NOME DE POBRE NO BRASIL

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

ARQUIDUQUESA DA ÁUSTRIA MORREU POBRE NO SUL Deonísio da Silva
A arquiduquesa Maria Antonia da Áustria, da mesma estirpe da princesa Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, e de Sissi, a imperatriz, vivia de recolher sobras de restaurantes do Mercado Público, em Porto Alegre (RS), quando morreu, aos 78 anos, em 1977. Sua vida começara em Zagreb, hoje capital da Croácia, onde nascera em 1899. Quando eu fazia o mestrado na UFGRS, encontrava vários amigos nos mesmos lugares por onde andava a arquiduquesa, nos arredores da Rua da Praia, cujo nome guarda a memória das águas do Rio Guaíba que um dia a banharam: o promotor de Justiça e poeta Carlos Verzoni Nejar, hoje da Academia Brasileira de Letras; o poeta Mário Quintana; o romancista Josué Guimarães; os professores Guilhermino César, Sergius Gonzaga, Voltaire Schilling, Joaquim José Felizardo. Nós nada sabíamos dela. Mas havia alguém que sabia e tinha sido seu colega de pensão na década de 50. Era um menino que tinha vindo de Antônio Prado (RS) para estudar no prestigioso Colégio Júlio de Castilhos. O menino tornou-se piloto da VARIG, depois formou-se em Medicina e hoje é também um escritor dos bons. Seu nome: Franklin Cunha. Na pensão de Abel e Júlia Rubinatto, no número 980 da Avenida Independência, onde hoje está um Banco, teve como vizinhos de quarto a arquiduquesa da Áustria e seu último marido, Don Luis Fernando Perez Sucre. Ela o desposara em 1942, no Uruguai, para onde, já viúva, emigrara com os cinco filhos de sobrenomes Orlandis (do pai) y Habsburgo (da mãe). Há aqueles que pensam que a riqueza, a fortuna e o dinheiro não têm fim. O viés etimológico de Fortuna, que era uma das deusas da antiga Roma, presidindo ao bem e ao mal, já nos deixa desconfiados de que as fronteiras da sorte e do azar são móveis. Fortuna tem o mesmo étimo de forte, conforto, desconforto, fortuito e infortúnio, entre outras palavras. PS. Mais no livro de Franklin Cunha, Uma arquiduquesa imperial entre nós. Porto Alegre, Editora Pradense, 2013.

2 comentários:

  1. Conheci a Arquiduquesa quando eu trabalhava do First National City Bank of New York, na Rua 7 de Setembro em Porto Alegre (anos 1960), no Depto. de Câmbio.
    Ela ia lá, não lembro bem, mas creio que cambiar dólares em cruzeiros nossa moeda na época [em ordens de pagamento].
    Sempre fumando, muito educada, olhos claros, às vezes mal trajada.
    Falava que seu esposo tinha sido acionista, não lembro se da empresa do Canal de Suez, ou do Panamá.

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    1. Apresentei um TCC sobre a Arquiduquesa e gostaria de receber algumas informações sobre ela.

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