NOME DE POBRE NO BRASIL

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

106 ANOS DA MORTE DE MACHADO DE ASSIS NA RÁDIO BANDNEWS FM 94,90

Com Pollyanna Bretas, hoje na Rádio Bandnews FM 94,90, no PITADAS DO DEONÍSIO Há 106 anos, nesse dia, 29/9/1908, às 3h30 da madrugada morria, de câncer na boca, na Rua Cosme Velho, 18, o maior escritor brasileiro de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis. Preto (num país escravocrata!), pobre, órfão, gago, epiléptico, sem curso superior e sem jamais ter-se formado em coisa nenhuma, casado com uma portuguesa mais velha do que ele, que partira quatro anos antes, Machado morreu sem filhos para não transmitir a epilepsia. 2) Sua grande figura de linguagem foi a ironia, palavra de origem grega, que veio do Latim para o Português, e significa "perguntar fingindo ignorância, mostrar o avesso para que se veja o direito, dizer o contrário do que se está pensando". 3) Eis belo exemplo da IRONIA de Machado ao tratar da Abolição da Escravatura em crônica publicada alguns dias depois: "Houve sol, e grande sol, naquele domingo de 1888, em que o Senado votou a lei, que a regente ( a princesa Isabel) sancionou, e todos saímos à rua. Sim, também eu saí à rua, eu o mais encolhido dos caramujos, também eu entrei no préstito, em carruagem aberta (...) Verdadeiramente, foi o único dia de delírio que me lembra ter visto." Se fosse hoje, a lei não seria votada. Os parlamentares trabalham de terça a quinta-feira... 4) Depois, em outra crônica, ele conta a história de um patrão que alforria seu escravo, um moleque chamado Pancrácio, ANTES da ABOLIÇÃO. E faz um jantar para entregar-lhe a Carta de Alforria. No outro dia, pergunta se o escravo, agora liberto, quer ir embora ou ficar. Oferece seis contos por ano e ele fica. Mas sem casa, comida e sem roupa lavada. Isto é, vai ganhar menos do que antes. E no dia seguinte apanha do patrão, com o fim de não ser abolido o costume... 5) Outros escritores também debocharam da Lei. Aluísio Azevedo, no final de O Cortiço, mostra João Romão recebendo uma comissão de abolicionistas que vêm homenageá-lo em casa. Momentos antes, sua escrava e amante, Bertoleza, se sucidara na cozinha, ao saber que a carta de alforria pela qual pagara com o trabalho gratuito de muitos anos, era falsa!

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