NOME DE POBRE NO BRASIL
sexta-feira, 8 de maio de 2015
MÃO INGLESA E MÃO FRANCESA
Na mão francesa, os automóveis circulam pela direita e têm o volante e os pedais do freio e da embreagem no lado esquerdo, e a alavanca de troca de marchas à direita. Na mão inglesa, dá-se o contrário: dirige-se pela esquerda, os comandos estão no lado direito, e a alavanca fica à esquerda.
Quem fez os primeiros caminhos foram os bichos. Muitas estradas foram construídas sobre seus rastros na costa de mares, lagos, lagoas e rios, nossos primeiros e naturais caminhos.
Quando o homem domesticou os primeiros bichos – isto é, trouxe-os para conviver com ele, dentro ou perto da domus, casa – uma das preocupações foram os caminhos.
Engenheiro que se tornou jornalista e escritor, Euclides da Cunha escreveu em “Os Sertões” um dos mais belos parágrafos sobre a relação entre o homem e o cavalo: “O sertanejo é antes de tudo um forte (...). Que lhe antolhem quebradas, acervos de pedras, coivaras, matas de espinhos ou barrancas de ribeirões, nada lhe impede de encalçar o garrote desgarrado, porque, por onde passa o boi, passa o cavaleiro com o seu cavalo.”
O engenheiro descreveu uma cena em que boi, cavalo e cavaleiro dispensam a estrada, mas estradas e ruas, e o modo de circular por elas, sempre foram indicadores de civilização.
Os antigos romanos construíram a “via”, de terra, depois “via strata”, isto é, calçada de pedras. Muitas delas ainda existem, inclusive a maior, de 3.000 km, ligando a Bélgica à Rússia.
Quando se encontravam, cada qual escolhia o lado esquerdo, pois a maioria era de destros e assim podiam manejar melhor a espada.
O cavalo, a espada e Napoleão estão na origem do costume de se andar à direita ou à esquerda. O imperador dos franceses era canhoto! E mudou de mão ruas e estradas. França e Inglaterra estavam, como sempre, em guerra.
Os ingleses desenhavam um dedo indicador numa tabuleta, ou recortado em madeira, para indicar o sentido da rua.
No mundo inteiro predominou a mão francesa, andar pelo lado direito. A Inglaterra é teimosa e continua à esquerda. (xx)
• Escritor e professor aposentado da UFSCar, é autor de 34 livros, alguns publicados também em outros países. Trabalha nas universidades Estácio de Sá e Unisul.
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Deonísio, adorei o texto. Tive uma égua crioula - Manchinha - que era canhota. Teimava em andar pela esquerda em qualquer estrada ou caminho. Ela uma emérita tocadora de gado. Mas teimava em cercá-lo pela esquerda o que se constituía numa encrenca para mim. Soubesse eu, á época que Napoleão era canhoto não a recriminaria tanto!
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