NOME DE POBRE NO BRASIL

sábado, 11 de abril de 2015

O CORNO, O PADRE DEVASSO E OUTRAS HISTÓRIAS

A história me foi resumida pela escritora Anna Maria Ribeiro, que vem a ser – adoro este “vem a ser” de nossa delicada língua portuguesa – sobrinha de Lúcia Miguel Pereira, uma das mais qualificadas estudiosas da obra de Machado de Assis, de quem foi biógrafa, e do historiador Octávio Tarquínio de Souza, marido de Lúcia. Seus tios morreram em famoso desastre de avião, ocorrido no dia 22 de dezembro de 1959, às 13h40, em Ramos, um bairro da zona norte do Rio, por erro de Eduardo da Silva Pereira, piloto da FAB, que tinha apenas 19 horas de voo. Ele descia em parafuso num Fokker quando atingiu um Viscount da VASP, que se preparava para pousar no Aeroporto do Galeão. Desgovernado, o avião da FAB, já sem o comandante, que saltara de paraquedas, caiu sobre uma casa no Morro do Alemão, causando apenas ferimentos leves numa dona de casa. Estavam no avião da VASP 32 pessoas, das quais morreram 31, salvando-se apenas um dos tripulantes. O total de mortos foi, porém, 42, pois dez morreram em terra. Morreu neste voo trágico, além dos tios de Anna Maria Ribeiro, também o repórter da revista O Cruzeiro, Luciano Coutinho, que voltava de Brasília, para onde viajara com a missão de cobrir o primeiro baile de debutantes da nova capital federal. Ele morreu no desastre, mas os negativos e as anotações da reportagem foram salvos, e a matéria foi publicada na edição de 15/01/1960 da famosa revista.
Anna Maria Ribeiro, antes da história do padre devasso, me contou também a crônica “Segura o corno!”, inusitada história de um general da repressão pós-64 que exigiu a presença de insólitas testemunhas para flagrar o adultério de sua jovem mulher. Conta a escritora, hoje com 85 anos, que Padre Antônio Feijó, regente do Brasil imperial, costumava fazer retiros espirituais numa fazenda. Por coincidência, ali morava uma prima jovem, bonita e solteira, que ganhava um nenê exatos nove meses depois de cada um destes retiros. E foram vários esses recolhimentos. Narrar é viver e reviver. (xx)

Um comentário:

  1. Deonísio, escritora?! Eu?! Quem me dera. Só conto histórias. Este título dado por você é coisa de mostrar aos netos. Lembro-me das manchetes como esta publicada por você. Se não me engano no mesmo desastre morreu o Cabejo. Dias antes do Natal a devastação em nossa família foi terrível Mas um lindo fato ocorreu. Lucia e Octávio não eram casados. Ainda não havia o divorcio e ele continuava legalmente casado com a escultura Maria Martins, sua primeira mulher. Lucia e Octávio viviam juntos há anos. Um casal perfeito e muito feliz. Quando do enterro uma tristeza: não poderiam ser enterrados no mesmo tumulo.no São João Batista. Segundo a religião nada os ligava. Logo eles tão felizes e companheiros. O Padre Secondi, sei lá eu como, conseguiu esta autorização e muito mais que isto: ao encomendar os corpos nos emocionou a todos quando declarou que se Cristo considerava existente o batismo de sangue com certeza aceitava e abençoava o casamento de sangue e foi assim que para todo o sempre casados num abençoado matrimônio estavam Lúcia e Octávio.

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