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domingo, 22 de dezembro de 2013
A MAGIA DO NÚMERO TRÊS
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Muito a comemorar em 2013, vésperas de 2014
Escrito por (*) Deonísio da Silva
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O ano que ora finda tem o número três no final. A soma dos algarismos ali presentes dá seis. O ano que vai começar tem o número quatro no final. E a soma dá sete. Logo virão sofisticadas conclusões e previsões tendo por base a magia do sete.
Os mais antigos registros dão conta de que a Humanidade sempre teve a preocupação de designar e quantificar o mundo em que vive. E sempre deu um ar mágico às contas, como fazem os governos nos orçamentos, talvez inspirados pela matemática, que fala em quadrado mágico, e, quem sabe, também em Roberto Carlos e em Chico Buarque, algozes dos biógrafos. Roberto garante que “dois e dois são cinco”. Chico assegura que “ele era mil/ tu és nenhum”.
Voltemos, porém, ao três, que está na Santíssima Trindade, em terra, mar e ar, nos três lados do triângulo e, por falar nisso, em diversas relações amorosas refletidas na novela das oito, que é apresentada depois das nove, aliás, um múltiplo de três.
O número três, repleto de símbolos e magias, foi um avanço considerável na arte de contar. Até o surgimento do três, a Humanidade só expressava o singular, o par e o plural, sem esmiuçá-los.
E também não abstraía nada, ainda quando os conjuntos tivessem mais do que o par. Assim, as quatro patas de um animal, os cinco dedos da mão, os dez dedos que as duas formam, os vinte dedos do corpo humano, contados no total, todos esses conjuntos só valiam para o que designavam: as patas e os dedos. O conceito não migrava dali para designar dez pássaros, vinte peixes, cinco porcos-do-mato etc.
Três veio do latim tres, de uma raiz indo-europea que forneceu o mesmo étimo para numerosas outras línguas, de que são exemplos tres, em espanhol; tre, em Italiano; trois, em Francês; three, em Inglês; drei, em Alemão.
A etimologia do três esclarece complexas sutilezas desses números em todas as línguas e ajuda-nos a entender o conceito que está na base dessa evolução, que começou com o um, o par e o plural, e, a partir do três, chegou ao googol, nome que o matemático Edward Kasner deu, em 1938, ao maior número que ele inventou, acolhendo sugestão de seu sobrinho Milton Sirotta, então um menino de oito anos. O pessoal do Google, o mais conhecido sistema de buscas na web, inspirou-se nesse número para criar a empresa.
Mas o número três vai mais além e está no Francês très, designando intensidade máxima: très riche, para o ricaço; très mauvais, para o muito mau. Ligada ao três está também a raiz latina trans, muito presente em palavras do Português: trânsito, transação, transexual, transgredir, transgênico, transmissor, tresler etc. O Francês troupeau (tropa, rebanho) também tem a mesma raiz etimológica do três, como é também o caso do Italiano troppo (excessivo).
Todavia o próximo ano é o do dois, do zero, do um e do quatro, que somados aos outros ali presentes dá sete, revestindo de magia o novo ano.
(*) Escritor, colunista da Bandnews, professor (aposentado) da UFSCar (SP) e consultor das universidades Estácio (RJ) e Unisul (SC). Autor de 34 livros, entre os quais De onde vêm as palavras (17ª edição). www.lexikon.com.br
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