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sábado, 25 de abril de 2015

ETIMOLOGIA, COLUNA Nº 1.120, CARAS, 24 de abril de 2015

Arabesco: do Italiano arabésco, designando estilo de decoração das manifestações artísticas árabes, marcadas pelo entrecruzamento de linhas, ramagens e flores, sejam entalhados em pedra ou madeira, pintados, desenhados ou impressos, sem a figura humana, porque a arte islâmica não admite sua representação. Tornou-se também sinônimo de rascunho e rabisco. Canônico: do Grego kanonikós, pelo Latim canonicus, derivados, respectivamente, de kánon, originalmente haste de junco utilizada para medir, depois régua usada nas construções, consolidando-se como regra e modelo, significados mantidos no Latim canon, conjunto de coisas aceitas, como é o caso de cristãos santificados oficialmente e por isso ditos canonizados, isto é, postos no cânone. Como aconteceu com tantas outras palavras, cânone e canônico tiveram significado e sentido alterados por influência do cristianismo, de que são exemplos os quatro evangelhos canônicos – de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João -, escolhidos dentre os cerca de quarenta existentes, impostos a partir do século IV, pela aliança então criada entre o império romano e os bispos, as mais altas autoridades cristãs do período. Entardecer: de tarde, do Latim tarde, lentamente, do mesmo étimo de tardare, demorar, e de retardatus retardado, aquele que demorou a crescer ou a desenvolver-se, sobretudo mentalmente. Entardecer designa os momentos que antecedem o pôr do sol, por volta das 18h, a hora do ângelus, assim chamada porque os sinos tocam as ave-marias, badaladas que lembram o início da gravidez de Maria, resumida em começo de frase extraída do Evangelho de Lucas, contando o diálogo entre o arcanjo Gabriel e a adolescente Maria, no entardecer do dia 25 de março do ano I de nossa era, na Galileia: “Angelus Domini nuntiavit Mariae” (O anjo do Senhor anunciou a Maria). O jornalista, romancista e poeta paraibano José Nêumanne Pinto (63), cujo estilo, na prosa como na poesia, é marcado por extrema correção com a língua portuguesa, tratou de outro viés do entardecer no poema Às cinco da tarde: “Entre o toureiro e a praça/ Firmam um pacto / Os patos e os tontos./ Entre o toureiro e a areia/ Tocam os sinos/ O dobre dos santos./ Entre o touro e a praça/ Dançam os sãos /A dança dos doidos”. Sumo: com o significado de suco, vem do Grego zomós, pelo Latim sucus e daí ao Latim vulgar hispânico zumu, de onde chegou ao Português. Já com o significado de supremo, o mais elevado, procede o Latim summus, como em sumo sacerdote e sumo pontífice, duas expressões surgidas nas narrativas cristãs, alterando, no segundo caso, a designação pontifex maximus, o cargo mais elevado entre os sacerdotes romanos pagãos, designando aquele que ia à frente do colegiado religioso nos desfiles e cerimônias públicas, cabendo-lhe a fiscalização para que os ritos fossem realizados conforme prescritos. Também os judeus tinham seu sumo sacerdote, que se chamava Caifás (século I) e presidiu a sessão do sinédrio, o supremo tribunal religioso, cujos poderes eram imensos, que condenou Jesus (? 6 a.C. – 27) por blasfêmia e o entregou ao governador da Judeia, Pôncio Pilatos (século I), que o condenou à morte por sedição. Um: do Latim unus, designando apenas o numeral no primeiro milênio, e com sentido artístico a partir do segundo milênio. Os antigos romanos representavam os números numa forma que ainda hoje prevalece, mas restrita a algumas funções, como em século I, capitulo II, seção III etc., mas depois que os árabes trouxeram os algarismos hindus para o Ocidente, predominaram os números árabes ou arábicos, cuja representação foi feita originalmente na Índia a partir dos ângulos que continham e só depois foram estilizados na forma com a qual se consolidaram: 1, 2, 3 etc., respectivamente com um ângulo, dois ângulos, três ângulos. Quem trouxe os números hindus para os países árabes, de onde se espalharam por toda a Europa, foi o sábio persa Abu Jafar Moahmed Ibn Musa (século IX), natural de Al-Kharizm, localidade do Ubezquistão, que, ainda criança, emigrou para Bagdá, no atual Iraque, acompanhando os pais. Xingamento: de xingar, do Quimbundo xinga, blasfemar, insultar, ofender, designando agressão verbal, em que frequentemente os animais são igualmente ofendidos quando invocados para ilustrar o que se quer criticar: anta, toupeira e burro, dirigidos a quem é falto de inteligência; gambá, para o bêbado; gato e rato, para ladrões; cobra, especialmente cascavéis e jararacas, para pessoas malévolas.

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