NOME DE POBRE NO BRASIL

sábado, 19 de maio de 2012

AUDI, CHEVROLET, HONDA: POR QUE ESSES NOMES?

Nomes de família identificam numerosos carros, camionetes e caminhões mundo afora. Lembrei isso a um taciturno motorista português em Lisboa, no Natal passado. Ele me parecia sorumbático e entristecido pela crise que se abatera sobre Portugal e resolvi distraí-lo um pouco perguntando-lhe se ele sabia por que razão seu carro se chamava Mercedes. “Alguma identificação todos os carros haverão de ter”, ele me disse, naquela objetividade bem portuguesa, “e ao meu tocou Mercedes”. Concordei, mas fiz nova pergunta, sorrindo, manifestando meu interesse em apenas conversarmos um pouquinho sobre um assunto que não fosse obviamente o Natal. Ruas e praças estavam quase às escuras para economizar energia, não brilhavam nas lojas as tradicionais luzes que as enfeitam em festas de fim de ano, e dias antes a estatal de eletricidade, uma das joias da economia portuguesa, havia sido vendida aos chineses. Os portugueses estavam aborrecidos com as medidas baixadas por Angela Merkel, a poderosa chanceler alemã, ainda que o presidente da Comunidade dos Países Europeus fosse e ainda seja o português José Manuel Durão Barroso, a quem me coube saudar quando ele recebeu o título de Doutor Honoris Causa na Universidade Estácio de Sá, em 2010. Ele me olhou de soslaio, também um modo bem português de confiar desconfiando do gajo ao lado, quando lhe disse que seu carro tinha aquele nome porque um alemão chamado Emil Jellinek dera aos automóveis o nome de sua filha, Mercedes. O nome pegou tão bem que foi adotado mais tarde pela Daimler-Benz. “Nome de mulher”, completei, “só podia trazer sorte, como de fato trouxe”. “Trouxe mais a quem vende”, acrescentou ele. “Sim, mas vendem um carro bom, que dura bastante, é seguro, veloz”. Ele pareceu concordar. Olhei ao redor para buscar novo assunto. Ele dava mostras de interesse, mas a tristeza o impedia de prosseguir mais animado. “Esse aí a seu lado é um é um Toyota”, prossegui. “Era para ser Toyoda, sobrenome do fundador da marca, mas o “d” foi transformado em “t” para facilitar a pronúncia. Aqui a meu lado está um Honda. Poderia ser Soichiro e talvez poucos o comprassem, mas Soichiro Honda escolheu o sobrenome. Há muitos carros com nome de pessoa. Louis Chevrolet homenageia o piloto de corridas e amigo do fundador da companhia. Já Henry Ford pôs seu sobrenome nos carros que fabricou. Volvo e Audi são verbos latinos. Volvo quer dizer “eu volto” e Audi, “ouça”. Um carro muito popular no Brasil, o Fusca, era o carinhoso apelido de Volkswagen, carro do povo, em alemão. E Agile, em italiano, é o que se move ligeiro e com desenvoltura. E, a bordo da Mercedes dele, chegáramos a um dos poucos restaurantes abertos na noite da consoada, como os portugueses chamam a noite de Natal. (xx)

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