram os favoritos dela.
Nejar, mais comovido do que de costume, me dá dois presentes: este, do filho, e “A vida secreta dos gabirus”, dele, com “orelhas” de um outro escritor que muito admiro, Vicente Cecim, de Belém do Pará.
Que mundo bonito o de autores, livros e leitores! E que voltas a vida dá! (xx)
º Da Academia Brasileira de Filologia, escritor e professor, autor de 34 livros. Está publicado em Portugal, Cuba, Itália, Alemanha, Suécia etc. Os mais recentes são “Lotte & Zweig”
quinta-feira, 3 de julho de 2014
O IDIOMA DO FUTEBOL, O Globo (3/2014, p. 21)
Cronistas esportivos vêm dando impressionante contribuição à língua portuguesa
Na Copa de 62, enfrentando a Inglaterra, Garrincha disse a Didi: “O São Cristóvão está de uniforme novo.” Confundindo uma festa religiosa com a garantia constitucional do habeas corpus, o goleiro Manga declarou aos jornalistas: “O homem disse que, se me suspenderem, ele entra com um Corpus Christi.” Ao lado de tais frases lendárias, temos essas de Armando Nogueira: “Nem tudo o que cai na rede é peixe. Às vezes é frango.”
Cronistas esportivos, notadamente os de futebol, vêm dando impressionante contribuição à língua portuguesa, e não apenas com o anedotário do futebol, esporte que para os brasileiros não é o mesmo que é para o resto do mundo. Entre nós, o futebol ganha transcendências impressionantes e se espalha por outros campos, em velocidade e proporções extraordinárias.
A vitória tem de ser total, absoluta. Ser vice ou ficar em último dá no mesmo, como lembrou José Maria Marin, presidente da CBF, em entrevista ao GLOBO.
Tivemos duas grandes derrotas para o Uruguai. Numa delas perdemos parte do território nacional, na Guerra Cisplatina, em 1828, mas nossa força militar foi perdoada rapidamente. A seleção brasileira perdeu a Copa de 1950. Foi condenada para sempre.
Muitas frases do futebol são lendárias, mas outras podem ser comprovadas por meio de registros ouvidos, lidos e vistos, e muitas delas migraram do futebol para a vida cotidiana, de que são exemplos: fazer o meio de campo (encarregar-se de organizar algo); bater na trave (quase acertar); dar bola (dar atenção); entrar de sola (ser bruto, indelicado); ser freguês (ter insucesso constante; claro: é o freguês que sempre paga!); pendurar as chuteiras (aposentar-se); pisar na bola (atrapalhar-se); tirar o time de campo (desistir).
O futebol é uma invenção inglesa e por isso cedemos a neologismos do inglês, depois adaptados para o português, como football, match, shoot e goalkeeper, que viraram futebol, partida, chute e goleiro. E algumas foram inventadas, como arquibaldo e geraldino.
Outras expressões têm berço mais curioso. “Barba, cabelo e bigode” não veio das barbearias. Veio de quando no mesmo ano eram disputadas as séries infantojuvenil (os jogadores tinham cabelo, mas não tinham barba ainda), a de aspirantes (os jogadores já tinham barba, mas não tinham bigode) e a profissional (os jogadores tinham bigode, quando este era moda para os adultos).
“Bola pro mato que o jogo é de campeonato” não é sempre literal. Vem do tempo em que havia uma única bola em jogo. Se ela demorasse a voltar, o time pressionado tinha um certo alívio. Mas o mato podia ser um rio, uma lagoa etc.
Abreviações espontâneas foram surgindo. Em Maraca, em vez de Maracanã, dá-se o mesmo processo de profe para professor ou professora. Também o técnico é chamado de professor, ainda que jamais de profe.
Palavras e expressões, mesmo quando lendárias, influenciam muito a nossa vida.
Deonísio da Silva é escritor e professor
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/o-idioma-do-futebol-13113217#ixzz36Ph8wTpu
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quarta-feira, 2 de julho de 2014
QUE SERA, SERA, COM DORIS DAY
http://www.youtube.com/watch?v=xZbKHDPPrrc&list=RDxZbKHDPPrrc
When I was just a little girl
I asked my mother, what will I be
Will I be pretty, will I be rich
Here's what she said to me.
Que Sera, Sera,
Whatever will be, will be
The future's not ours, to see
Que Sera, Sera
What will be, will be.
When I was young, I fell in love
I asked my sweetheart what lies ahead
Will we have rainbows, day after day
Here's what my sweetheart said.
Que Sera, Sera,
Whatever will be, will be
The future's not ours, to see
Que Sera, Sera
What will be, will be.
Now I have children of my own
They ask their mother, what will I be
Will I be handsome, will I be rich
I tell them tenderly.
Que Sera, Sera,
Whatever will be, will be
The future's not ours, to see
Que Sera, Sera
What will be, will be.
Link: http://www.vagalume.com.br/corinne-bailey-rae/que-sera-sera.html#ixzz36InIUrL0
terça-feira, 1 de julho de 2014
1º OLHO DE GATO ; 2º O AVIÃO CONCORDE
Gosto de dirigir sozinho: penso, canto, falo alto, experimento a sonoridade de versos e frases. Mas nunca cheguei a inventar nada. Certa noite, um solteirão inglês que trabalhava na conservação das estradas, em noite escura, viu que os faróis de seu carro se refletiam nos olhos de um gato. Inventou o olho de gato, cujo design foi eleito o melhor do século XX em 2011. Em segundo lugar, ficou o avião Concorde.
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