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domingo, 11 de dezembro de 2016

O POEMA "INSTANTES" NÃO É DE BORGES

"Que outros se orgulhem do que escreveram, eu me orgulho do que li". Estas frases são de Jorge Luís Borges. Mas na internet fazem o seguinte: trocam autores, atribuem a conhecidos escritores obras que eles não escreveram etc. E assim aparecem textos de qualidade sofrível e outros até bem escritos, cuja autoria nem sempre é possível de ser rastreada. Enfim, o luxo e lixo convivem. Na semana passada, todo dia era anunciada uma entrevista de Sérgio Moro. Curiosamente um destes informes chegou a meu e-mail acompanhado, por acaso, da carta de despedida do Prêmio Nobel García Márquez, falecido em 2014, aos 87 anos. GGM nunca escreveu a tal carta, e ninguém sabe, ao que eu saiba, que é seu autor. Sabe-se até que Fidel Castro fazia revisão de originais de García Márquez, aliás... Mas 'INSTANTES' não é de Borges!
Quem me perguntou foi Mariângela Luna, minha amiga há décadas, acho que ela estudava ainda no Pequeno Polegar quando a conheci, tanto tempo faz, protegida, como sempre, por Bete Calligaris, esposa do Jorginho, Jorge Brennand Jr. Mari, como a chamamos, dedica atenção especial a autores & livros, partilha preciosas dias de leitura e está sempre atenta à Galáxia Gutenberg. Muito citado, este poema é atribuído a Jorge Luís Borges, a Nadine Stair e a outros mais. Seu verdadeiro autor talvez seja o americano Don Herold, falecido em 1966, aos 77 anos, e autor de quase vinte livros. Diz num dos trechos: “Se eu pudesse novamente viver a minha vida,/ na próxima trataria de cometer mais erros./ Não tentaria ser tão perfeito,/ relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido". O poema é ruinzinho, me desculpem aí aqueles que gostam dos versos, impossível serem de Borges, cujos escritos são marcados por sofisticadas reflexões filosóficas. Numa das estrofes é dito inclusive que se o poeta vivesse outra vez, tomaria menos banho. Borges faleceu em 1986, aos 86 anos. Tudo o que ele escreveu, está publicado, a menos que sua viúva, Maria Kodama, hoje com 79 anos, nos informe algo inédito, pois é ela quem ficou com tudo o que era de Borges. E por que "Instantes", cujo titulo em inglês é outro, foi atribuído a Borges? Por uma sucessão de erros, quem citava ia repetindo o anterior e assim por diante.

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