NOME DE POBRE NO BRASIL
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
PROPINA E GORJETA
Nem todas as palavras novas sobrevivem. Algumas morrem de mortalidade infantil. Outras vivem para sempre e algumas morrem de velhice, jazendo nos dicionários até que alguém as ressuscite...
Lembram-se de "tchuchuca"? Está morta e enterrada. Mas PATRICINHA e MAURICINHO - jovens de cuidados excessivamente formais no comportamento, sobretudo no modo de vestir-se - estão consolidadas nos dicionários.
PROPINA surgiu do Latim vulgar falado em Portugal na Idade Média. Sua origem é "pro" (para) + o Grego "pinein" (beber), os populares gole, trago, molhar a garganta etc. No Português dos primeiros séculos do segundo milênio, designava a taberna, estabelecimento que vendia bebidas alcoólicas e petiscos como queijo, linguiça, ovos, peixe etc. A bodega vendia mais coisas.
Para alertar as mulheres virtuosas, as PROPINAS frequentadas por prostitutas tinham um RAMO VERDE fixado na porta. Por isso, RAMEIRA tornou-se sinônimo de meretriz, mulher de má vida etc. Este contexto deu à palavra PROPINA um sentido pejorativo: a quantia paga para o prestador do serviço era suficiente para tomar um trago ou fazer uma boquinha naquele tipo de estabelecimento. Até aí, tudo bem. Mas o expediente passou a ser utilizado, não mais como GORJETA. palavra que veio do étimo "gurg", que formou garganta, daí "molhar a garganta", depois "molhar a ão", e , sim, como suborno para o prestador de serviço ilícito.
Mas em Portugal, PROPINA designa taxa de algum serviço público, especialmente matrícula em escolas e universidades.
Por fim, o povo pergunta pelo dicionário, pois tradicionalmente havia apenas um, no singular, mas agora há muitos em uso. No Brasil, entre os mais consultados estão o AURÉLIO, O AULETE, O HOUAISS, O MICHAELIS E O PORTO EDITORA.
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