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sexta-feira, 18 de abril de 2014

SEMANA SANTA: CURIOSIDADES QUE DURAM DOIS MILÊNIOS

Semana Santa! Belezas trágicas estão presentes nesse curto período, mas também muita confusão. A maioria do que as pessoas sabem, dizem e sentem sobre a Semana Santa não procede do que leram, mas do que viram e ouviram, uma vez que a forma de transmitir esses ensinamentos privilegiou durante milênios ouvir e ver. A Bíblia foi proibida por 16 séculos! Apenas depois de Martinho Lutero (século XV) é que sua leitura é popularizada, graças a nova tecnologia: a invenção da imprensa por Gutenberg. Mas nem todas as traduções foram feitas do original ou foram fiéis ao original. Diante de povos pouco instruídos, a Igreja católica usou a escultura, a pintura, o teatro e a música para transmitir os ensinamentos. Os maiores exemplos disso foram o Barroco e o Renascimento.
A primeira Semana Santa teve lugar no século I. Começou num domingo (Domingo de Ramos), que a esse tempo é chamado “Dies Solis” (Dia do Sol). O último jantar (ceia) tornou-se A Última Ceia, na quinta-feira. Não sabemos se Jesus comeu alguma coisa antes de ser crucificado no dia seguinte. Na cruz, é dito que ele teve sede, mas não se diz que teve fome! A última ceia tornou-se mais conhecida pelo famoso quadro de Leonardo Da Vinci do que pelo que dela dizem os Evangelhos! Os nomes de várias pessoas tornaram-se substantivos comuns e passaram a significar outras coisas, ligadas à história e às narrativas lendárias dos supostos acontecimentos, como judas (traidor), madalena (arrependida), herodes (infanticida); verônica (toalha com a imagem ensanguentada de Jesus, ainda hoje guardada como relíquia na Basílica de São Pedro, em Roma) etc. Alguns desses nomes foram parar em expressões: “de herodes a pilatos” (de um lugar a outro, de uma pessoa a outra, sem que a decisão seja tomada); “como Pilatos no credo” (não deveria estar onde está); “onde judas perdeu as botas” (lugar distante); “dar uma de são-tomé” (só acreditar depois de ver, como fez o apóstolo).
Judas passou a designar o traidor. E depois do beijo dele até esse gesto carinhoso ganhou outro significado. Os primeiros evangelhos foram escritos em Grego, a língua dos cultos, dos comerciantes, dos endinheirados, não no rude Latim de soldados, camponeses e criadores de ovelhas e cabras. Seus autores queriam conquistar primeiramente as pessoas influentes, depois a plebe. Para que o cristianismo se tornasse a religião oficial do Império Romano, foram escolhidos e adaptados quatro dentre as centenas de evangelhos em circulação. Aliás, Pilatos entra no Credo, para absolver os romanos e fazer recair a morte de Jesus, um assassinato de Estado, nas costas dos judeus, inimigos de Roma. Nem sempre Judas é designado traidor. Em alguma das versões é usada a palavra grega “paradidimós”, desistente. Depois de 2006, quando foi encontrado o Evangelho de Judas, em que o suicida conta a sua versão dos trágicos eventos, seu perfil mudou muito. Em resumo, faz dois milênios que estudamos a Semana Santa e ainda há mais a pesquisar. (xx).

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